A nossa vida na Cidade dos Leões têm sido marcada por dizer "Adeus".
Adeus às nossas famílias de cada vez que voltamos para cá ou que são eles a partir, de adeus aqueles com quem partilhamos a nossa vida e que tem saído da cidade pouco a pouco.
A vida é mesmo assim me dirão vocês (e é absolutamente verdade) mas admito que enquanto sorriu e felicito sinceramente a pessoa pelo novo capitulo que vai começar a escrever, estou a controlar o meu coraçãozinho que se serra um bocadinho mais de cada vez que um até breve se anuncia.
Um adeus é sempre um adeus e, enquanto somos mais jovens (ou não temos filhos "às costas") acabamos por estar disponíveis para mais um jantar, mais um café ou mais uma saída à noite o que, a defeito de termos amigos daqueles à séria, nos dá a impressão de não estarmos sozinhos.
Infelizmente o ritmo de vida, as responsabilidades, as distâncias físicas e um certo individualismo disfarçado de um "eu chego-me bem a mim mesmo" protetor (mas realmente falso) fazem com que, quanto mais sentimos necessidade de uma rede de apoio mais nos sentimos sozinhos e isolados. Dizem que é preciso uma aldeia para educar uma criança mas olhamos à volta, vemos muita gente mas mais sozinhos do que nunca.
Por estes dias uma colega de trabalho ligou-me. Se quando cheguei ao hospital a achava insuportável, ao longo dos anos, da sorte (há mais de 6 anos que é o meu "binómio" nos fins de semana) e da minha detestável mania de dar segundas oportunidades tornou-se uma presença constante e assídua na minha vida.
Pelo nascimento do meu filho foi não só de uma ajuda enorme a nível material (todos os recém papás sabem o jeito que dá quando alguém nos cede o material de puericultura que já não precisa) mas também com conselhos e escuta (o que se diga de passagem é raro, a maior parte de nós limita-se a fazer um sinal afirmativo com a cabeça e a fingir que ouve ou então a fazer um comentário qualquer para rematar rapidamente o assunto).
Numa altura em que, sem experiência nenhuma nisto da maternidade e a sentir-me uma verdadeira idiota no assunto, mas com um orgulho tão desmesurado que me fazia ter vergonha em confessar os meus medos e fingir que tudo está bem o tempo todo, foi a primeira pessoa com quem me senti à vontade para falar. Dois filhos com menos de 16 meses de diferença e um adolescente fruto do primeiro casamento do marido davam-lhe alguma credibilidade aos meus olhos
E foi das raras pessoas que me soube realmente fazer perceber que tinha armas suficientes para lidar com as coisas mas que o primeiro passo era aceitar a minha vulnerabilidade e imperfeição mostrando-me que os problemas podem ser mais pequenos do que parecem e que as fraquezas podem tornar-se forças ao longo do tempo.
Neste telefonema que me fez acabou por me anunciar a sua partida iminente. De há alguns anos para cá estavam cada vez mais envolvidos em projetos de voluntariado na paróquia que frequentam mas desta vez concretizarão o sonho de uma vida: partir em missão humanitária em família, uma experiência e tanto para o casal e os dois filhos.
Não posso deixar de lhes tirar o chapéu e de usar uma expressão grosseira mas tão verdadeira "é preciso tê-los no sítio"! Sobretudo tendo eu própria explorado essa possibilidade há alguns anos atrás sem, no entanto, estar suficientemente motivada para passar da fase de procura de informação, tanto a coisa me parecia exigente!
Acredito sinceramente que cada um de nós tem uma missão nesta vida e que eles vão seguramente viver uma das deles. Sinto honra e orgulho no quanto acreditam neste projeto e sobretudo no quanto se estão a preparar emocionalmente para este embate que segundo as suas próprias palavras "trarão momentos muito duros para nós e para os miúdos".
E é esta coragem de aceitar a vulnerabilidade que me vai fazer falta, assim como a força, a confiança, a energia e a positividade de tantos daqueles que vimos sair do pé de nós ao longo destes anos.
E a questão que se impõe: será que algum dia será a nossa vez de partir ou a nossa missão de vida é mesmo por aqui? Acredito que estamos sempre onde devemos estar por isso vamos esperar para ver...
Se os sucessivos confinamentos serviram para alguma coisa foi para aumentar o volume de compras feitas online.
Plataformas como a Amazon cresceram exponencialmente ao longo dos últimos dois anos e, com as mudanças que fomos interiorizando, tenho algumas dificuldades em acreditar que a tendência se altere nos próximos tempos.
Pessoalmente, apesar de ter alguma curiosidade, sempre fui reticente a comprar online. Entre outras coisas porque gosto de ver o produto na mão, aprecio o conselho do funcionário e o facto de saber que a minha compra mantém um posto de trabalho de alguém que eu estou a ver ali há minha frente.
No entanto, tal como muitos de vocês, as compras online entraram definitivavemente na minha vida ao longo deste último ano.
As vantagens que sou obrigada a reconhecer-lhes é que compro melhor (sim, sim... sou daquelas que compra mais facilmente por impulso numa loja e quanto mais cheia, pior já que o meu desejo mais intimo é sair dali), há mais escolha e produtos para todos os gostos e reconheçamos que os preços são, por vezes, mais convidativos.
No entanto, comprar online exige o cumprimento de algumas regrinhas e é sobre elas que vos quero falar hoje. Espero que gostem e que partilhem aquela amiga ou amigo que não pára de fazer disparates online.
- Verificar a confiabilidade do vendedor:
Normalmente os sites mais conhecidos não oferecem grandes riscos no momento da compra mas existem pequenos sites ou mesmo páginas de facebook que podem ser um bocadinho menos "cumpridores".
O que vos aconselho é tentarem informar-se via google sobre a empresa em questão ou terem alguma atenção aos comentários nas redes sociais. Se tudo estiver correto, ótimo mas se vocês não estiverem seguros melhor deixar para lá afinal não vão morrer por falta daquela peça.
- Ter em atenção às políticas de trocas:
Um outro problema relacionado com as compras online é a política de trocas.
Por exemplo, no que diz respeito a roupa as marcas de fast-fashion ou de empresas com muito nome no mercado, existe facilidade na troca mas deve sempre fazer-se atenção às despesas com o reenvio (se é a cargo do vendedor, do comprador e a que preço) e às condições de troca.
Em caso de lojas mais pequenas nada como perguntar diretamente ao vendedor qual o funcionamento com as trocas o que vos permitirá também de verificar a sua reatividade;
- Reenviar o que não serve ou está em mau estado nos devidos prazos:
Ainda relacionado com as trocas, precisamos ter em atenção o tempo de que dispomos para reenviar o que não serve ou reclamar do que está em mau estado.
Se voltar aos correios para reenviar aquilo que não nos interessa pode ser mesmo muito chato, ficar com objetos ou roupas parados em casa e dinheiro empatado é ainda pior!
- Ter em atenção as fotos, as informações e as opiniões sobre os artigos:
Quando escolhemos comprar algo online devemos sempre ter em atenção as fotos apresentadas, as informações que são dadas (composição, conselhos de utilização ou de lavagem...) e as opiniões de quem comprou o artigo.
Estes pequenos passos podem ajudar-vos na hora de escolher algo que realmente vos agrade e não ter de ir ao correio reenviar o já receberam...
- Ter em atenção os prazos de entregas:
Olhar sempre para o prazo de entrega prevista, a disponibilidade e a proveniência dos artigos é fundamental para termos uma ideia de quando ele estará connosco e se vale a pena comprar ou não tendo em conta a nossa própria urgência em recebê-lo.
- Pagamentos Seguros:
A fiabilidade do site é importante na hora de pagar. Por isso tenham alguns cuidados e desconfiem sempre que algo vos parecer estranho. Em caso de dúvidas um cartão virtual pode ser uma solução e um seguro de cartão de crédito pode também não ser uma má ideia;
- Fazer um print-screen do ecrã de "pagamento aceite":
Normalmente quando o nosso pagamento foi realizado com sucesso somos redireccionados para uma página que nos informa dos dados da encomenda. Apesar de recebermos quase sempre um mail com essa mesma informação prefiro sempre fazer um print-screen dessa página como prova de compra caso haja algum problema com o email ou com o pagamento em si;
- Acumular compras:
Esta dica é um bocadinho pessoal e nem sempre funciona mas, sempre que possível, acumulo compras na mesma plataforma. Isso permite-me poupar nos portes de envio e no transporte da minha encomenda;
- Ao mínimo sinal de problema com a entrega ou a encomenda entrar imediatamente em contacto com o apoio a cliente:
E isso deve ser feito imediatamente ao momento da receção, com fotos em apoio e, em momento algum, devemos aceitar quando nos dizem para ligarmos nós para a transportadora sem a intervenção do vendedor.
- Prever as despesas alfandegarias:
A não esquecer que artigos que vem de fora da UE podem estar sujeitos a despesas alfandegárias, algumas delas extra. Por isso, e para evitar dissabores, prevejam essa possibilidade e pensem sempre se aquele artigo daquela proveniencia é assim tão vital ou se podemos passar com outra coisa!
E por aí quais as vossas dicas para realizar boas compras online? São mais team online ou team loja?
Escutar é algo que está ao alcance de muitos de nós. No entanto cada vez mais nos limitamos a reconhecer e a reagir ao som que nos chega seja porque nos sentimos vulneráveis com as más emoções do outro seja porque temos mais mil coisas na cabeça.
No entanto quando alguém nos procura para desabafar (sem exageros, claro) pode ser porque precisa mesmo disso e sobretudo porque confia em nós...
Coloquemos-nos na pele de quem procura ser ouvido por outra pessoa: recordaste da última vez em que tu próprio o fizeste? O que aconteceu?
A grande maioria de nós provavelmente recebeu um conselho que não tinha pedido ou um "vai ficar tudo bem" cheio de boas intenções mas cujo efeito nem sempre é o desejado. Mas uma coisa é certa, a escuta empática que era aquilo que nós precisávamos ficou aquém das nossas expetativas...
E se isso já nos aconteceu não valerá mais a pena evitarmos de repetir a mesma coisa com os outros?
Hoje trago-vos quatro pequenas dicas para colocar em prática da próxima vez que um amigo ou um familiar vos procure para "esvaziar o saco".
Nenhuma destas dicas entra no cliché do "repetir a última frase" ou "resumir o que a pessoa vem de nos dizer" porque, parto do princípio, que se estamos mesmo atentos não precisamos de "estratégias" para nos mostrarmos atentos...
- Ouvir até ao fim:
Uma vez ouvi alguém dizer, que quando precisava de desabafar, pedia de antemão que a deixassem ter pena de si própria e que não a interrompessem de forma nenhuma. Não me lembro de quem foi a pessoa mas lembro-me que, inicialmente, esta abordagem me parecia excessiva.
Dias mais tarde dei por mim a desabafar e percebi que era mesmo só disso que eu precisava: enumerar os meus problemas em voz alta, ter pena de mim q.b. e chorar, gritar ou ser mal-educada durante alguns minutos para depois retomar as coisas em mãos e fazer o que tinha de ser feito.
Depois disso acredito sinceramente que ouvir até ao fim sem interrupções e mostrar empatia pela pessoa que temos em frente é maior ajuda do que todos os bons conselhos que estamos dispostos a dar...
- Deixar-se de comparações:
Este é o meu maior defeito! Quando alguém me conta um problema ou uma história imediatamente procuro situações similares que vivi. Não o faço por mal, apenas quero mostrar que passei por algo parecido e "sobrevivi".
Mas em realidade o resultado é contraproducente já que vou sobretudo "minimizar" os sentimentos dessa pessoa.
Em primeiro lugar quando fazemos isso mostramos-nos mais focados em nós mesmo do que no outro e em segundo lugar cada experiência é altamente subjetiva e não pode haver comparação justa quando as condições e as dificuldades não são as mesmas.
Por isso nada de comparações de qualquer ordem, independentemente do grau de parentesco ou da amizade que temos pela pessoa em questão já que podemos saber muito da sua vida pelo que ela nos conta mas estamos longe de viver na sua pele!
- Evitar apresentar soluções (ou uma ode ao "se o conselho fosse bom era pago")
Que atire a primeira pedra quem nunca "largou" dois ou três conselhos durante uma conversa de desabafo completamente convicto de que era isso que nos estava a ser pedido?
Pois garanto-vos que isso não é, muitas vezes, o caso.
As pessoas deixam normalmente subentendido se querem um conselho ou, em casos mais graves, pedem essa ajuda espontaneamente.
Dar conselhos gratuítos não vai ajudar, na maioria das vezes, e pode deixar a pessoa com a sensação de que nem está a ser ouvida nem compreendida.
E além do mais, a maioria das vezes nós até sabemos bem lá no fundo qual é a solução, só precisamos de falar alto para chegar lá e aceitar o que nem sempre queremos ver.
- Praticar uma escuta ativa:
Colocar questões necessárias, não fazer julgamentos, mostrar que estamos ali para o que der e vier (com o devido respeito pelos nossos próprios valores, claro) e apaziguar as inquietações da outra pessoa sem as minimizar. Mostrar interesse e perguntar por novidades alguns dias depois, com muita descrição bem entendido.
E não tomar partidos sobretudo quando o sofrimento tem a ver com outra pessoa... afinal só conhecemos um ponto de vista e não é porque alguém está triste que não pode estar errada (falo mais desta assunto aqui).
E por aí, quais são os vossos conselhos (ou os vossos erros) na hora de escutar melhor quem nos procura para desabafar?
Ao longo destas quatro semanas, quatro mulheres maravilhosas partilharam connosco as suas motivações e anseios durante este período pandémico. Todos os testemunhos que recolhi foram extraordináriamente inspirantes e estou feliz pelo fato de as ter como "companheiras" de blog e de tanto aprender com elas.
Foram testemunhos de mulheres reais para mulheres reais e cada uma delas nos deixou uma mensagem de peso. Agradeço a cada uma por abrirem o vosso coração connosco e estou ciente que os vossos testemunhos darão alento e motivação a mais do que uma de nós!
Para terminar com Chave de Ouro, trago-vos o testemunho da Patrícia que todos conhecemos graças ao seu blog "Gosto disto e então?". A Patricia trás-nos, ao longo do seu testemunho, uma mensagem muito importante e que devemos todos guardar bem à mão dentro da nossa mente: a perseverança é fundamental!
- Quem é a Patrícia? Fala-nos um bocadinho de ti e da mulher que és…
- Gosto de dizer que sou mãe, mulher e amiga! Tenho um imenso orgulho no meu percurso, quer a nível profissional quer a nível pessoal, fruto de muito trabalhado e um apoio incondicional da minha família! Sou sonhadora e acredito sempre em dias melhores apesar dos tempos de adversidade que vivemos.
- Este último ano foi cheio de desafios para todos nós. Quais seriam os principais pontos positivos e as tuas maiores dificuldades ao longo dele?
– De facto foram, e ainda são, tempos de muita incerteza em que é preciso trabalhar todos os dias nas nossas inseguranças e os nossos medos! Acho que a minha maior dificuldade foi gerir a minha ansiedade...o medo que tinha que alguém da minha família ficasse gravemente doente…e a distância física da minha mãe e principalmente da minha avó…sinto tanta falta do cheirinho dela! Os pontos positivos, que felizmente também existem, foram vários…tive sempre por perto os meus verdadeiros amigos…as vídeo chamadas eram diárias…e que o amor que nos une é de facto inabalável.
- Como mulher fala-nos um bocadinho da tua organização com o trabalho, casa e todos os papéis que desempenhas (mãe, filha, esposa, amiga…). Sentes que consegues encontrar tempo para cuidar de ti ou nem por isso?
– Ter tempo para mim sempre foi uma prioridade! Acho muito importante para o nosso equilíbrio! Um banho mais prolongado, uma esfoliação, fazer uma máscara…fizeram sempre parte das minhas rotinas! Considero-me uma pessoa organizada, preparo sempre tudo de véspera (lancheiras, roupa, refeições), faço todos os dias uma limpeza rápida e antes de me deitar faço uma verificação e arrumo tudo o que está fora do lugar! Assim as coisas vão-se mantendo e eu vou mantendo a minha sanidade mental. Nesta fase tento que os meus adolescentes façam o mesmo…naturalmente há dias em que não tenho sucesso!
- Qual é aquele momento do teu dia em que te ofereces um bocadinho só para ti… e que se não o tens sentes uma falta terrível?
– Para mim o final da tarde é por eleição o meu tempo…gosto de relaxar beber, um chá e ver na televisão qualquer coisa (normalmente é o TLC)…mas em outras alturas foi à noite. Os meus filhos iam para a cama religiosamente às 9h30 e então aí tinha todo o tempo para as minha coisas!
- Uma das razões pelos quais adoro seguir o teu blog é o teu estilo e a tua forma de estar. Como fazes para manter a motivação na hora de levantar, vestir e arranjar e não sucumbir à tentação do pijama e fato de treino o dia inteiro e esqueceres-te de tratar de ti?
– Acho que tem a muito a ver com a nossa maneira de ser! Fui educada desta maneira, assumir sempre as responsabilidades e dar sempre o nosso melhor! Se temos sempre sucesso? Claro que não…mas amanhã será um outro dia.
Acho que a nossa maneira de estar e de vestir transmite sempre uma mensagem para os outros, se queremos parecer profissionais, credíveis, responsáveis e produtivos temos que agir em conformidade…por isso…pijama não faz parte do meu dress code…mesmo em teletrabalho!
- Qual o conselho que gostarias de deixar a todas as mulheres (e homens, claro) que precisam de um incentivo para cuidarem de si próprios ou que se passaram para segundo plano devido a todas as restrições e desafios que este último ano?
– Em primeiro lugar não se esqueçam que os filhos crescem e que o trabalho é para fazer no escritório! Crie hábitos e arranjem sempre tempo para si, todos os dias, nem que seja ao deitar. Fomentem sempre o amor e amizade! Se nós estivermos bem quem nos rodeia também vai estar, nunca se esqueçam disso!
Acabamos esta primeira edição do "Conversas entre Mulheres: Confinamento e Motivação" com chave de ouro não acharam? Eu adoro o pragmatismo da Patrícia e esta entrevista não me desiludiu nem um bocadinho! Afinal a melhor imagem de si mesmo passa sobretudo pelo autocuidado e pelo amor-próprio.
Querida Patrícia mais uma vez obrigado pela tua gentileza e carinho. É sempre um prazer contar contigo aqui no blog.
E a todos vocês que leram cada uma destas entrevistas, que comentaram e acompanharam prometo que elas voltarão: com novos temas e novas entrevistadas lá mais para a frente.
Entretanto continuem a acompanhar o Crónicas à Terça e à Quinta!
Um enorme beijinho a todos e até ao próximo post!
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Quando pensei, ou melhor, cedi ao impulso de escrevinhar umas perguntas e colocá-las a outras colegas bloggers convidar a Luísa do blog Uma Pepita de Sucesso pareceu-me uma evidência.
Temos idades diferentes, vidas completamente diferentes mas vejo a Luísa como um exemplo daquilo que eu gostava de ser "quando for grande" e só isso já diz muito sobre aquilo que eu penso desta mulher e do que ela nos transmite!
A Luísa abriu-nos, mais uma vez, as portas da sua mente e do seu coração e deixou-nos também ela um testemunho muito especial: "Gostar de nós é essencial".
Quem é a Luísa? Fala-nos um bocadinho de ti e da mulher que és…
Sou a Luísa, quase, quase a fazer 60 anos. Sou muito feliz e tenho muitas paixões.
Adoro moda, exercício físico (dança, pilates, yoga, cardiofitness), o meu trabalho, os meus livros, o meu marido e a minha Ilha da Madeira.
Tenho 3 filhas, com 34, 28 e 18 anos e uma neta com 6 anos que são o meu grande orgulho.
Sou muito apaixonada por mim e pela minha vida.
Este último ano foi cheio de desafios para todos nós. Quais seriam os principais pontos positivos e as tuas maiores dificuldades ao longo dele?
O que mais me custou neste último ano foi não poder estar com os meus pais e com os meus amigos mais amiúde, não poder abraçá-los nem beijá-los. Sou de muitos afetos. Mas tudo se vai resolvendo com mensagens e chamadas telefónicas ou videochamadas.
Sou muito otimista e positiva, acredito sempre que os desafios vêm para nos tornar mais fortes.
Acredito que consigo dar sempre a volta por cima. Sei que encontro sempre uma solução satisfatória para os desafios que surgem.
Também sei que o tempo ajuda a resolver tudo.
Aguardo pacientemente que tudo volte ao normal e muito melhor.
Como mulher fala-nos um bocadinho da tua organização com o trabalho, casa e todos os papéis que desempenhas (mãe, filha, esposa, amiga…). Sentes que consegues encontrar tempo para cuidar de ti ou nem por isso?
Tudo passa por gerir muito bem o tempo. Planear o dia-a-dia e priorizar o que é mais urgente e importante. Quando as minhas filhas eram pequeninas e necessitavam muito do meu apoio era esta gestão e planeamento que me ajudaram a fazer tudo de forma organizada.
O meu marido sempre me ajudou nas tarefas de casa, logo sobrava sempre um tempinho para me mimar e cuidar de mim.
Com as filhas crescidas tudo se tornou mais fácil.
Estou num regime misto, 3 dias em teletrabalho, 2 dias em regime presencial o que é muito bom. Adoro arranjar-me para sair para trabalhar. Adoro o contacto com os meus colegas, ainda que com todos os cuidados necessários.
Quando estou em casa também me arranjo, mas com um fato de treino ou roupa mais casual e esportiva.
Qual é aquele momento do teu dia em que te ofereces um bocadinho só para ti… e que se não o tens sentes uma falta terrível?
Depois do trabalho. Trabalho até as 17:00 horas… das 18:00 às 20:00 são 2 horas só para mim. Não permito que nada nem ninguém mas tire. Organizo-me para ter este meu tempo onde nada me atrapalhe. Faço o meu treino físico diário, leio, cuido-me e atualizo os blogues.
Uma das razões pelos quais adoro seguir o teu blog é o teu estilo e a tua forma de estar. Como fazes para manter a motivação na hora de levantar, vestir e arranjar e não sucumbir à tentação do pijama e fato de treino o dia inteiro e esqueceres-te de tratar de ti?
Como já referi, adoro a minha vida. E, acima de tudo, gosto muito de mim. Sinto muito prazer em olhar para o espelho e gostar do que vejo, de sentir-me bem por dentro e por fora. Sou muito vaidosa e nunca saio de casa sem estar bem arranjada. Sinto um enorme prazer em maquilhar-me, vestir-me, perfumar-me.
Qual o conselho que gostarias de deixar a todas as mulheres (e homens, claro) que precisam de um incentivo para cuidarem de si próprios ou que se passaram para segundo plano devido a todas as restrições e desafios que este último ano?
O mais importante é gostar de nós! Quando gostamos de nós próprios sentimos orgulho da pessoa que somos, do nosso percurso e da nossa vida. Quando nos pomos em primeiro lugar, fazemos tudo com muito mais amor, mais carinho, mais vontade e conseguimos dar mais amor e atenção aos outros.
E por aí, gostaram deste maravilhoso testemunho da Luísa? Eu adorei e achei a mensagem que nos passou muito mas mesmo muito importante! É importante gostarmos e termos orgulho em nós mesmos e assim tudo fluirá com muito mais naturalidade!
Obrigado Luísa por este teu maravilhoso contributo!
Na próxima Terça Feira teremos a última convidada deste "Conversas entre Mulheres". E será mais uma lição daquelas...
Um grande beijinho e até ao próximo post!
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Se por acaso o conteúdo deste texto te agradar não deixes de o partilhar com familiares e amigos.
No primeiro Conversas entre Mulheres conhecemos um bocadinho mais da Rute do blog O Meu Maior Sonho que nos trouxe o seu testemunho sobre o como se manter motivada mesmo nesta fase difícil sem deixar de lado nenhum dos seus papéis.
Nesta segunda edição trago-vos o testemunho da Maria do blog Sorriso Incógnito.
A Maria é a típica "Mulher do Norte": carácter e força de vontade são duas características que sobressaem dos seus textos e é impossível não apreciar aquilo que nos diz e sobretudo a forma como o faz.
A cada uma das minhas perguntas ela respondeu com uma frontalidade incrível e ainda nos deixou uma mensagem de peso: "Não tenhas medo do espelho!".
Um testemunho muito, mas mesmo muito inspirante!
- Quem é a Maria? Fala-nos um bocadinho de ti e da mulher que és…
Costumo dizer que sou típica mulher do Norte. Acho que tenho um coração bom, sou de valores, tento sempre ser melhor pessoa, sou muito tu cá tu lá, sou a que se importa com o vizinho, mas tenho pimenta no nariz e o coração perto da boca. Prezo muito as relações entre pessoas, sou muito amiga do meu amigo (e se calhar o ter duas afilhadas filhas de amigos comprova isso), mas não sou fácil de abrir a minha vida a muitas pessoas.
Sou bem mais envergonhada que o que parece. Tenho sempre o melhor dos sorrisos, mesmo quando tenho todas as razões para chorar. Mas não sei lidar com a pergunta “passa-se alguma coisa contigo?”. É claro que quem me conhece às vezes consegue chegar lá. Sou uma mulher com orgulho de o ser, ciente dos meus defeitos mas consciente das minhas virtudes 😊
- Este último ano foi cheio de desafios para todos nós. Quais seriam os principais pontos positivos e as tuas maiores dificuldades ao longo dele?
Foi um ano diferente para todos, e sentido de forma diferente por todos. Eu fui uma privilegiada. Acho e admito, não poderia dizer o contrário. Estamos todos na mesma tempestade, mas é claro que em barcos diferentes.
O maior desafio para mim foi o teletrabalho que fiz pela primeira vez na vida, que de início até gostei mas que no balanço não foi assim tão bom. Mas a verdade é que o ponto positivo tive sempre trabalho. Sempre. E bastante. E continuo a ter. Graças a Deus. E consegui faze-lo em segurança junto dos meus e tendo também esse cuidado para com eles.
A minha maior dificuldade foram as saudades dos abraços e foi lidar com a saúde mental. Que deve ser do que ficou mais devastado este ano. Todos fomos afetados, mas quem já tem problemas agravaram. Eu tenho que lidar com isso, foi difícil. Muito difícil. Deu-me medo muitas vezes e continua a dar.
A minha saúde mental e a dos que me rodeiam é um ponto essencial para toda a positividade que tento ter no dia a dia e quando isso falha em algum ponto é deveras complicado.
- Como mulher fala-nos um bocadinho da tua organização com o trabalho, casa e todos os papéis que desempenhas (filha, esposa, amiga…). Sentes que consegues encontrar tempo para cuidar de ti ou nem por isso?
Confesso que sou um desastre no que toca a tomar conta de mim. Posso deitar desculpas para aqui ou para ali, mas na verdade não há desculpas porque quando quero mesmo as coisas arranjo todo o tempo quase sem falhar.
Tenho o típico trabalho 9 às 18h mas o horário nem sempre é literalmente esse muito menos quando a cabeça vem ocupada para casa. Tento que não aconteça para estar mais inteira com os meus, a casa e eu mesma.
Tento. Todos os dias são diferentes e acho que isso se deve ao teu humor diário. Se acordares bem vais conseguir lidar melhor com o tempo e com a sua organização.
Mas tenho pontos essenciais onde preciso que as coisas no trabalho me corram de feição para depois chegar a casa e organizar -me com o trabalho de casa a fazer, com ajudar os meus pais no que precisam, ter tempo para videochamadas para encurtar distâncias e no tentar falar sempre com algum amigo e nomeadamente a minha afilhada vizinha que me faz recuperar forças e desligar o stress dos dias.
Sou muito esponja e se conseguir ver à minha volta as coisas bem, eu estou bem e a cuidar de mim.
- Qual é aquele momento do teu dia em que te ofereces um bocadinho só para ti… e que se não o tens sentes uma falta terrível?
Não tenho um momento fixo, ou seja não posso dizer que é de manhã ou à noite ou quando chego do trabalho. Mas há um momento em que penso mais como está a minha vida, inevitavelmente quando vou a conduzir e quando me deito e estou completamente sozinha. Só para pensar mais em coisas minhas e alinhar chacras.
Há mulheres por exemplo que é quando se maquilham, ou quando fazem banhos spa, ou algo do género, não tenho paciência para isso, confesso. E nem é esse momento “típico zen” que me faz falta. Faz-me falta é cada momento que acho que falhei e não tentei ser melhor, de coração isso cutica-me no meu ponto essencial para me sentir bem.
Cada vez mais sou muito mais interior (à procura daquela paz) para ter harmonia com o meu exterior e o que transbordo.
- Uma das razões pelos quais adoro seguir o teu blog é o teu estilo e a tua forma de estar. Como fazes para manter a motivação na hora de levantar, vestir e arranjar e não sucumbir à tentação do pijama e fato de treino o dia inteiro e esqueceres-te de tratar de ti?
Confesso que nunca fui de ter um estilo. Sou sempre pelo que me apetece. Eu não consigo organizar a roupa para o dia a seguir por exemplo. Porque isso depende do meu estado de espírito. Tem dias que saio de casa arrastada por sapatilhas jeans e uma blusa básica. Tem dias que vai no salto porque me apetece e posso. Mas tem domingos por exemplo (mais inverno) que me apetece passar de pijama a passo. Não me sinto nada mal por isso.
Na verdade se estiver em casa gosto de estar o mais confortável possível porque me faz sentido assim como me faz sentido quando saio sentir-me bem nem que seja ir toda arranjadinha como quem vai para uma saída top quando vou só comprar pão.
Um dia destes tive uma "discussão " com alguém que me dizia que as pessoas se arranjam para os olhos das outras. Não digo que não tenha influência, mas eu arranjo-me para estar top aos meus olhos. E é isso que eu vou passar aos outros! Essa é a minha motivação.
- Qual o conselho que gostarias de deixar a todas as mulheres (e homens, claro) que precisam de um incentivo para cuidarem de si próprios ou que se passaram para segundo plano devido a todas as restrições e desafios que este último ano?
Não tenhas medo do espelho e enfrenta-o. O espelho não reflete quem és, mas é em frente a ele que te consegues ver melhor. Por fora e por dentro.
O dia a dia muitas vezes tira-nos isso e só olhamos de esguelha para um espelho, mas enfrentá-lo com a pergunta estás bem? Vai fazer com que se tente responder a essa pergunta e não é só se estás bem com essas rugas que começam a aparecer ou com os quilos a mais na balança é se estás bem com aquilo que o espelho te faz bem, se te gostas, se te sentes bem contigo mesma, se transpareces que estás bem.
Não tem a ver com as medidas, tem a ver com o teu EU. Isto é uma fase menos boa que vai passar e tu tens inevitavelmente que passar por ela mas temos que passar de cabeça erguida e a tentar acima de tudo que a nossa saúde mental acompanhe da melhor maneira.
E por aí, o que acharam deste testemunho da Maria? Eu confesso que retive a respiração ao longo do texto!
Para a semana teremos uma nova convidada que nos vai também ela trazer o seu testemunho.
Um grande beijinho e até ao próximo post!
Se ainda não seguem a Maria podem fazê-lo através do blog Sorriso Incógnito ou da sua página de Instagram.
Não te esqueças de acompanhar as Crónicas da Cidade dos Leões no Instagram e no Facebook: há muita coisa a acontecer por lá.
Se por acaso o conteúdo deste texto te agradar não deixes de o partilhar com familiares e amigos.
O Confinamento e todas as medidas restritivas começam a deixar-nos confusos e desmotivados.
Foi num desses momentos de desanimo, em que me colocava cada vez mais pressão e me perdoava cada vez menos por isso que surgiu esta ideia: Perguntar a outras mulheres como estavam a lidar com este período especialmente conturbado.
Assumimos muitas vezes como verdade absoluta que somos "a nódoa" e que toda a gente se saí melhor do que nós em situações identicas. Mas será que é mesmo assim? Estas entrevistas/testemunhos demonstram-nos claramente que não. Todos temos os nossos dias maus mas podemos escolher deixá-los tomar conta de nós ou não...
Durante as próximas quatro semanas divulgarei quatro testemunhos diferentes, de quatro mulheres diferentes cada uma delas com uma maravilhosa mensagem!
Hoje trago-vos o testemunho da Rute que todos conhecemos graças ao seu blog "O meu maior sonho"e à simpatia que distribui a quem cruza o seu caminho. A Rute respondeu amavelmente às minhas perguntas e deixa-nos uma mensagem importante: Dar-se amor a si próprio é fundamental nesta fase delicada.
Quem é a Rute? Fala-nos um bocadinho de ti e da mulher que és.
Sou a Rute, tenho 39 anos e sou mãe de dois. Os meus filhos são o meu maior sonho. Trabalho em Hotelaria desde 2015 e sou blogger desde 2009. Sou simpática, divertida e persistente em tudo o que faço.
- Este último ano foi cheio de desafios para todos nós. Quais seriam os principais pontos positivos e as tuas maiores dificuldades ao longo dele?
O ponto positivo foi ter tempo em família, com os meus horários de hotelaria nem sempre tinha tempo para os meus filhos e marido. Na verdade tinha dias que mal os via. A pandemia trouxe-me tempo em família uma coisa que eu estava a precisar urgentemente.
As maiores dificuldades foi a falta de convívio, beijos e abraços. Adoro socializar e o facto de estar fechada em casa, levou a parte psicológica a ficar um pouco saturada.
- Como mulher fala-nos um bocadinho da tua organização com o trabalho, casa e todos os papéis que desempenhas (mãe, filha, esposa, amiga…). Sentes que consegues encontrar tempo para cuidar de ti ou nem por isso?
Sou muito organizada, faço e penso tudo ao pormenor. Depois também tenho um marido muito presente nas tarefas. No dia anterior deixo logo a mesa do pequeno almoço preparada, roupa para vestir e se for o caso, marmitas e lanches preparados. Assim as manhãs não são tão caóticas. Faço as limpezas maiores nas folgas e cozinho de forma a dar para 2 refeições! Tem dias mais complicados que outros, mas vou sempre arranjando um tempo para cuidar de mim e tomar um belo banho relaxante!
- Qual é aquele momento do teu dia em que te ofereces um bocadinho só para ti… e que se não o tens sentes uma falta terrível?
Os meus filhos agora já são mais crescidos, então consigo tirar mais tempo. Durante o dia a atenção vai toda para eles, depois de jantar tento ter um momento só meu, para escrever, ler, ver séries etc.
É aquele momento zen do dia!
- Uma das razões pelos quais adoro seguir o teu blog é o teu estilo e a tua forma de estar. Como fazes para manter a motivação na hora de levantar, vestir e arranjar e não sucumbir à tentação do pijama e fato de treino o dia inteiro e esqueceres-te de tratar de ti?
Nesta fase do confinamento é inevitável não aderir ao fato de treino. Como não saímos de casa a vontade de estar com roupa confortável é maior.
Mas tento nunca descuidar a imagem. Faço questão de passar um blush, colocar rimel, brincos, colar e coloco perfumes todos os dias! Sou um pouco vaidosa e gosto de me sentir bem comigo própria!
- Qual o conselho que gostarias de deixar a todas as mulheres (e homens, claro) que precisam de um incentivo para cuidar de si próprios ou que se passaram para segundo plano devido a todas as restrições e desafios que este último ano?
Nunca deixem de tratar de vós. Sei que por vezes a vontade não é muita mas o amor próprio nesta fase da vida é fundamental.
Cuidem-se, mimem-se e deem muito amor a vocês próprios.
O bem estar é essencial nesta fase do campeonato!
E por aí, gostaram do testemunho da Rute? Na próxima semana haverá mais um testemunho e uma adorável convidada. Até lá não se esqueçam de cuidar muito de vocês!
O "Body Positivity" é um movimento social que apareceu nos EUA em 1996 e que milita em favor da aceitação e da apreciação de todos os tipos de corpo humano.
A ideia principal, que advém dos movimentos de aceitação das pessoas obesas, é a de aumentar a confiança e a auto-estima colocadas em causa pelos "corpos perfeitos" que nos inundam os dias graças à publicidade, aos media, e mais tarde às redes sociais.
Este assunto, que me parece sempre pertinente e atual, foi-me inspirado pela "famosa" capa da revista Men's Health pelo seu vigésimo aniversário e por todas as reações que lhe sucederam.
Hoje venho falar-vos como mulher e como fisioterapeuta, porque uma coisa não vai sem a outra, sobre o assunto.
Em primeiro lugar gostaria de começar com uma expressão bem popular e que parece difícil de entrar na nossa cabeça: "Nem tudo o que luz é ouro".
Elas alimentam algo de que nós precisamos bastante: a nossa necessidade de pertença a um grupo agravada pela nossa incapacidade de julgar quando e como estamos a ser manipulados, especialmente numa altura em que a maioria dos contactos se fazem por via digital.
Todos os dias contas e contas de instagram de todo o Mundo, de famosos e de anónimos, nos mostram com grandes sorrisos a sua definição de "fit" e "healthy".
Defendem as suas posições a favor de complementos alimentares proteicos e lutam contra o açúcar e os hidratos de carbono. Muitos deles com pouca ou nenhuma relevância científica para as suas afirmações, que não digo que não existam, mas que não se esforçam por apresentar.
Como profissional de saúde, apesar de já estar fora da área do desporto e da músculo-esquelética há uns bons anos, tenho assistido com interesse ao crescente número de lesões mais ou menos graves que aparecem em desportistas amadores, muitos deles motivados pelas redes sociais e pelos fenómenos de moda.
Arriscar-me-i a dizer que a carga excessiva é um dos principais fatores de risco e mantenho a posição que defendi neste post para o blog "O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista", que escrevi a pedido do João Silva em 2019, de que um bom programa de treinos, acompanhamento profissional e uma alimentação saudável são as bases para uma boa prática desportiva.
Como fisioterapeuta defendo as recomendações da Organização Mundial de Saúde: a importância de uma alimentação equilibrada e atividade física frequente.
A nós de conseguirmos moderar a forma como as utilizamos impedindo assim que nos tornemos escravos delas e aceitando que aquilo que lá está não é, a cem por cento, a vida real.
E é para colmatar esta nossa grande falha que é a necessidade de nos revermos no outro, ou que ele se reveja em nós que movimentos como o "body positivy" podem trazer respostas.
As ciências do comportamento explicam que tendemos a imitar aquilo que os outros fazem, já que esta é a única forma de nos sentirmos parte integrante de um grupo, enquanto que o contrário nos levará a sentirmos-nos fora das normas e, em consequência, mal.
Este mesmo mecanismo é útil pois permite-nos "fazer como os grandes" quando somos crianças adaptando os nossos comportarmos em sociedade, aprendendo a comer de faca e garfo e a falar e por isso é algo inato, e inevitável.. No entanto temos controlo, enquanto adultos, sobre a forma como nos expomos a ela.
Acho que o mais importante seria, e porque não através das redes sociais e dos cuidados de saúde primários, educar a população para a procura de satisfação com o seu estado de saúde (e consequentemente uma melhor relação com o seu corpo, aumento da auto-estima e por aí fora) e não o foco na balança, nos músculos definidos ou nas gramas de hidratos de carbono ingeridas ao longo do dia.
O defeito deste movimento, como a maioria dos movimentos fundados nas redes sociais, é exatamente o de levar a extremismo. Se de um lado há os fits do outro lado há uma rebeldia defendendo a obesidade que tantas marcas de roupa, mais preocupadas com o business do que com a causa em si, apregoam.
E é cada vez mais frequente ouvir pessoas a queixarem-se da "violência" médica, já que o Sr. Doutor se lembrou de fazer o seu trabalho e de as aconselhar a perder algum peso. Por mais bem educado e doce o profissional tenha sido.
Por isso, e resumindo a minha opinião, que já vai longa e confusa, é de extrema importância educar a população para um estilo de vida saudável e equilibrado e que isso se faça com bases sólidas e não assente em fenómenos de moda.
É necessário, e nós profissionais de saúde temos o dever de estar na primeira linha desta luta, de compreender a pessoa de um ponto de vista biopsicossocial e ajudá-la a melhorar a imagem de si, motivando-a e apresentando razões válidas para procurar o equilíbrio, e não o extremo, e mantendo o foco na questão abordando as coisas sem culpas nem permitindo a frustração.
E, finalmente, é da responsabilidade de todos nós vigiar a nossa saúde mental e a daqueles que nos estão próximos, ajudando assim a melhorar a auto-estima, o amor próprio e procurando uma vida mais saudável em todos os sentidos.
E uma vida mais saudável é uma vida onde não vamos chorar de cada vez que subirmos para a balança seja por termos peso a mais ou a menos mas é sobretudo uma vida onde fazemos as pazes com o nosso corpo, as atividades ao ar livre e o prazer à mesa escolhendo as opções mais acertadas e (re)descobrindo sabores e cores das quais já nos esquecemos. Uma vida onde os nossos defeitos podem e devem servir-nos de fator de motivação e não o contrário.
Por isso sim, sou uma adepta do body positivity e do direito a ser o que se é focando-nos na nossa saúde física e mental. E isso não pode ser um movimento de reivindicação mas sim algo que vem de dentro de nós mesmos e queé refletido pelo nosso próprio olhar e o contacto tão necessário daqueles que amamos e que são realmente importantes na nossa vida.
Porque não há nada mais bonito do que uma pessoa saudável, feliz e auto-confiante tenha ela umas gordurinhas a mais ou a menos.
O Movimento "Sopa para Todos" é um projeto que me tocou tanto que não podia deixar de o partilhar convosco.
Como o nome indica este movimento pretende fazer chegar uma sopa aqueles que estão a precisar dela enquanto dá uma ajuda à subsistência dos restaurantes.
Lançado há apenas algumas semanas esta iniciativa já está representada em 10 distritos do país (Leiria, Santarém, Setúbal, Braga, Porto, Viseu, Aveiro, Lisboa, Beja e Faro) e já ultrapassou as 2000 sopas levantadas por semana nos diferentes restaurantes aderentes.
Uma forma de ajudar os restauradores e sobretudo aqueles que, no seio das nossas comunidades, mais precisam de ajuda neste momento tão difícil para todos.
Se pretenderem conhecer os restaurantes na vossa zona que aderiram a este projeto de forma a contribuir podem passar por aqui.
E, com estas iniciativas, começamos a acreditar aos poucos que alguma coisa vai correr bem
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Li recentemente um texto onde se falava do papel que o sentimento de incompreensão têm nas birras, e consequentemente, na educação das crianças.
Se é irrefutável que este sentimento pode fazer sofrer uma criança e fazê-la reagir como pôde (secando-nos muitas vezes a paciência, bem entendido) também não deixa de se puder trazer essa mesma lógica para a nossa vida adulta.
Oferecendo-me uma pequena pausa para auto-reflexão consegui reconhecer vários momentos ao longo dos últimos tempos em que as minhas reações, muitas vezes nem sempre as melhores, se deveram a um sentimento de não ser devidamente ouvida ou compreendida.
Ao mesmo tempo consegui reconhecer vários outros momentos em que eu mesma não ofereci compreensão ou uma simples tentativa de escuta ativa para com aqueles que estão à minha volta.
E daí sobressai uma falta enorme de capacidade de escuta e sobretudo de ouvir tudo o que me dizem até ao fim. E esse "defeito" não é só meu...
Conheço pessoas que jurariam a pés juntos serem ótimas ouvintes (aposto que alguns de vocês desse lado dizem exatamente isso, e se realmente for o caso ainda bem :) ) mas é certo que os nossos estilos de vida demasiado ocupados, demasiado conetados e ridiculamente apressados nos fizeram esquecer desta capacidade que no entanto é tão nossa. E o isolamento social que vivemos há quase um ano não veio de todo ajudar a melhorar as coisas...
E por aí são bons ouvintes ou por vezes esquecem-se de "ouvir" as razões dos outros?