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Crónicas da Cidade dos Leões

Um blog que adora partilhar dicas e reflexões sobre lifestyle, descobertas e organização. Sejam Bem Vindos!

Crónicas da Cidade dos Leões

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Hobbies e atividades extracurriculares: reflexão

Há uns anos atrás escrevi um post sobre a importância que dou aos hobbies. Se continuo convicta da sua importância a minha visão evoluiu. 

Se faço o esforço de manter o blog é exatamente porque acho os hobbies estimulantes e enriquecedores. A dose de "pós de perlimpimpim" que pode ajudar a encontrar um certo equilibrio no todo.

No entanto, talvez por abraçar tantas coisas ao mesmo tempo, já não os vejo como fundamentais ou determinantes para uma vida cheia. Ainda menos quando se experimenta "tudo e mais alguma coisa", desleixando uma atividade em prol da seguinte não porque não se gosta mas porque se cede à oferta. 

As atividades extra são ótimas para desenvolver capacidades e características que a escola e a vida familiar não farão necessariamente, como é o caso da perseverança, do autocuidado e dos conhecimentos artísticos. Mas também é preciso tempo para brincar, ler, jogar em família, passear e conversar. 

E entre a procrastinação, que mais não é do que cansaço e não saber por que ponta lhe pegar e a falta de tempo para descansar e apreciar o que se têm, as atividades acabam por não nos ensinar tanto quanto gostaríamos. E pode mesmo, no caso das crianças, trazer-lhes maus ensinamentos tais como procurar a produtividade sem aprender o descanso ou não cumprir as responsabilidades que as diferentes atividades lhe impõem, já que se podem sobrepôr (veridico!).

Por isso que nesta rentrée possamos todos nós decidir o que realmente nos importa e deixar de lado o supérfluo, seja enquanto adultos com múltiplas atividades seja enquanto educadores. 

E por aí, quais as vossas atividades ou as dos vossos filhos? Por aqui descoberta musical à Quarta-Feira porque não há escola e talvez descoberta da fé (catequese) uma vez por mês. E muitos passeios e brincadeiras em família previstos!

Um grande beijinho e até ao próximo post! 

madalyn-cox-YKLkzMuEA8Q-unsplash.jpg

Photo de Madalyn Cox sur Unsplash

 

 

 

 

 

Setembro e os Recomeços

O mês de Setembro é para muitos de nós o mês dos recomeços. 

A rotina estabelecida pelo ano escolar, o tradicional "travão" a que os meses quentes nos convidam fazem com que esta altura do ano seja um convite ao ato de recomeçar.

Se as boas resoluções ficam para os inícios de ano civil, Setembro é mês de balanço e de novos desafios. 

Por aqui eles também são de peso: a licença de maternidade já não durará muito e para o mês que vem o bebê já irá para a creche (felizmente para mim teve lugar na creche de onde saiu o irmão o que me reconforta por conhecer o espaço e as pessoas e me facilita a vida já que é mesmo em frente ao meu trabalho), o grande por sua vez irá começar a pré-escola (que aqui é obrigatória a partir dos 3 anos) e iniciará também um percurso de descoberta musical no conservatório da cidade onde vivemos.  

Enquanto casal o desafio é recomeçar a encaixar toda esta nova rotina, depois de a família ter vindo em reforço durante o Verão para se encarregar do grande enquanto estava de férias e que o pai e a mãe se entendiam com o piolho mais pequenino.

A nível pessoal nada de objetivos maiores a serem lançados. As tarefas e o cansaço já cá estão bem instalados não é de todo altura de se criar ainda mais pressão. 

E desse lado, que novidades trará Setembro? 

Um grande beijinho e até ao próximo post!

van-tay-media-WMDKC8moG9w-unsplash.jpgPhoto de Van Tay Media sur Unsplash

Para mim é urgente falar de educação afetiva!

Durante o meu período de baixa e de licença de maternidade durante a gravidez o computador foi inevitavelmente a minha companhia. Entre documentários, notícias mais ou menos tristes e afins foram vários aqueles que me fizeram pensar, refletir, filosofar... 

Um desses temas foi o da educação afetiva.

Ao longo do último ano que passou foram vários os temas "fraturantes" que surgiram em praça pública. Vimos entre outras coisas a escola "catapultada" para uma posição de responsável da educação sexual das crianças, seja pela sua implicação nas questões das ditas "ideologias de género" ou "educação sexual" chegando ao extremo de lhe ser pedido de tomar uma postura quase contrária à dos pais em caso de "litígio" entre eles e os seus filhos (atenção que para mim um pai que questiona o filho sobre as suas escolhas não está em litígio com ele, está apenas a cumprir o seu papel de pai e parece-me desonesto afirmar o contrário como já foi feito. E é também importante relembrar que um pai ou mãe que se questiona e que se interessa é diferente de um pai indiferente, agressivo ou violento e é perigoso assumir sempre que são iguais). 

Não é o meu papel, nem o deste blog, de fazer política ou questionar decisões governamentais. Tenho opiniões bem documentadas sobre algumas coisa, sobre outras nem por isso e nem é isso que me importa.

Mas há algo que me deixa inquieta! No meio de tanta biologia, ou falta dela. De tanto ensinar as crianças os nomes e o funcionamento dos órgãos sexuais, dos meios contracetivos, do recurso ao aborto esquecemos outros ensinamentos importantes: o facto de sermos seres humanos, o que nos faz ser mais afetivos do que instintivos nas relações humanas, inclusive intimas. 

E há alguém que fale tão abertamente disso aos jovens como se fala de preservativos? Não! A escola não o faz porque não pode e porque não é esse o seu trabalho, os pais estão cada vez mais distantes, sobretudo no caso das famílias mais destruturadas ou das classes socio-económicas mais baixas e a sociedade tirou a palavra sexo da lista dos tabus e colocou lá a palavra afetividade...

Todos nós já passamos pela adolescência e quase todos pela fase da descoberta do corpo e do desejo. O que sentiriamos ao perceber que quer para nós quer para aquele ou aquela que está connosco a única coisa que conta é o ato em si, sem amor, sem carinho, sem sentimentos... Como nos sentiriamos se nos gritassem aos ouvidos que somos muito mais do que um corpo mas que nos ensinam que nas relações intimas somos uma espécie igual a tantas outras?

E pergunto-me o que esta lacuna trará para os nossos jovens, se não os tornará cada vez mais supérfluos e consumistas até em relação às relações humanas. Procurando cada vez mais sem nunca lhe ser suficiente... talvez porque não saiba do que está à procura? 

Cabe-nos a todos nós, enquanto adultos e independentemente da nossa posição ou profissão, explicar a importância de valorizar o seu corpo acima de tudo e de o respeitar, que o poder da mulher ou do homem não reside no número de parceiros sexuais mas sim no seu caractér, na sua pessoa como um todo e no seu caminho próprio e que uma relação que vale a pena e que é realmente prazerosa é aquela em que as duas partes estão ligadas mais do que pelo corpo mas também pela cabeça. 

Sim, o meu discurso é hasbeen e muito a contracorrente, mas não haverá uma certa necessidade de levar algumas destas ideias aos jovens que estão à nossa volta?! 

Para mim é urgente falar de educação afectiva! E para vocês?

freestocks-Y9mWkERHYCU-unsplash.jpgPhoto de freestocks sur Unsplash

Primeira e Segunda Gravidez: As diferenças

Escrevi este post com alguma antecedência o que torna possível que, quando ele chegar a vocês, bebé dois esteja iminente ou que até já tenha posto o nariz de fora! 

A gravidez é um momento importante na vida de qualquer mulher e isso seja a primeira, a segunda ou a quinta. No entanto existem diferenças entre cada uma delas, seja por razões biológicas seja por simples diferença de circunstâncias. 

Depois de ter discutido muito este assunto com amigas que passaram por duas ou três gravidezes, trago-vos as diferenças que nos saltaram mais à vista entre a primeira e a segunda gravidez. 

'Bora lá?

- Mais conhecimento de causa: 

A primeira gravidez é a descoberta enorme para a mamã de primeira viagem e cada sintoma e etapa trás a sua dose de dúvidas e de insegurança. A segunda gravidez, apesar do seu lote de aflições, permite relativizar melhor certas maleitas o que trás bastante mais tranquilidade à futura mamã; 

 

- As fotos de gravidez são bem menos numerosas: 

Se da primeira vez tiramos fotos à mínima evolução da barriga em todas as posições possíveis e imaginárias da segunda (e das seguintes) a coisa já é menos séria e servimos muito menos como modelos.

 

- O cansaço é bem diferente:

Se a primeira gravidez pode ser cansativa, a segunda não tem absolutamente nada a ver a nível de cansaço. Já há pelo menos um piolho para dormir com todo o seu arsenal de atividades, noite mal dormidas, birras e energia o que nos permite menos tempo de repouso no sofá ou de "namoro com a barriga". 

 

- Menos culpa: 

Mais cansaço significa menos tempo para estar nas redes sociais e de se sentir culpada por tudo e por nada. E sabe bem! 

 

- Menos cuidados: 

Se os cuidados básicos mantém-se os mesmos, os cuidados com a pele e a prática desportiva são mais rapidamente deixados de lado por causa do cansaço. Neste caso a força de vontade é mesmo muito necessária. 

 

E por aí, quais foram as principais diferenças que sentiram entre uma primeira e uma segunda gravidez. 

Um grande beijinho e até logo! 

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Photo de Amr Taha™ sur Unsplash

 

 

Mais um Adeus!

A nossa vida na Cidade dos Leões têm sido marcada por dizer "Adeus".

Adeus às nossas famílias de cada vez que voltamos para cá ou que são eles a partir, de adeus aqueles com quem partilhamos a nossa vida e que tem saído da cidade pouco a pouco. 

A vida é mesmo assim me dirão vocês (e é absolutamente verdade) mas admito que enquanto sorriu e felicito sinceramente a pessoa pelo novo capitulo que vai começar a escrever, estou a controlar o meu coraçãozinho que se serra um bocadinho mais de cada vez que um até breve se anuncia. 

Um adeus é sempre um adeus e, enquanto somos mais jovens (ou não temos filhos "às costas") acabamos por estar disponíveis para mais um jantar, mais um café ou mais uma saída à noite o que, a defeito de termos amigos daqueles à séria, nos dá a impressão de não estarmos sozinhos. 

Infelizmente o ritmo de vida, as responsabilidades, as distâncias físicas e um certo individualismo disfarçado de um "eu chego-me bem a mim mesmo" protetor (mas realmente falso) fazem com que, quanto mais sentimos necessidade de uma rede de apoio mais nos sentimos sozinhos e isolados. Dizem que é preciso uma aldeia para educar uma criança mas olhamos à volta, vemos muita gente mas mais sozinhos do que nunca.   

Por estes dias uma colega de trabalho ligou-me. Se quando cheguei ao hospital a achava insuportável, ao longo dos anos, da sorte (há mais de 6 anos que é o meu "binómio" nos fins de semana) e da minha detestável mania de dar segundas oportunidades tornou-se uma presença constante e assídua na minha vida.

Pelo nascimento do meu filho foi não só de uma ajuda enorme a nível material (todos os recém papás sabem o jeito que dá quando alguém nos cede o material de puericultura que já não precisa) mas também com conselhos e escuta (o que se diga de passagem é raro, a maior parte de nós limita-se a fazer um sinal afirmativo com a cabeça e a fingir que ouve ou então a fazer um comentário qualquer para rematar rapidamente o assunto).

Numa altura em que, sem experiência nenhuma nisto da maternidade e a sentir-me uma verdadeira idiota no assunto,  mas com um orgulho tão desmesurado que me fazia ter vergonha em confessar os meus medos e fingir que tudo está bem o tempo todo, foi a primeira pessoa com quem me senti à vontade para falar. Dois filhos com menos de 16 meses de diferença e um adolescente fruto do primeiro casamento do marido davam-lhe alguma credibilidade aos meus olhos

E foi das raras pessoas que me soube realmente fazer perceber que tinha armas suficientes para lidar com as coisas mas que o primeiro passo era aceitar a minha vulnerabilidade e imperfeição mostrando-me que os problemas podem ser mais pequenos do que parecem e que as fraquezas podem tornar-se forças ao longo do tempo. 

Neste telefonema que me fez acabou por me anunciar a sua partida iminente. De há alguns anos para cá estavam cada vez mais envolvidos em projetos de voluntariado na paróquia que frequentam mas desta vez concretizarão o sonho de uma vida: partir em missão humanitária em família, uma experiência e tanto para o casal e os dois filhos.

Não posso deixar de lhes tirar o chapéu e de usar uma expressão grosseira mas tão verdadeira "é preciso tê-los no sítio"! Sobretudo tendo eu própria explorado essa possibilidade há alguns anos atrás sem, no entanto, estar suficientemente motivada para passar da fase de procura de informação, tanto a coisa me parecia exigente!

Acredito sinceramente que cada um de nós tem uma missão nesta vida e que eles vão seguramente viver uma das deles. Sinto honra e orgulho no quanto acreditam neste projeto e sobretudo no quanto se estão a preparar emocionalmente para este embate que segundo as suas próprias palavras "trarão momentos muito duros para nós e para os miúdos".

E é esta coragem de aceitar a vulnerabilidade que me vai fazer falta, assim como a força, a confiança, a energia e a positividade de tantos daqueles que vimos sair do pé de nós ao longo destes anos. 

E a questão que se impõe: será que algum dia será a nossa vez de partir ou a nossa missão de vida é mesmo por aqui? Acredito que estamos sempre onde devemos estar por isso vamos esperar para ver...

Um grande beijinho e até ao próximo post!

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Photo de Daniele Colucci sur Unsplash

 

 

 

Cristiano: um exemplo para as gerações mais jovens!

Não, não pensem que as hormonas de gravidez me tiraram o juízo e que este blogue passou a falar de futebol. Não imaginem também que vou entrar no famoso debate "Ronaldo vs Messi" porque, para além de pouco perceber do assunto, não acho que devam ser comparados pelos amantes de futebol tal como os apaixonados de ténis não comparam Rafael Nadal e Roger Federer...

No entanto, apesar de ser uma pessoa complexa como todos nós e sabendo que é impossível agradar a gregos e a troianos, trago alguns pontos em que Cristiano Ronaldo é um ídolo válido, mesmo desejável, para os nossos jovens.  

Em primeiro lugar acho importante referir a capacidade de trabalho e o nível extremo de exigência que se impõe a si próprio. Chegar ao topo por mérito próprio é sempre algo de inspirador e que pode e deve ser adaptado à vida de cada um, por muito que raros seremos aqueles que chegaremos a melhores do Mundo de alguma coisa. 

Relacionado ou não com esse rigor pessoal temos a noção de que Cristiano é reconhecido pelo cuidado exímio que dá ao seu corpo. Numa juventude cada vez mais desligada de si própria e com mais afinidade pelos "prazeres momentâneos" do que pelos benefícios do rigor e da disciplina na forma como se cuida, o seu exemplo é de valor! 

Outra caracteristica da personalidade de Cristiano Ronaldo é o não se ter acomodado ao papel de vitima. Trabalhou duro, sofreu com certeza um bom bocado, cresceu numa família com problemas mas usou tudo isso como uma alavanca para alcançar objetivos e não como um travão. Para além de que sempre assumiu saber exatamente de onde vinha e de apoiar incondicionalmente a família. E há lá coisa mais saborosa do que podermos recompensar os nossos pais pelos esforços que fizeram por nós?

Para além do que dá à família, Cristiano é alguém de atento aos outros. Exemplos disso: o carinho que distribui aos pequenos fãs não destratando qualquer criança ou jovem que venha ter com ele e a grande generosidade com que apoia projetos médico-sociais, sem procurar um agradecimento público ou publicitar essas enormes doações. O que faz dele mais uma vez um exemplo a seguir. Claro que muitos de vocês me dirão (e com razão) "ah, ele tem dinheiro para isso". Mas a questão é: quantos também o têm e não o fazem? 

E por ai quais são as outras boas razões para fazer de Cristiano Ronaldo um exemplo para a nossa juventude? E que outros jogadores de futebol também seriam excelentes exemplos e porque razão? Numa época marcada por "idolos" cada vez mais visuais do que talentosos quem são aqueles que merecem realmente essa distinção?

Um grande beijinho e até ao próximo post!

 

 

O Silêncio é de Ouro!

Sou uma pessoa bastante introspectiva, o que me facilita um certo autoconhecimento, e coloco na ideia de "melhorar" um verdadeiro desafio. Por diversas razões não considero que os nossos defeitos tenham de ser assumidos como "um orgulho" mas sim como uma enorme fonte de motivação para crescermos enquanto pessoas. Claro que também não vale a pena lutar de punhos fechados com eles mas sim ir alterando comportamentos e padrões aos poucos e poucos de forma a nos tornarmos a melhor versão de nós mesmos. 

Fui-me apercebendo que um dos meus maiores defeitos é falar demais. Muitas vezes perco-me em explicações e em pormenores de tal forma que a atenção de quem me ouve acaba por se perder. Vejo-o tanto em casa, com o meu marido e filho, como no trabalho com alguns pacientes. 

Ainda para mais, e na ânsia de falar bastante, acabo muitas vezes por cortar a palavra à outra pessoa o que , para além de chato, é um tanto ou quanto grosseiro. 

Este 2024 já vai praticamente a meio. E nunca é tarde para rever ou adoptar novos objetivos. E apesar de 2024 ainda me trazer vários novos desafios com o nascimento de bebé 2 em Julho, a entrada na pré-escola do grande em Setembro e toda a nova organização familiar que terá de ser colocada em prática parece-me que este traço de personalidade também terá de ter alguma da minha atenção. 

E por aí, como estamos de objetivos para 2024?

Um grande beijinho e até ao próximo post!

 

Liberdade de Expressão, Democracia mas sobretudo Diplomacia

Os termos liberdade de expressão e democracia passaram a fazer parte integrante do vocabulário de uma boa parte da população ocidental. Sendo isso motivo de regozijo, é também uma enorme responsabilidade. Pelo seu peso e importância temos o dever de não as deixar cair nem em demagogia nem as tornar vazias de sentido. 

Viver em democracia significa ser livre de mostrar e de dar a sua opinião mas sempre com condicionantes. Em primeiro lugar respeitar o outro em todas as circunstâncias, em segundo sendo responsável pelo que se diz e faz e finalmente não prejudicando ninguém (excepção feita a casos muito particulares mas que felizmente saem da jurisdição do comum dos mortais). 

Não quero dizer com isto que devemos dizer "sim" a tudo mas antes que enfrentar o adversário com respeito, abertura e argumentos fundamentados é mais eficaz do que gritos, unhas pintadas ou opiniões exprimidas de forma agressiva e inapropriada já que estes últimos valem o que valem e são facilmente "varridos para debaixo do tapete"..

E é aí que entra a diplomacia que é a irmã mais discreta, mas também a mais astuta, das três com que nomeei este texto. 

Segundo o infopedia diplomacia é a ciência e a arte da representação dos interesses de um país no estrangeiro ou da promoção do direito e das relações internacionais. É sinónimo de circunspeção, discrição, finura de trato, astúcia e habilidade. 

Sou uma acérrima defensora da diplomacia na hora de resolver conflitos e de dar voz a causas e acredito no impacto enorme que uma atitude respeitosa, forte e digna têm, considerando-as mais "educativas" e "impactantes" do que o que se tornou banal e comum de assistir por aí.

Dou-vos um exemplo mais apropriado à nossa "micro-escala" e com o qual tentarei ilustrar aquilo que penso: 

"O João é um colega de trabalho. A sua conduta vai contra alguns dos meus principios e valores e as suas ações, por muito que não me sejam dirigidas pessoalmente, lembram-me isso o tempo todo. 

Por muito que me custe sei que o João é um elemento importante na empresa e que o seu valor é inestimável para o patrão, por outro lado assumo que os nossos conflitos são também provocados por mim ou, pelo menos, não faço nada para os ignorar ou minimizar quando surgem tendo mesmo um certo gosto em lançar umas farpas de vez em quando.

A realidade faz com que eu não possa sair daquele emprego apesar de ter de trabalhar com o João quando não tenho vontade de o ver nem pintado."

Posto isto qual o caminho a seguir? Será que é com a adopção de uma atitude grosseira e de choque direto com o João que vou criar condições para a resolução dos conflitos ou é mantendo uma atitude de escuta, com argumentos refletidos e trabalhados e uma atitude forte, digna e empática que terei mais possibilidades de o conseguir? 

Uma das minhas "heroínas" do século XX foi a Rainha Elisabete II, cuja dignidade em todas as circunstâncias permitiu a resolução de várias questões sensíveis. Aliás, das poucas vezes em que falhou o estrago foi visivel...

Claro que cada um de nós terá o seu próprio estilo de agir  mas a postura, a capacidade de passar a mensagem sem criar ainda mais tensão e conflito e a aceitação de que é impossível ganhar em todas as frentes são fundamentais para conseguir passar a nossa mensagem em condições e assim impactar positivamente as coisas. Caso contrário a situação pode ficar ainda mais penosa ou perigosa para os envolvidos o que não era de todo o que planeamos. 

Ter uma atitude diplomata está ao alcance de qualquer pessoa desde que os ingredientes necessários sejam reunidos: a fineza no trato, a adaptabilidade e a capacidade de escutar e de se exprimir na hora certa e pelo meio mais apropriado. Claro que nem sempre seremos perfeitos diplomatas e haverão momentos em que as nossas reinvindicações não serão ouvidas mas em todo o caso seremos seguramente mais eficazes do que muitos gritos que se ouvem por aí e que criam mais tensão do que aquela que já existe...

 

A Minha Mãe e Eu!

Ao longo dos últimos anos escrevi uns quantos posts com ideias de atividades para o Dia da Mãe. Apesar de ser um dia um tanto ou quanto comercial a verdade é que acredito que deve ser festejado não dando prendas caras mas dedicando tempo. 

Este ano, e para mudar um bocadinho de registo, decidi trazer-vos uma reflexão sobre a relação Mãe-Filha. Será que ela tem de ser sempre conflituosa ou pode ser uma relação saudável e estimulante para as duas? 

Para me inspirar nesta reflexão tive o privilégio de escutar alguns episódios do podcast do Dr. Eduardo Sá para o jornal "O Observador". Podcasts esses que vos aconselho absolutamente, sobretudo se problemas familiares e parentalidade fazem parte da vossa vida. Claro que o resto da reflexão advém da minha própria experiência enquanto filha (e atualmente mãe, porque sim a nossa visão muda) e também da experiência de amigas com quem pude discutir sobre o assunto. 

Em primeiro lugar quero deixar claro uma coisa: agora tenho uma excelente relação com a minha mãe. Uma relação que foi construída ao longo dos anos e que, como todas as relações que desenvolvemos ao longo da nossa vida, teve momentos melhores do que outros.

Se é verdade que conhecemos as nossas mães desde sempre, também é verdade que tantos elas como nós evoluímos de forma diferente e pessoal e por isso mesmo uma adaptação é constantemente necessária. E isso é a chave do sucesso de qualquer relação.

No nosso caso somos mulheres à primeira vista diferentes, com experiências de vida diferentes, com caminhos diferentes e com objetivos diferentes.

Nunca me quis ver como cópia da minha mãe pela simples razão de que acredito que a missão da mãe é a de educar, acarinhar e fazer crescer nunca esquecendo que é preciso dar asas para voar e armas para se safar na vida real fora dos braços maternos. Esta visão da maternidade que tenho marcada em mim de forma quase inata é a mesma que repito a mim mesma, todos os dias, agora que também eu sou mãe. 

Apesar de nunca termos falado sobre o assunto de forma assim tão aberta tenho a impressão de que a visão da minha própria mãe é semlhante o que me garantiu um "porto seguro" permanente. 

Se tivemos alguns altos e baixos ao longo dos anos e das diversas fases da vida de cada uma? Tivemos, claro. Da parte dela a tentativa de proteção e uma certa tendência para me tentar guardar em "terreno seguro e conhecido" provocaram-me algumas vezes um certo sentimento de frustração e de incompreensão.

Por outro lado o meu "espírito de contradição", a vontade quase vital de ser autónoma o mais rapidamente possível e, sou honesta, um certo desprezo pelos valores recebidos (que hoje assumo quase completamente como "meus" mas que como qualquer adolescente ou jovem adulta tive uma certa tendência a querer negar) não lhe facilitaram a vida! 

Apesar disso nunca me lembro de termos perdido o respeito uma pela outra, nem mesmo nos períodos em que nos movimentamos em "areias movediças".

A minha mãe teve o mérito de me dar espaço para escolher, errar e aprender com isso, mesmo quando claramente isso não a deixava descansada ou agradada. Eu, por outro lado, nunca deixei de ouvir os conselhos (mesmo os não solicitados) guardando no coração o que era para guardar assim como nunca deixei de assumir as minhas responsabilidades.

Em várias situação acabei por deixar a falta de humildade tomar conta de mim e não procurar o tal "abraço-casa" não porque ele não estivesse lá mas porque queria provar-me a mim mesma que era capaz de lidar com as coisas sozinha. Pelo contrário, sempre que foi solicitada a minha mãe esteve lá para mim sem um vacilo sequer. 

Uma das coisas mais engraçadas é que fora alguma parecença física somos mulheres diferentes: Eu sou provavelmente a mais feminina de nós duas, tenho a cabeça mais atulhada de sonhos grandiosos e de livros e as minhas aspirações são provavelmente mais "mundanas". A minha mãe, pelo contrário, é mais simples e prática, parte quase sempre do principio de que os outros são "boas pessoas", empenhasse na vida comunitária da freguesia onde mora e envolve-se em algumas organizações de uma forma altruísta. É também aquela mulher fiel à palavra família, seja ela próxima ou alargada.  

Ao longo dos anos aprendi a observar também as nossas semelhanças. Muitas vezes aquilo que mais me irrita nela é o espelho de mim própria que me é reenviado. Acho que de certa forma também lhe herdei o gosto de ajudar o outro pelo prazer de ajudar e de ter a casa cheia. Gosto de comer bem e para mim a hora da refeição em família é também sagrada! 

Se vos falo deste caminho percorrido é, não só porque acho que a história que tenho com a minha mãe vale a pena, mas também porque me dou conta da quantidade de mulheres à minha volta que não se entendem com as mães. 

Claro que excluo os casos mais graves em que o afastamento de um lado ou de outro é necessário, mas existem muitos casos em que a procura de perfeição de uma na outra é realmente a causa principal dos problemas. E é com isto na cabeça e a impressão que um certo "passo atrás" permitiria a muitas mãe e filhas de se reencontrarem, reconhecerem, crescerem juntas e admirar as mulheres fabulosas que uma outra são que vos escrevo este texto. 

E posto isto deixo-vos refletir no assunto, partilhar o post com alguém que esteja mesmo a precisar de o "ler" e sobretudo desejar a todas as mães (e filhas) um excelente Dia da Mãe! 

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Photo de Gabriel Tovar sur Unsplash

 

 

Deixem-me pensar pela minha própria cabeça!

Apesar de ter bastante respeito por várias áreas que fazem parte integrante da política, esta última é coisa que não me interessa.

Há uns anos atrás era visto como normal alguém não ter afiliação política e votar pela cara, ou quando muito pelas propostas dos candidatos. 

Hoje em dia a política, ou melhor os interesses dos políticos, embalam-nos na canção do bandido que é como quem diz formatam-nos a pensar como eles culpabilizando-nos por pensar aquilo que pensamos. 

E isso vê-se no dia a dia, quando se tornou estupidamente comum comentar com alguém a beleza do jardim municipal e a pessoa responder "quando era o partido de esquerda/direita" era muito melhor! Ora eu não quero saber como era antes mas aqui e agora o jardim está bonito e isso chega-me. 

A lenga lenga continua com a comunicação social e as redes sociais, que de social não tem nada, que passaram a ser veículos de transmissão de pensamento ideológico. E para ajudar é o tempo de antena dado a tal e tal organização, todos defensores acérrimos da liberdade de expressão e da democrática desde que isso não vá contra os seus próprios interesses, porque quando não lhes agrada saí o racista, o fascista, o esquerdista, o marxista e todos os istas possíveis e imaginários. 

Ora meus amigos, há bons e maus em todo o lado e se Deus nos forneceu algo tão maravilhoso como um cérebro é seguramente para o usarmos... O que convenhamos nem sempre é fácil porque implica refletir, errar, repensar e assumir a responsabilidade do que daí vem. 

Até os Senhores Jornalistas se atrevem a "dar sermões" e a isenção é cada vez mais esquecida. E os algoritmos e os "papagaios" que repetem tudo o que ouvem sem pensar. E os iluminados que acham que só eles detem a verdade e que manipulam à direita e à esquerda. 

Só gostava que parassem de me atirar areia para os olhos e de me tentarem manipular como se eu tivesse cinco anos. E nesta paranoia em que tudo é política e polaridade só vos peço uma coisa: deixem-me pensar pela minha própria cabeça! A mim e a todos aqueles que tem vontade disso... Obrigado!

hal-gatewood-OgvqXGL7XO4-unsplash.jpgPhoto de Hal Gatewood sur Unsplash

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