Tons de Cinzento
Queixamo-nos da sociedade porque ela nos mete em "categorias" mas depois somos nós os primeiros a entrar nesta classificação.
Cada vez aceitamos menos o "cinzento". Se a opinião do João é diferente da da Maria está um necessáriamente certo e o outro necessariamente errado.
Se algo não nos agrada tentamos apagá-lo: seja isso num filme, numa obra de arte ou das fotografias tiradas com aquela pessoa que nos fez tão felizes numa altura mas que, simplesmente, seguiu a sua vida. Como se "apagar" as aprendizagens do passado nos trouxesse alguma coisa de novo.
E fazemo-lo com a certeza de que a razão está do nosso lado. Como poderia ser de outra maneira?
Especialmente porque nos adaptamos tão depressa às coisas: ainda ontem eramos #stayathome e agora já somos #outracoisaqualquer...
Precisamos de aceitar que a sociedade somos nós: eu e tu!
Somos nós que a compomos e cabe-nos a nós agir como queremos que ela seja e não esperar que ela mude só para nos agradar. Se não gosto ou não quero algo para mim devo assumi-lo e não esconder ou fazer as coisas "à calada" ou atrás de um computador.
Viver em sociedade é ser responsável pelo que somos e pelo que sentimos e posso assegurar-te que por muito difícil que seja é mais fácil do colocar a "culpa" de tudo nos outros...
Se não concordamos com algo devemos exprimir essa discordância mas com respeito e à escuta.
E se começassemos já por aceitar que todos somos boas e más pessoas, dependendo das circunstâncias em que nos encontramos e perante quem estamos.
Que todos temos qualidades e defeitos e, devido a isso, só podemos ser mais "ricos" (e desculpem lá a se a expressão ofende algum "anticapitalista" que possuí um IPhone 9) .
Por mais tons de cinzento e por menos preto e branco. É que na busca de uma justiça que nos parece ser o caminho certo estamos a tornar-nos tão, ou mais, intolerantes do que aqueles que criticamos...
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