Descia um destes dias pela rua, com um barrigão enorme de final de gravidez, vestido e cabelos soltos e um sorriso na cara.
O sorriso, mais ainda do que os cremes ou a maquilhagem, são base essencial do meu dia a dia. E isso mesmo nos dias dificeis.
Por essa ocasião cruzei-me com duas meninas, provavelmente irmãs. Uma mais velhinha, provavelmente 7 ou 8 anos, que trazia a mais novinha pela mão. Nesse dia vinha meio que atormentada com uma conversa e a repensar algumas das minhas posições, que podem ser um tanto ou quanto severas há primeira vista. Ali colocava em causa se as minhas boas intenções e opiniões que acho fundadas e refletidas (mas que podem ser um pouco contracorrente) serão realmente assim ou se me comporto como alguém de obstinado e irritante...
Quando olhei para o lado vi os olhos da menina mais novinha a brilharem e a sorrir para mim. Eu que tantas vezes tento ser um exemplo, apesar dos meus erros, medos e incongruências estava numa posição que há anos me obcede: será que algum dia conseguirei ser como as tantas mulheres que me inspiraram e me fizeram lutar por mais e melhor ou nunca serei capaz de tal honra? E a resposta estava ali, debaixo dos meus olhos, no sorriso daquela criança...
E, intervenção divina ou pura coincidência, vim para casa mais tranquila e serena! Porque acredito que as crianças se enganam menos do que os adultos e que vem muito mais do que o sorriso, o vestido e os cabelos ao vento. Eles "cheiram" ao longe os nossos combates e sabem em quem se querem inspirar melhor do que nós mesmos...
Prometo-te menina com os olhos brilhantes que nos dias de dúvida tentarei sempre fazer os teus olhos brilharem ainda mais... porque sei a importância que o brilho nos olhos de uma menina tem na mulher adulta e no caminho que ela escolherá para si.
Escrevi este post com alguma antecedência o que torna possível que, quando ele chegar a vocês, bebé dois esteja iminente ou que até já tenha posto o nariz de fora!
A gravidez é um momento importante na vida de qualquer mulher e isso seja a primeira, a segunda ou a quinta. No entanto existem diferenças entre cada uma delas, seja por razões biológicas seja por simples diferença de circunstâncias.
Depois de ter discutido muito este assunto com amigas que passaram por duas ou três gravidezes, trago-vos as diferenças que nos saltaram mais à vista entre a primeira e a segunda gravidez.
'Bora lá?
- Mais conhecimento de causa:
A primeira gravidez é a descoberta enorme para a mamã de primeira viagem e cada sintoma e etapa trás a sua dose de dúvidas e de insegurança. A segunda gravidez, apesar do seu lote de aflições, permite relativizar melhor certas maleitas o que trás bastante mais tranquilidade à futura mamã;
- As fotos de gravidez são bem menos numerosas:
Se da primeira vez tiramos fotos à mínima evolução da barriga em todas as posições possíveis e imaginárias da segunda (e das seguintes) a coisa já é menos séria e servimos muito menos como modelos.
- O cansaço é bem diferente:
Se a primeira gravidez pode ser cansativa, a segunda não tem absolutamente nada a ver a nível de cansaço. Já há pelo menos um piolho para dormir com todo o seu arsenal de atividades, noite mal dormidas, birras e energia o que nos permite menos tempo de repouso no sofá ou de "namoro com a barriga".
- Menos culpa:
Mais cansaço significa menos tempo para estar nas redes sociais e de se sentir culpada por tudo e por nada. E sabe bem!
- Menos cuidados:
Se os cuidados básicos mantém-se os mesmos, os cuidados com a pele e a prática desportiva são mais rapidamente deixados de lado por causa do cansaço. Neste caso a força de vontade é mesmo muito necessária.
E por aí, quais foram as principais diferenças que sentiram entre uma primeira e uma segunda gravidez.
Cá por casa o exercício da educação é uma descoberta constante e faz-nos dizer que ter filhos é, ao mesmo tempo, a coisa mais difícil mas também a melhor que já fizemos.
Na época da globalização e do individualismo muitas vezes forçado, nós somos o exemplo típico de muitos pais da atualidade:
- Vivemos isolados pela emigração e pela distância que nos separa das nossas respetivas famílias (o que pode ser uma desvantagem em relação a quem tem familiares próximos quer a nível da famosa carga mental, quer em tensão entre o casal e com a criança) e que nos fazem viver na pressão constante do "ou está comigo ou contigo" o tempo todo;
- Temos falta de modelos educativos que nos possam servir de inspiração e em quem podemos realmente confiar (cada vez temos menos amigos e familiares com filhos e os que os têm vivem longe e tem também eles agendas sobrelotadas).
- Apesar de termos horários fixos, podemos dispor de tempo útil para o nosso filho o que é uma grande vantagem que temos em relação a muitos outros casais com horários mais carregados. Em contrapartida hobbies e atividades pessoais e em casal foram deixados no fundo da lista de prioridades com tudo o que isso implica...
Desde o inicio a falta de confiança e de modelos fez com que me sentisse tentada a "consumir" tudo e mais alguma coisa sobre parentalidade. No entanto rapidamente "meti um travão" a essa mania e hoje em dia filtro toda a informação que recolho, independentemente da sua fonte, por considerar que excesso de informação pode ser prejudicial, sobretudo quando ela é contraditória. Sem contar que cada um apresenta o seu "método" como "o único que funciona" o que todos sabemos não é verdade.
No entanto, quando as sugestões vem de pessoas que me são queridas ou em quem confio, posso abrir exceções e deixo-me levar pela curiosidade e foi o que aconteceu com este livro. A ideia desta crónica é fazer-vos um pequeno resumo e dar-vos margem de reflexão.
Infelizmente o livro só pode ser encontrado em Portugal na sua versão anglo-saxónica, o que é uma pena.
Vamos então ao que interessa: Michaeleen Doucleff é uma jornalista e mãe norte-americana que se sente "levada ao extremo" pela filha Rosy de três anos de idade. E é num momento em que a relação mãe e filha entra em real colisão que ambas partem à aventura para aprender com as tribos de caçadores coletores mais reconhecidas pelos seus métodos de educação.
E é desta forma que nos encontramos numa viagem pelo México, pela Tanzânia e pela Gronelândia.
- A primeira visita é às tribos Mayas no México. A autora e a filha são recebidas por alguns nativos que partilham os seus métodos educativos dos quais se destacam importância de fazer perceber à criança que faz parte de algo maior do que ela, neste caso a família e a comunidade. Para isso é sugerido (e aceite) que a criança ajude nas tarefas domésticas e que apesar de nada ser "obrigatório" é deixado claro que a colaboração é apreciada em retorno.
- Na segunda parte do livro "voamos" até à Tanzânia onde a ideia principal apresentada pelos Hazda é a da autonomia da criança, aceitando que ele corra riscos e criando uma rede de segurança invisível que tornem esse método possível sem termos de dizer "não", "para" e "stop" o tempo todo.
Claro que para isso a existência de uma rede de apoio e o envolvimento dos irmãos mais velhos é essencial mas mesmo assim há pequenas coisas onde podemos dar mais confiança aos miúdos em vez de os "esmagar" desde o começo.
Este ponto fez-me refletir que há 30 anos atrás nós tínhamos o direito de ir brincar na rua e de ir a casa de uns e de outros a pé. Toda a gente na vila se conhecia e isso ajudava bastante. Hoje em dia os meus primos da mesma idade não podem andar de bicicleta se não houver supervisão parental, nem mesmo há porta de casa, nem mesmo num sítio onde não haja trânsito (que é a desculpa preferida de toda a minha família)... É previsível de perceber quem tinha mais autonomia (e consequente responsabilidade) aos 10, 11 anos de idade.
- Por fim somos levados até à Gronelândia onde os Inuies nos ensinam a importância de preferir o silêncio e a comunicação não verbal à logorreia parental permanente (como sugeriu a autora gastei 20 minutos do meu precioso tempo para observar o meu comportamento e assumo que me impressionou a quantidade de informações, explicações, avisos e perguntas que fiz ao miúdo nesse tempo. Cá para mim pensei que, se fosse ao contrário, já há muito que tinha dado um berro a dizer basta. Claro que ele do alto dos seus 2 anos e 9 meses não me liga patavina...).
Outra coisa de que a autora fala é a necessidade de reduzir os elogios e substitui-los por reconhecimento. Admito que este foi o ponto onde a minha definição de parentalidade mais foi alterada já que me apercebi que realmente dizer "bravo" a tudo faz com que o "bravo" perca valor enquanto um "excelente trabalho, já és um menino crescido" na hora certa é muito mais eficaz. Cá em casa o "estás a portar-te como um bebé" também teve o seu impacto :)
Pelo caminho alguns outros métodos que, portanto os nossos pais até usavam connosco mas que nós deixamos cair em desuso como ignorar as birrinhas ou os maus comportamentos para chamar a atenção (eu pelo menos vejo poucos pais da minha geração a fazer isso preferindo "conversar" com a criança), usar os peluches e os jogos como "principais veículos de informação", desviar a atenção da criança para outra coisa, usar um "olhar matador" ao invés de um discurso de 10 minutos para mostrar desagrado e não entrar em negociação permanente por tudo e por nada (de qualquer forma cá em casa isso ou acaba em birra ou ele ganha-nos pelo cansaço).
Juntava também a ideia de que não se podem ganhar as batalhas todas de uma vez e há coisas que realmente precisam de tempo para acontecer.
Apesar de ter tirado um enorme proveito da leitura deste livro deixo-vos alerta para a necessidade de manter um certo distanciamento de tudo o que é apresentado.
Em primeiro porque nem tudo é possível de adaptar à nossa realidade (por exemplo se não tenho uma rede de apoio e vivo numa cidade de milhões de habitantes não posso confiar nos outros para "vigiarem" o meu filho enquanto vai sozinho à padaria como acontece com um pequeno de 4 anos no livro). Igual reflexão para as ideias que vão claramente contra as convições que temos profundamente enraizadas em nós. Usando mais uma vez um exemplo do livro é-me impossível ignorar o facto de o meu filho me bater. Há primeira impeço-o de me bater e explico-lhe que fez mal se ele tenta continuar a fazer de mim saco de pancada coloco-o de castigo. Sim, ele está com raiva mas sim também existem comportamentos inaceitáveis e, apesar de ele perceber ou não a mensagem, a consequência tem de acontecer (opinião pessoal, evidentemente. Cada um gere da maneira que lhe parece mais apropriada para si e para os seus. Não é porque eu reajo de uma forma e outra pessoa de outra que nos estamos a "ofender mutuamente").
Outro ponto que me incomoda um bocadinho no livro é a ideia defendida pela autora, de forma consciente ou não, de que a educação ocidental está completamente errada. Ora acredito que há do bom e do mau em todo o lado e que o segredo é encontrar o equilíbrio e o que se encaixa na nossa personalidade enquanto educadores, na vida das nossas crianças e na nossa realidade pois é nela que vivemos.
Uma pequena experiência que fiz depois de terminar o livro foi colocar em prática alguns dos "métodos" apresentados. Curiosamente enquanto que, com a pequena Rosy, tudo funcionou cá em casa 2/3 das ideias não tiveram efeito nenhum. No entanto tenho de admitir que algumas funcionaram bem e que guardo dois ou três para mais tarde.
De todas as formas uma leitura interessante que me permitiu repensar algumas coisas, reforçar outras e dizer "isto para mim não serve" noutras também.
Ao longo dos últimos anos escrevi uns quantos posts com ideias de atividades para o Dia da Mãe. Apesar de ser um dia um tanto ou quanto comercial a verdade é que acredito que deve ser festejado não dando prendas caras mas dedicando tempo.
Este ano, e para mudar um bocadinho de registo, decidi trazer-vos uma reflexão sobre a relação Mãe-Filha. Será que ela tem de ser sempre conflituosa ou pode ser uma relação saudável e estimulante para as duas?
Para me inspirar nesta reflexão tive o privilégio de escutar alguns episódios do podcast do Dr. Eduardo Sá para o jornal "O Observador". Podcasts esses que vos aconselho absolutamente, sobretudo se problemas familiares e parentalidade fazem parte da vossa vida. Claro que o resto da reflexão advém da minha própria experiência enquanto filha (e atualmente mãe, porque sim a nossa visão muda) e também da experiência de amigas com quem pude discutir sobre o assunto.
Em primeiro lugar quero deixar claro uma coisa: agora tenho uma excelente relação com a minha mãe. Uma relação que foi construída ao longo dos anos e que, como todas as relações que desenvolvemos ao longo da nossa vida, teve momentos melhores do que outros.
Se é verdade que conhecemos as nossas mães desde sempre, também é verdade que tantos elas como nós evoluímos de forma diferente e pessoal e por isso mesmo uma adaptação é constantemente necessária. E isso é a chave do sucesso de qualquer relação.
No nosso caso somos mulheres à primeira vista diferentes, com experiências de vida diferentes, com caminhos diferentes e com objetivos diferentes.
Nunca me quis ver como cópia da minha mãe pela simples razão de que acredito que a missão da mãe é a de educar, acarinhar e fazer crescer nunca esquecendo que é preciso dar asas para voar e armas para se safar na vida real fora dos braços maternos. Esta visão da maternidade que tenho marcada em mim de forma quase inata é a mesma que repito a mim mesma, todos os dias, agora que também eu sou mãe.
Apesar de nunca termos falado sobre o assunto de forma assim tão aberta tenho a impressão de que a visão da minha própria mãe é semlhante o que me garantiu um "porto seguro" permanente.
Se tivemos alguns altos e baixos ao longo dos anos e das diversas fases da vida de cada uma? Tivemos, claro. Da parte dela a tentativa de proteção e uma certa tendência para me tentar guardar em "terreno seguro e conhecido" provocaram-me algumas vezes um certo sentimento de frustração e de incompreensão.
Por outro lado o meu "espírito de contradição", a vontade quase vital de ser autónoma o mais rapidamente possível e, sou honesta, um certo desprezo pelos valores recebidos (que hoje assumo quase completamente como "meus" mas que como qualquer adolescente ou jovem adulta tive uma certa tendência a querer negar) não lhe facilitaram a vida!
Apesar disso nunca me lembro de termos perdido o respeito uma pela outra, nem mesmo nos períodos em que nos movimentamos em "areias movediças".
A minha mãe teve o mérito de me dar espaço para escolher, errar e aprender com isso, mesmo quando claramente isso não a deixava descansada ou agradada. Eu, por outro lado, nunca deixei de ouvir os conselhos (mesmo os não solicitados) guardando no coração o que era para guardar assim como nunca deixei de assumir as minhas responsabilidades.
Em várias situação acabei por deixar a falta de humildade tomar conta de mim e não procurar o tal "abraço-casa" não porque ele não estivesse lá mas porque queria provar-me a mim mesma que era capaz de lidar com as coisas sozinha. Pelo contrário, sempre que foi solicitada a minha mãe esteve lá para mim sem um vacilo sequer.
Uma das coisas mais engraçadas é que fora alguma parecença física somos mulheres diferentes: Eu sou provavelmente a mais feminina de nós duas, tenho a cabeça mais atulhada de sonhos grandiosos e de livros e as minhas aspirações são provavelmente mais "mundanas". A minha mãe, pelo contrário, é mais simples e prática, parte quase sempre do principio de que os outros são "boas pessoas", empenhasse na vida comunitária da freguesia onde mora e envolve-se em algumas organizações de uma forma altruísta. É também aquela mulher fiel à palavra família, seja ela próxima ou alargada.
Ao longo dos anos aprendi a observar também as nossas semelhanças. Muitas vezes aquilo que mais me irrita nela é o espelho de mim própria que me é reenviado. Acho que de certa forma também lhe herdei o gosto de ajudar o outro pelo prazer de ajudar e de ter a casa cheia. Gosto de comer bem e para mim a hora da refeição em família é também sagrada!
Se vos falo deste caminho percorrido é, não só porque acho que a história que tenho com a minha mãe vale a pena, mas também porque me dou conta da quantidade de mulheres à minha volta que não se entendem com as mães.
Claro que excluo os casos mais graves em que o afastamento de um lado ou de outro é necessário, mas existem muitos casos em que a procura de perfeição de uma na outra é realmente a causa principal dos problemas. E é com isto na cabeça e a impressão que um certo "passo atrás" permitiria a muitas mãe e filhas de se reencontrarem, reconhecerem, crescerem juntas e admirar as mulheres fabulosas que uma outra são que vos escrevo este texto.
E posto isto deixo-vos refletir no assunto, partilhar o post com alguém que esteja mesmo a precisar de o "ler" e sobretudo desejar a todas as mães (e filhas) um excelente Dia da Mãe!
Uma das minhas grandes preocupações em relação à educação do meu filho passa também pelo bilinguismo. Vivendo em França mas com toda a família e as raízes em Portugal parece-nos fundamental ajuda-lo a aprender as duas línguas ao mesmo tempo.
E se parece coisa fácil, já que "basta os pais falarem para eles aprenderem", a verdade é que este bilinguismo, sobretudo quando desejamos um bom nível em ambas as línguas, tem a sua dose de "desafio".
Hoje gostaria de vos relatar alguns desafios aos quais nos temos confrontado agora que ele já começa a falar. Considero que para nós que falamos todos a mesma língua é mais fácil do que se apenas um dos pais ensina a língua minoritária.
Uma das maiores dificuldades que sentimos nele é a de perceber onde e com quem deve falar português ou francês. Se não demonstra ficar frustrado com o facto de as pessoas não o perceberem quando fala a língua "errada" acreditamos que seja nosso trabalho explicar-lhe com quem e onde deve falar o quê.
Outro desafio, mas este é sobretudo para nós pais, é o de sermos ainda mais vigilantes com a nossa própria linguagem. Porque, como toda a gente, fazemos atenção à linguagem demasiado familiar mas também somos obrigados a evitar os "francesismos" que por facilidade utilizávamos antes de ele nascer!
Um outro ponto que tem de ser aceite por todos nós é o "sotaque" dele. Se é comum entre os miúdos bilingues terem algum sotaque ao inicio é verdade que, enquanto adultos, temos tendência a corrigir tudo até à exaustão. E isso é bastante desencorajador para a criança. No nosso caso temos uns brilhantes "R" e "el" à francesa e sinceramente, por enquanto, achamos que é bastante charmoso.
Um bocado no seguimento do ponto anterior, temos tentado trabalhar a nossa indulgência e a nossa perseverança em todos os momentos. Não o frustrar demasiado com correções e criticas, nem cair na facilidade de falar a língua que para ele é mais cómoda.
Mas afinal o que temos colocado em prática ao longo dos últimos seis meses para o ajudar nesta aprendizagem dupla?
Falar português em casa sempre que possível é indiscutivelmente importante, mas permitir-lhe socializar com outras pessoas é igualmente fundamental. Estimulamos ao máximo os tempos de conversa com os avós, mesmo que seja via videochamada. Quanto ao francês, a creche é o ponto principal de aprendizagem mas também o incitamos a jogar com outras crianças no parque e a comunicar com outros adultos, sejam pais de outras crianças na creche, amigos nossos ou mesmo caixas do supermercado.
Cantigas, histórias e desenhos animados em ambas as línguas são também ferramentas que tentamos colocar ao nosso dispor e que adaptamos em função das necessidades que ele apresenta. Claro que, em qualquer uma delas somos exigentes nas escolhas, sobretudo a nível de nível de linguagem.
Já falei lá atrás mas, para mim, a perseverança e o reforço positivo são peça chave para ele apreciar ambas as línguas e sermos confrontados o mais tarde possível com o facto de ele não querer falar uma delas, que é algo comum em miúdos bilingues.
Ao longo do tempo temos também tentado envolver as outras pessoas que fazem parte da vida dele neste processo. Na creche a "atitude conciliadora" foi mesmo muito importante sobretudo numa fase em que ele falava mais português do que francês. Com uma atitude compreensiva em relação às informações e inquietações do pessoal da creche mas defendendo a importância que a equipa pode ter em todo este processo conseguimos encontrar um equilíbrio e um ambiente favorável à aprendizagem das duas línguas. Trabalho semelhante foi também necessário com as nossas famílias e amigos.
Este testemunho é apenas o resumo dos nossos primeiros passos neste caminho de educar um miúdo bilingue, quem sabe quantos outros se seguirão...
"Festejei" o mês passado os meus primeiros dois anos e meio neste caminho da maternidade. O balanço geral é excelente tanto que contamos repetir a experiência daqui a alguns meses. Mas existiram alguns altos e baixos pelo caminho e é deles que fala este post.
Espero que gostem, que compartilhem as vossas experiências e que o façam chegar a uma futura ou recém-mamã que precise de um incentivo.
- É verdade que nada será como dantes... mas isso não é necessariamente mau:
Dizem-nos muitas vezes que depois do nascimento do bebé nada será como dantes. É verdade que a disponibilidade para muitos outros aspetos da minha vida foi reduzida e que o equilíbrio entre o novo papel de mãe e todas as outras facetas da minha vida foi difícil a conseguir. No entanto aquilo que na altura considerava um "dano colateral" considero hoje como uma simples readaptação das coisas: o pouco tempo que temos em casal é mais intenso e mais bem aproveitado, os amigos que se afastaram seguiram os seus percursos de vida e as amizades são assim mesmo, as atividades que mantive são mesmo aquelas que me "enriquecem" e tornei-me muito mais eficaz na maioria das atividades que exerço.
- O Parto é só o início de tudo:
À força de querermos falar de tudo "sem tabus" acabamos por esquecer que há muitos "tons de cinzento".
Aconteceu-me isso com o parto. E li tanto sobre o preparar para o parto e o como recuperar rápido do parto e sobre o famoso pós-parto que me esqueci do que esse momento significava.
E acreditem que, apesar de não poder dizer que foi o momento mais agradável da minha vida, não foi, em todo o caso para mim, o pior deste caminho todo. Claro que contei com o apoio incondicional do meu querido marido e da equipa médica que foi excelente.
- Aceitar as escolhas da criança é desafiante:
Com dois anos e meio o meu filho não toma decisões muito "importantes" mas, dentro do que nos parece sensato, tentamos deixa-lo fazer escolhas controladas. E já assim acho complicado de aceitar as suas escolhas em relação ao livro (que a mãe até nem gosta muito) mas que era totalmente correto e que ele escolheu na biblioteca, do facto de ele reclamar do cheiro do novo gel de banho que usamos para a sua pele atópica e da camisola que quer vestir e que é sempre a mesma.
Digo-me a mim mesma que tenho muito trabalho para me preparar para quando as suas escolhas forem mais complexas.
- Sofás brancos numa casa com crianças SÓ MESMO no instagram:
Se ainda não desisti de ter a casa mais ou menos limpa e arrumada, já percebi há algum tempo que a "limpeza imaculada" é incompatível com uma casa de família. Por isso, e como renuncio a passar trinta vezes por dia o aspirador e a impedir o miúdo de usar para o sofá ou molhar tudo durante a lavagem dos dentes, acabei por me conformar com isso. E a verdade é que, quando o quarto dele não está virado do avesso mal chega da creche, é porque está "a chocar alguma". Por isso viva a desarrumação!
- Ninguém te conta tudo... mas conversar com outras mães pode ajudar:
Queixava-se uma amiga recém mãe que nunca lhe "contaram que era assim". É um facto que escondemos, de forma mais ou menos voluntária algumas das nossas derrotas ou dificuldades. No entanto, ir direito a algumas mães mais experientes e que estão disponíveis para falar abertamente e aconselhar é muito bom. Em primeiro lugar porque alguém já enfrentou aquele problema com um dos filhos e segundo, mesmo que nem todos os conselhos sejam bons, há ideias que podem ser aproveitadas e adaptadas aos nossos.
Mas atenção à escolha das pessoas em quem confiamos!
- Divisão de tarefas a 100% não funciona:
Ou em todo o caso connosco não funcionou. Passo a explicar: entramos neste caminho da paternidade com a ideia de que tínhamos de dividir tarefas de igual para igual. Caricaturando as coisas era mais ou menos numa do "agora mudas tu a fralda, daqui a pouco mudo eu". No entanto esse método em vez de nos ajudar acabou por nos prejudicar bastante.
Com o tempo, e algumas discussões depois, acabamos por enveredar pelo caminho das "duas equipas", cada uma gerindo o que faz melhor e ajudando-se entre si. Um cozinha enquanto outro dá banho, um gere as consultas médicas e os horários da creche enquanto o outro vai deitando um olho ao que é preciso juntar na próxima lista de compras... e por aí fora. Participação das duas partes sim, mas sem cair em extremismos porque com eles nada vai para a frente!
Ou o que aprendi comigo e com as prendas que compro para os bebés das amigas
Por este lado tem sido uma "chuvinha" de bebés a nascer e a busca pelos presentes "perfeitos" inspirou-me este post.
Apesar de não ser "obrigatório" acho que todos nós gostamos de presentear os pequenos seres que chegam a este Mundo, especialmente quando eles são filhos de familiares ou de amigos próximos.
No entanto, e antes de começar, gostaria de deixar duas ideias importantes. A primeira é a de que não é o valor da prenda que conta mas sim a intenção e, por vezes, são as coisas mais "modestas" as mais apreciadas. Se não puderem dar mais nada façam algo vocês mesmos, sem vergonhas.
A segunda ideia que me parece importante é a de não nos esquecermos do valor que tem um postal ou um cartão manuscrito. Ao contrário do resto, estes podem ser "guardados à vida", e na época do digital em que se tornou mais fácil colocar o número do cartão num qualquer site internet do que escrever algo pela própria mão, esta ganha ainda mais valor.
Posto isto, deixo-vos aqui as minhas sugestões para presentes de nascimento.
- Comida e ajuda:
Os primeiros dias de um bebé são "fogo" e quem já passou por isso sabe bem.
Por isso um dos presentes mais apreciados pelos pais são refeições já prontas (e se o "doador" não for propriamente um "Cordon Bleu" ou se forem pizzas congeladas do supermercado não faz mal nenhum) e pequenos serviços (ocupar-se dos filhos mais velhos aliviando assim os pais que tem mais do que um, ir ao supermercado buscar algo de que precisem ou proporem-se para gerir alguma roupa da família) serão presentes mais do que apreciados.
E mesmo o bebé beneficia já que não há nada de que precise mais do que pais com condições para se ocupar dele.
- "Vouchers de Serviços":
Continuando nas prendas "desmaterializadas" (e quase gratuitas) porque não ser imaginativo e criar para os pais uma caderneta de "vouchers de serviços" com validade de um ano, por exemplo.
Nele podem estar coisas como "ficar com o bebé durante uma hora para a mãe tomar banho", "ajudar com uma remessa de potes de fruta" ou "trocar uma fralda bem suja"... a ideia é mostrarem a vossa disponibilidade sem imposição, deixando assim aos pais a decisão de vos pedir ajuda quando assim o entenderem. A importância de ter uma data de validade é também a de lhes mostrar a vossa disposição mesmo quando o bebé for maior, quando as ajudas são mais escassas e as outras pessoas já passaram a outra coisa.
- "Consumíveis":
A chegada de um bebé é sinónimo de despesa para os pais e, por isso mesmo, consumíveis podem ser uma excelente ideia de prenda.
Pacotes de fralda, latas de leite, potes de comida com validades longas podem ser presentes extremamente úteis e benvindos! E têm a vantagem que podem dar apenas um artigo ou pelo contrário constituir um cabaz em função das vossas possibilidades. Podem ter a certeza que os pais agradecem!
- "Box Bebé":
Quando o meu filho nasceu tivemos a sorte de ser presenteados com uma box e adoramos o conceito.
Entretanto com o nascimento de filhos de dois casais amigos procuramos o mesmo conceito em Portugal e encontramos a marca "Mimobox".
Os nossos amigos ficaram maravilhados com a constituição das boxs que lhes foram de extrema utilidade.
Não é um presente muito barato mas é uma excelente ajuda já que se constitui de consumíveis de marcas diferentes que permitem testar e ver o que convém aos bebés (e também às mães já que a mimobox é também dedicado a elas).
- Roupa para idades mais avançadas:
Quando o nosso filho nasceu fomos extremamente mimados já que recebemos muitos presentes.
No entanto a maioria das peças de roupa eram de tamanho 1 e 3 meses o que fez com que as vestissemos pouco, especialmente as coisas mais "arrumadinhas", e ainda guardamos muita coisa que nunca chegamos a estrear. Confesso que isso me deixou um pouco frustrada.
Pelo contrário, uma colega e amiga ofereceu-nos um casaco de Inverno, o que por si só já é um presente extremamente generoso, em tamanho 3 anos. O pequeno ainda hoje o usa, é o seu casaco de todos os dias, e foi de longe o presente mais útil que recebemos.
Por isso não fechem a porta à ideia de dar roupa para mais tarde, quando as crianças crescerem e os presentes se tornarem escassos.
- Cartões Presente:
Na mesma ótica do deixar os pais escolher o que lhes dá mais jeito quando lhes dá mais jeito, os Cartões Presente podem ser bastante úteis. Podem não só servir para comprar roupa como para dar uma "ajudinha" na compra daquele artigo mais caro. Já que é para dar prazer, que seja até ao fim.
E por aí, quais os presentes que acham mais "úteis" para oferecer aos recém-nascidos e as seus pais? Já ofereceram algumas destas coisas? Fico a aguardar as vossas respostas e sugestões!
Hoje em dia as razões para utilizarmos os transportes públicos são mais do que muitas. E quando são acessíveis os transportes públicos podem ser excelentes opções para o dia a dia de todos os membros da família.
Quando o nosso filho nasceu era óbvio que retomariamos a nossa rotina diária para os trajetos casa-trabalho em transportes públicos, sobretudo porque a creche do menino fica bastante perto do meu trabalho.
O carrinho de bebê pode entrar em alguns transportes mas o marsúpio pode ser uma solução mais vantajosa na maioria dos casos, pelo menos enquanto a criança for pequena.
As nossas viagens diárias são normalmente em família o que nos permite conversar calmamente já que estamos todos mais ou menos "frescos" e disponíveis uns para os outros, ainda sem o stress do dia de trabalho.
O regresso a casa, pelo contrário, é o nosso momento de mãe e filho. Lemos livros, cantamos canções e ele aprende imensas coisas como cores, formatos, peças de vestuário e por aí fora.
O facto de cruzarmos sempre as mesmas pessoas faz com que tenhamos a oportunidade de socializar e de conversar com pessoas diferentes daqueles de quem nos aproximariamos à primeira vista. E isso é enriquecedor para nós dois.
Fazem-me muitas vezes a seguinte pergunta: "e para o menino não é muito difícil?". Sinceramente não! Sim, os Invernos são rigorosos e nesses dias tem de estar convenientemente vestido, e quando faz calor ando com o protector solar, água termal e água para beber dentro do saco mas é tudo uma questão de adaptação. Ele está habituado e acredito sinceramente que prefere estar ali connosco disponíveis do que de costas para ele a reclamar com o trânsito.
Também é certo que nem tudo é um mar de rosas e que os atrasos, as condições meteorológicas e a falta de civismo são desesperantes. Mas são raros os dias em que corre mal e a viagem é normalmente agradável para todos.
Também há os dias em que as condições são perfeitas e o miúdo está incomodado, chora ou faz birra. Nesses casos coração ao largo! É uma criança e tem direito a estar nos dias maus dele. O adulto que reclama ali perto também não está forçosamente num dia muito bom...
No entanto livros, brinquedos e até umas bolachas podem ser bastante úteis numa viagem de transportes públicos, sobretudo quando ela é grandinha...
No nosso caso estamos a 40 minutos de viagem com uma correspondência e não estamos perto de abandonar esta rotina.
Durante a gravidez passei algum tempo a procurar informação sobre os "essenciais" para a chegada do bebé. Coloco o termo "essenciais" entre aspas porque o que eles precisam mesmo é de colo e amor, o que comer, onde dormir e o que vestir.
Hoje decidi também eu apresentar-vos cinco coisas que usei muito nos primeiros meses do bebé (para além do carrinho, da cama e da cadeirinha do carro). Espero que este artigo possa dar algumas informações interessantes a quem delas precisar.
Marsúpio (ou sling):
O Marsúpio foi sem dúvida uma das coisas que mais utilizámos com o nosso menino, fosse para passeio fosse para o acalmar durante as primeiras semanas de vida. É prático e um meio de transporte todo o terreno com o bebé. Rentabilizámos tanto que ainda agora o utilizamos para as viagens de avião já que é mesmo muito útil para as deslocações no aeroporto.
Pessoalmente preferimos o Marsúpio ao sling porque não nos sentiamos à vontade com a segunda opção mas é claro uma escolha própria a cada casal.
Tapete de Atividades:
Como fisioterapeutas de profissão pareceu-nos uma evidência a necessidade de um tapete para o nosso filho e isso desde pequenino. Se um cobertor faz efetivamente o mesmo efeito, o facto de ser almofadado, de ter cores e texturas diferentes são excelentes instrumentos de estímulo e facilitam o desenvolvimento neuro-motor do bebé.
Escorredor de Biberons:
Apesar de ter um projeto de amamentação esse não correu como previsto e desde cedo tive muita "louça do bebé" para secar. E o escorredor de biberons ajudou-nos a dar um ar mais organizado a isso tudo, especialmente quando tínhamos todo o material da bomba de extração de leite e os dois biberons que o bebé usava em cada refeição, ou seja a cada três horas. Para ajudar escolhemos um modelo bem colorido para ser ainda mais bonito.
Sistema Isofix:
Não é provavelmente prioritário e é bastante caro mas entre a segurança e a praticabilidade que dá ao ovo do bebé damos por bem empregue o investimento.
Almofada de amamentação:
Já vos falei dela aqui mas ainda hoje ela nos acompanha. Para amamentar, na hora de dar o biberon, para ajudar no posicionamento do bebé ou para tornar mais confortáveis os momentos longos de colo como a "hora da bruxa" esta almofada continua a ser bastante útil.
E por aí, o que foi mais usado durante os primeiros seis meses de vida do bebé?
Um grande beijinho e até ao próximo post.
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A maternidade consegue colocar do avesso a vida de qualquer pessoa. E se de um lado há um cansaço que se acumula e que é difícil de gerir, especialmente ao início, por outro lado traz momentos muito intensos e aprendizagens gigantes. Comparo a minha ainda recente condição de mãe a ser submersa por uma onda gigante que parece nunca ter fim.
Não posso deixar de confirmar que o meu filho é a melhor coisa que tenho no Mundo. Os seus sorrisos, gargalhadas, conquistas e deslumbramentos têm em mim um efeito tónico especial e completamente inédito. Mas a maternidade, para além de me ter transformado em "Mãe" também mexeu intensamente na minha feminilidade.
Sem pensar muito direi que me tornei mais forte mas ao mesmo tempo mais protetora em relação a quem amo. Passei também a tentar ser mais corajosa e justa com o que se passa à minha volta.
Aprendi a aceitar o meu corpo, mesmo com as suas imperfeições. Afinal ele conseguiu dar vida e isso já é mais do que motivo para sentir gratidão. (re)Aprendi e (re)descobri o prazer de escolher o que vestir, como me maquilho, como me cuido... afinal a imagem que quero ter é também a imagem que lhe quero transmitir a ele.
Ser mãe ensinou-me a relativizar, a aceitar as muitas tonalidades de cinza que existem. A procurar beleza em tudo, mesmo tendo consciência de que nem sempre o Mundo seja tão belo como gostaria. E daí nasce uma crença, como uma força destrutiva que me faz acreditar que é o amor e a beleza que podem trazer reais mudanças no Mundo.
Ser mãe desenvolveu-me a paciência e capacidade de compreensão. E mostrou-me que, mesmo quando não sou nem tão paciente nem tão compreensiva como gostaria, sou tão digna de perdão como qualquer outra pessoa.
Ser mãe ajudou-me a redescobrir-me e a assumir aquilo que quero e gosto, custe o que custar. A aceitar o que não pode ser mudado para já e a fazer-me mais confiança do que nunca.
Ser mãe não transformou a minha vida em azul, nem em rosa. Fez dela um arco-íris de mil cores em que todas elas fazem partes juntas.
E se não é preciso ser mãe para mudar, no meu caso foi uma enorme transformação).