Mais um Natal que se aproxima e a querida Isabel voltou a desafiar-nos para escrever mais uns Contos de Natal (e este ano com motivação extra). Dessa forma aqui fica a minha modesta contribuição e votos de um Feliz Natal a todos vós!
O mês de Dezembro já vai adiantado. Rita vai à janela do escritório e olha a rua. Podia jurar que toda a cidade saiu à rua e se deslumbra com as luzes de Natal.
Ela lembra-se que, em criança, adorava esta época e guarda lindas recordações da decoração do presépio e do cheiro dos doces da avó Josefa.
Mas desde que cresceu deixou de ter tempo para essas futilidades. O trabalho enquanto advogada e os seus objetivos profissionais estão no topo da sua lista de prioridades e tudo o resto terá de esperar, pelo menos até esses objetivos serem atingidos.
Ainda há poucas horas atrás a mãe, sempre tão orgulhosa, recusou-se a compreender as razões mais do que legítimas da sua ausência.
Decidiu-se a não lhe dar ouvidos e classificou as suas atitudes como uma tempestade num copo de água. Afinal é só um dia como os outros e ela está demasiado ocupada para se dedicar “a comer e beber um dia inteiro”.
No final do dia quando chegou a casa deixou-se cair no sofá, extenuada. O sono apoderou-se dela e, sem se aperceber, caiu num sonho.
Nesse sonho ela estava numa clareira cheia de neve. No meio dessa clareira encontrasse uma casinha de madeira cuja chaminé fumegava. Cheia de frio e movida pela curiosidade decidiu entrar.
Lá dentro o calor era agradável e no ar pairava o cheiro de chocolate e especiarias. Sentada de costas para ela estava uma menina. Os seus cabelos encaracolados lembravam-lhe os seus cabelos. Vendo mais de perto reconheceu a sua própria imagem com seis, sete anos.
A pequena Rita começou a falar:
- Sei como te tens dedicado ao trabalho e como o sucesso profissional e financeiro são importantes para ti. Não há nada de errado com isso.
A única coisa errada é a forma como o teu coração se tem tornado frio ao longo dos anos. Esqueceste-te da última vez que abraçaste a tua mãe, nem conheceste o teu sobrinho e ainda te chateias quando te dizem alguma coisa?
E todos aqueles que estão à tua volta e a quem tu não perdoas nada?
Lembraste da tua ex-secretária que se despediu por causa da tua pressão, que querias cada vez mais e mais trabalho, sem teres a mínima empatia pelo facto de ela, jovem mãe, estar cansada.
Também a tua amiga Dalila, que acusaste de traição por te ter recusado um encontro quando te dava jeito a ti, por se ter comprometido como voluntária numa associação de apoio a idosos.
Tens ar de estar espantada, Rita, como se o facto dos outros terem prioridades te deixassem confusa.
Mas, se hoje estás aqui comigo, é para te lembrar disso. A tua mãe não está a ter “mau feitio” mas ela está doente, como bem sabes, e quer passar este Natal contigo, nunca se sabe se não será o último.
Por este andar vais acabar sozinha e cheia de azedume. Certamente com uma carreira brilhante e um coração sombrio.
Ainda tens a possibilidade de alterar isso, mas tens de o fazer imediatamente. O tempo urge e ninguém recebe eternamente amor sem dar nada em troca…
Acabada esta frase, Rita acordou sobressaltada. Tinha sido tão real este sonho… Será que ela tinha mesmo razão?
Tentou esquecer a história e dormir mas o sono não voltou o que a obrigou a dar voltas e voltas na cama.
A manhã da véspera de Natal foi chegando aos poucos, cinzenta e húmida. Rita esperou que a hora fosse mais decente e tentou ligar para a sua prima João. Ela era a sobrinha preferida da sua mãe e a única médica em quem ela tinha total confiança… Depois de um início de conversa frio, o que a fez recordar que não falava com esta prima querida há, pelo menos 3 anos, teve a confirmação da gravidade da doença da mãe. Nada que ela não soubesse mas, absorvida que estava no trabalho, não tinha medido a importância da informação.
Invadida por uma espécie de pânico, como se o Mundo estivesse a ruir à sua volta, Rita decidiu-se a fazer o impensável: ia passar o Natal com a família, mesmo que isso implicasse muitas horas de trabalho nas semanas seguintes.
Conduziu até casa, quase sem pausas, parando apenas para comprar uma sobremesa… já que não tinha presentes ao menos que tivesse um doce para colocar na mesa. Quando chegou à porta de casa foi invadida pelo cheiro a bolo e pela música que pairava no ar.
A família já estava reunida à volta da mesa pronta para cear. Ela chegou de mansinho, meio envergonhada por aparecer de surpresa. Mas foi recebida com gritos de alegria e, para sua surpresa, o seu lugar estava lá na mesa.
Quando chegou à meia noite, na altura da troca de presentes, abriu a janela e viu uma estrela cadente. Pediu-lhe saúde para a Mãe e muito mais tempo para a família e sentiu, naquele momento, que o seu pedido tinha sido atendido.
A partir daí a Rita não faltou a mais um único Natal.
Os anos passaram e à carreira foi juntando outros papéis. O de mãe e esposa, o de filha dedicada e tia preocupada.
Ao contrário daquilo que ela pensava, nada disso a prejudicou… antes pelo contrário já que encontrou muita motivação em todos esses desafios. E desde esse ano, em todos os Natais, se levanta da mesa à meia noite da consoada e vai à janela agradecer em silêncio. Afinal foi aquela estrela que a aproximou da família e é na família, mais do que nas lojas, no dinheiro e no ego, que se passa o Natal.
A querida Anita Flor escreveu este post absolutamente maravilhoso sobre A Arte de Elogiar e deixou-me bastante reflexiva.
Tento esforçar-me ao máximo por elogiar os outros mas nem sempre o faço da melhor maneira. Talvez porque não faça a mínima ideia de como receber o elogio alheio sem me sentir meio "uma fraude" e achar que é um engano ou mera cortesia.
A razão para isso é muito simples tenho alguma dificuldade em me definir, em saber o que em mim é especial e diferente.
E foi a este exercício que me propus hoje e que partilho convosco.
Aproveito a ocasião para vos convidar a fazerem vocês este mesmo exercício do vosso lado. Podem partilhá-lo nos comentários ou guardá-lo apenas para vocês.
O meu fica aqui. Espero sinceramente que vos inspire!
- A cor do meu cabelo castanho.
Sim, o cabelo castanho é extremamente comum mas fica particularmente bem com a minha cor de pele e olhos e por isso adoro-o.
- A minha gargalhada:
Sou de gargalhada fácil e, apesar de ser uma pessoa discreta, adoro rir com gosto. E, por muito que alguns se choquem com isso (posso dizer-vos que de riu demasiado alto para os padrões franceses mesmo que na norma para um português) não me importo nem um bocadinho.
- O meu sentido de observação:
Apesar de ter deixado de colocar esta característica um bocadinho de lado (obrigado telemóveis e outros dispositivos que nos distraem tanto) tenho um excelente sentido de observação.
Reparo facilmente num mau estar ou num segredo escondido à minha volta e isso já me safou em algumas ocasiões.
- Atenção aos pormenores:
Sou o género de pessoa que é atenta aos pormenores e às pequenas atenções. Sou cuidadosa com as informações a dar a cada pessoa verificando sempre se a informação chegou e se foi bem percebida, às felicitações ou sentimentos e à forma de dizer as coisas. É raro esquecer-me de um aniversário importante ou de convidar alguém para um evento e não me certificar que percebeu tudo.
E por aí quais são as qualidades que mais apreciam em vocês próprios? Recebem bem o elogio ou têm alguma dificuldade com ele?
História com 100 palavras no máximo sem utilizar a letra E
Já há muito tempo que não participava nos desafios da abelha mas estes raiozinhos de Sol motivaram-me para o seu desafio de Abril e admito que não escolhi o mais fácil para o regresso!
Convido-vos a todos a participar, se não for já o caso. Passem também pelo blog da Ana de Deus para conhecerem outros textos de outros autores e também os seus mais variados desafios!
A ideia deste vez é contar uma história em 100 palavras no máximo sem utilizar a letra "e". Não é fácil mas possível... E inspirei-me para isto num momento tão desejado por todos nós: aquele em que a Páscoa pode voltar a ser sem restrições e que os beijos e abraços voltarão à ordem do dia!
Espero que gostem...
Um grande beijinho e votos de uma boa Páscoa!
"A Ana canta uma canção muito bonita. A visita dos avós trás ainda mais satisfação ao coraçãozinho sonhador da criança!
Afinal as historias mais bonitas com fadas maravilhosas são as da avó.
A avó Mindinha, do outro lado, olha com um sorriso nos lábios para a garotinha. Como a falta do abraço caloroso da miúda foi o mais difícil ao longo da distância obrigatória.
Agora, com a vacinação muito avançada, já voltamos a partilhar novos sorrisos com bons bolos dos quais Aninha gosta tanto. Ai como aguardaram ambas ansiosas por tudo acabar!"
Um grande beijinho e Excelente Fim de Semana de Páscoa a todos!
Este início de ano não têm sido muito rentável para mim a nível de escrita.
Muitas coisas mudaram mas mesmo assim esso não é a única razão desta minha falta de vontade de escrever.
Gosto de escrever e de comunicar. E sou muito mais eficaz a fazê-lo por via da escrita. Gosto de falar de coisas fúteis, de vida, de tudo e mais alguma coisa...
Escrever é quase um escape... um hobbie mas, ao mesmo tempo um desafio continuo que me permite desenvolver habilidades e sonhos.
E esta sindrome da página em branco chateia-me porque quanto menos escrevo mais tenho dificuldades em voltar a escrever. E todos os temas que me vêem à cabeça são coisas sobre os quais não quero escrever!
Não me apetece escrever sobre política, estou farta do assunto COVID (já me basta no hospital) e parece que este mês de Janeiro veio com a sua monotonia habitual amplificada por todas as medidas restritivas e os seus dias frios e cinzentos.
E é para fugir desse "marasmo" e de "sempre os mesmos assuntos" que me forço hoje a escrever. E também apresento para vos pedir sugestões. De temas alegres ou nem por isso que gostavam que tratasse aqui no blog.
Fico à espera das vossas sugestões e ideias que tratarei com carinho!
Escreve um texto com, no máximo, 100 palavras sem a letra "A"
Ando um bocadinho desaparecida dos "Desafios da Abelha" que a querida Ana de Deus dinamiza todos os meses. Cansaço e uma fase de pouca criatividade são as razões principais para este afastamento.
Mas com um fim de semaninha maior e uns óculos novos a motivação apareceu e cá estamos nós para responder a este desafio que consiste em escrever um texto de 100 palavras sem uma única letra "A" (Oh Ana, isso quase que me parecia impossível...). Espero que apreciem o texto já que ele foi um dos mais dificeis a que já respondi...
Se quiserem saber mais sobre estes desafios convido-vos a seguir os Desafios da Abelha. Todos os meses um desafio diferente!
Preparados?
Este dois mil e vinte que decresce sem escrúpulos. Que difícil foi…
Que muitos sonhos nos deixou… Muitos momentos bons e felizes nos roubou.
E o que nos deu em retorno? Tempo livre, gente que nos é tudo, textos bonitos e bem escritos e crescimento. E só por isso foi bom…
trouxe crescimento que pode doer e pode endurecer. Que nos permite ser melhor desde que o deixemos suceder sem medo.
Que este novembro e o frio que com ele vem cheguem com fé e desfrutemos dele em todo o momento. Porque dois mil e vinte foi duro e enorme!
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Que nunca nos esqueçamos de olhar à nossa volta, de apreciar a paisagem. São tantas as vezes em que a correria do dia a dia nos faz esquecer a beleza das paisagens que nos rodeiam....
Que, por muito carregada que seja a nossa vida, não nos esqueçamos dos perfumes de cada uma das estações do ano. E que cada perfume seja acompanhado de recordações e de momentos felizes e cheios de paz.
Que a correria dos nossos dias não nos impeça de apreciar os sons da natureza, ou todos os outros sons que nos transmitem tranquilidade: um ramo a estalar, o cantar dos pássaros ou o fogo de chaminé a arder.
Que cada brisa fresca na Primavera, ou o ar frio do Inverno, nos encha de vitalidade. E que os dias harmoniosos e solarengos do Outono não nos impeçam de aproveitar a vida a cada dia.
Porque corremos sem fim, procuramos agradar a todos, manter a nossa segurança financeira. E esquecemo-nos por vezes de nos focar no que também nos é essencial como a família, os amigos, os passeios no campo ou os sabores que nos lembram a nossa infância...
Uma vida cheia é uma vida feliz. Mas essa vida cheia só faz sentido se dela fizer parte o mais intenso dos nossos desejos.
Porque é importante receber um ordenado ao fim do mês, é importante trabalharmos para ter um carro, casa própria e dinheiro para algumas viagens e jantar no sítio da moda. Mas também é importante ter tempo para apreciar cada coisa e embalar-se daquilo que mais simples e singelo a vida têm para oferecer.
Por isso que saibamos parar e apreciar a paisagem quando estamos no trânsito, por muito caótico que ele seja. Que saibamos apreciar o ar frio do Inverno mesmo que não tenhamos a possibilidade de viajar. Que saibamos levar para os nossos dias muito ocupados para a simplicidade, o amor e uma enorme devoção pela Natureza e por tudo o que os nossos olhos alcançam.
Que nunca percamos a certeza de que uma vida feliz é uma vida mais simples, com menos correria mas cheia daquilo que nos faz bem!
Foto da minha autoria - Direitos de autor reservados
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E aAna de Deus não pára de criar novos desafios e eu, como já devem ter percebido, adoro aceitá-los e por isso aqui vai mais um.
A ideia é descrever o melhor do ano em 100 palavras. E se foi um ano "mau" teve também coisas muito boas... Se quiserem conhecer outros textos deste desafio convido-vos a passar pelo post do desafio no blog da Ana. E já agora desafio-vos a participar nele também.
2020 foi um ano difícil? Sim. Mas como tudo têm uma frente e um verso também trouxe muitas coisas boas.
O nosso casamento só assim para começar.
Alguns novos amigos, as horas de almoço em modo piquenique no jardim do hospital, os momentos de calma e tranquilidade em casa. Os sorrisos dos nossos amigos pelo skype, a voz da família em boa saúde.
As palavras trocadas aqui pelo blog convosco. Os sonhos que nos passaram pela cabeça!
E sobretudo a gratidão que nos encheu o coração e que nos deixou com um sorriso na cara mesmo quando era mais difícil sorrir.
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Ouvi a Parábola do Filho Pródigo muitas vezes ao longo da vida e nunca a aceitei muito bem. Para alguém com um espírito ultra-cumpridor como eu, é difícil compreender que um filho que partiu levando consigo aquilo que supostamente "lhe pertencia" seja recebido depois com pompa e circunstância.
Parti sempre do principio que uma escolha é algo definitivo e que a partir daí cabe a quem a fez toda a responsabilidade, pagando o preço que for preciso pela sua própria opção. E não pensem que só pensava isso em relação aos outros, sempre o apliquei letra por letra na minha própria vida.
Recentemente uma conversa de circunstância com uma colega fez-me refletir a minha própria visão da vida e das escolhas. Apesar de eu nem sempre me permitir errar, as escolhas são parte integrante da vida e errar faz parte de todo o processo de aprendizagem.
Nem sempre fazemos as melhores escolhas e nem sempre aqueles que amamos fazem escolhas que nos agradam. E acabamos todos, muitas vezes nesta ânsia de viver, de aprender e de vencer, por em algum momento magoar, deixar de lado ou negar quem nos deu tanto amor.
Mas o amor está aí mesmo: nesses braços abertos e nesse trampolim que nos é oferecido, por muito que anteriormente nos tenhamos portado de forma contrária e nos arrependamos amargamente do que fizemos.
E é neste vai e vêm de emoções positivas e negativas que o amor e a família cresce e se apoia. Porque talvez todos possamos ser, um momento ou outro, como aquele Pai que recebeu de braços abertos o seu filho... porque o filho também o seremos em algum momento.
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Nestes ultimos meses, não sei se será apenas uma impressão ou não, tenho visto mais pessoas a chegar aos blogs.
Novas histórias, novas ideias, novos projetos, novos rostos revelados ou não que fazem parte da nossa vida. E é um prazer descobrir o que têm para contar.
Também têm havido alguns que vão partindo. Na melhor das hipoteses para outras plataformas ou então deixam de escrever ou de partilhar o que lhes vai na alma. Provavelmente alguns voltaram mais tarde com novos blogs e novas histórias como aconteceu comigo. O Crónicas não é nem de perto o meu primeiro blog...
Mas, mesmo que ninguém substitua ninguém, é sempre bom ter "sangue novo" e sobretudo olhares e experiências novas. E quantos mais chegarem mais outros se juntaram à festa e mais partilhas e trocas de experiência haverão.