2022 não foi um ano fácil mas ainda trouxe algumas coisas boas.
Trouxe aprendizagens e uma das mais importantes foi que ter "liberdade" não é apenas fazer o que se quer mas implica também assumir e respeitar as responsabilidades que essas escolhas nos trouxeram.
Também aprendi que a paciência é fundamental e que o "eu sou assim" não é razão para descarregar o mau humor nos outros. Ninguém tem sempre razão e ninguém e sempre culpado.
Por outro lado 2022 fez-me redescobrir um prazer enorme em fazer bolos e a vê-los ser apreciados pelos meus. Também me trouxe uma serenidade e uma confiança no meu papel de mãe que é não só agradável como motivante.
Por fim 2022 ensinou-me que a resiliência é difícil mas que desistir nem sempre é a solução.
Posto isto e com a bagagem que adquiri o ano passado estabeleci como votos para 2023:
- Aprender a falar menos, porque uma "grande boca" não ajuda ninguém e eu tenho esse grande defeito de falar demais;
- Ouvir mais porque uma coisa vai com a outra;
- Cozinhar mais e se possível aprender mais de doçaria;
- Continuar a decoração da minha casa;
- Focar-me mais no positivo do que no negativo. Porque tenho uma vida rica, apesar de imperfeita, e tantas vezes teimo só em ver o negativo...
E por aí quais foram as melhores aprendizagens de 2022? E os projetos para 2023?
A palavra Advento vem do latim "adventum" que significa vinda ou chegada e é vivida pelos cristãos como um tempo de preparação para o Natal.
Esta época do ano é ainda mais importante em tempos difíceis como os que vivemos entre guerras, recessão e tantos outros problemas. Todos os dias, mesmo na segurança das nossas casas, somos bombardeados com notícias cada uma pior que a outra.
Sou uma otimista e acredito sinceramente que é o amor que distribuímos, a começar por quem nos está mais próximo, que criará mais e mais amor numa corrente sem fim. E é esse amor que nos pode tornar fortes o suficiente para reagir, ajudar quem precisa e sair deste clima geral de "eu aponto o dedo aos problemas e os outros que os resolvam". E é esse para mim o grande desafio deste tempo.
Que limitemos os presentes mas multipliquemos por três o tempo dedicado à família. Cozinhemos, aproveitemos para passear no exterior e desfrutar das lindas paisagens de Inverno. Façamos a "caça" aos eventos culturais (que na sua maioria são gratuitos e existem em muitas cidades mesmo do interior) e deslumbremos-nos com as luzes de Natal, pequenos e grandes. Deixemos que a magia do natal nos deslumbre e fortaleçamos laços e distribuemos solidariedade ao longo desta época. Se é verdade que a solidariedade é esquecida o resto do ano também é verdade que mais vale fazer algo bom apenas no Natal do que nunca...
Que cheguemos à noite da consoada mais ricos do que mais importa. E que este Natal, que até pode ser mais pobre, será seguramente Feliz.
Quem nunca teve um dia difícil em que tudo corre mal e que chega ao final do dia lavado em lágrimas que atire a primeira pedra? Se é verdade que doenças graves, perdas de entes queridos não são nada comparado com os nossos problemas do dia a dia a verdade, os primeiros também podem ser dolorosos e destrutivos.
Quando esses dias chegam nada corre bem. É o conflito, é a negação e o sentimento de que nada é suficiente, que nada presta. E cumulativamente a nossa própria autoestima é destruída com eles. E desistimos, e deixamos de contruir e dar o melhor de nós a quem mais queremos.
Quando esses dias chegam existem duas opções: aproveitar o embalo de já estar bem lá no fundo e dar a volta por cima ou deixar-se ficar.
E se dar a volta por cima fosse a melhor coisa que nos podia acontecer? Se for a ocasião perfeita para se colocar em causa, alinhar objetivos e prioridades e definir uma melhor versão do "eu".
E depois de ultrapassada a fase dificil é importante não se esquecer dela. Guardar no canto da memória para da próxima vez, no próximo desafio podermos ter a certeza de que faremos no mínimo igual. E tudo correrá bem!
Porque a cada dia difícil corresponde uma nova oportunidade. Nunca nos esqueçamos disso!
Aproveitar o tempo, respirar. Aproveitar aquele momento ali. Reencontrar-se. Aceitar que nem tudo pode mudar ali e agora já mas ter a certeza de que irá ser melhor das próximas vezes.
Ser mais do que ter, estar mais do que nunca no aqui e no agora.
Este tempo de rentrée trás uma certa tendência à mudança, ao renascer da fénix depois dos dias quentes e regados de coisas boas.
Que este recomeço tragas novos e melhores objectivos e sobretudo melhores dias e novas cores e sabores.
Ouvimos dizer por tudo quanto é sítio que é preciso ir atrás dos nossos sonhos custe o que custe e que desistir é impossível.
Parece que esta frase se tornou o mantra de muita gente. Pessoalmente apercebi-me que é sobretudo a desculpa perfeita para não colocarmos os nossos objetivos em causa aceitando o desconforto que isso nos causa.
Acreditei de tal forma, e durante tanto tempo nesta filosofia, que me custou horrores colocá-la em causa e portanto, a uma certa altura, não tive escolha e percebi a importância de aceitar as coisas como elas são, com os limites que todos nós temos e o simples facto de que nem tudo depende apenas de nós e de que não vivemos sozinhos nesta vida.
Mas demorei que me fartei a perceber isso e as desilusões e alguma vitimização fizeram parte do processo.
Defendo a perseverança com todas as minhas forças mas também percebi que há uma linha muito ténue que a separa da teimosia pura e dura. E que a mudança de caminho pode trazer-nos experiências maravilhosas... apenas temos de nos permitir abrir mão do que tanto queremos (ou achamos que queremos) e fazê-lo em paz consigo próprio.
Porque às vezes é preciso dar um passo atrás para dar dois à frente e isso não é nem melhor nem pior do que lutar até ao fim pelo que se quer. Para mim em todo o caso permitiu-me "sair do mesmo sítio" e não esperar eternamente a oportunidade que há-de chegar, chorando pelos cantos sem conseguir sair do mesmo sítio.
E por ai de que lado da barricada se colocam: Lutar até cair ou dar um passo atrás e dois à frente de bem com a vida e em paz com a escolha?
A maternidade consegue colocar do avesso a vida de qualquer pessoa. E se de um lado há um cansaço que se acumula e que é difícil de gerir, especialmente ao início, por outro lado traz momentos muito intensos e aprendizagens gigantes. Comparo a minha ainda recente condição de mãe a ser submersa por uma onda gigante que parece nunca ter fim.
Não posso deixar de confirmar que o meu filho é a melhor coisa que tenho no Mundo. Os seus sorrisos, gargalhadas, conquistas e deslumbramentos têm em mim um efeito tónico especial e completamente inédito. Mas a maternidade, para além de me ter transformado em "Mãe" também mexeu intensamente na minha feminilidade.
Sem pensar muito direi que me tornei mais forte mas ao mesmo tempo mais protetora em relação a quem amo. Passei também a tentar ser mais corajosa e justa com o que se passa à minha volta.
Aprendi a aceitar o meu corpo, mesmo com as suas imperfeições. Afinal ele conseguiu dar vida e isso já é mais do que motivo para sentir gratidão. (re)Aprendi e (re)descobri o prazer de escolher o que vestir, como me maquilho, como me cuido... afinal a imagem que quero ter é também a imagem que lhe quero transmitir a ele.
Ser mãe ensinou-me a relativizar, a aceitar as muitas tonalidades de cinza que existem. A procurar beleza em tudo, mesmo tendo consciência de que nem sempre o Mundo seja tão belo como gostaria. E daí nasce uma crença, como uma força destrutiva que me faz acreditar que é o amor e a beleza que podem trazer reais mudanças no Mundo.
Ser mãe desenvolveu-me a paciência e capacidade de compreensão. E mostrou-me que, mesmo quando não sou nem tão paciente nem tão compreensiva como gostaria, sou tão digna de perdão como qualquer outra pessoa.
Ser mãe ajudou-me a redescobrir-me e a assumir aquilo que quero e gosto, custe o que custar. A aceitar o que não pode ser mudado para já e a fazer-me mais confiança do que nunca.
Ser mãe não transformou a minha vida em azul, nem em rosa. Fez dela um arco-íris de mil cores em que todas elas fazem partes juntas.
E se não é preciso ser mãe para mudar, no meu caso foi uma enorme transformação).
O Outono chegou para ficar, o pequeno já está a adaptar-se à creche e eu não tarda regresso ao trabalho. Foram dias que passaram a uma velocidade assustadora, acho que nem dei por eles.
Estou a fazer os possíveis por aproveitar estes últimos dias de família a tempo inteiro. Deixei de lado os mantras, as páginas de instagram de parentalidade positiva e de super mães e decidi-me a fazer as coisas com serenidade e ao feeling, sem pressões nem culpabilizações e sobretudo sem grandes margens de comparações.
Os dias passam e estou a aproveitar cada segundo para me lembrar de que nada será como dantes mas que, apesar das dificuldades, os dias ganharam uma nova cor.
Agora vai ser preciso levar essa cor para o dia a dia, sem perder o norte. E se não for perfeito, não faz mal... a vida é eterna aprendizagem e uma família que se preze perdoa e aprende com os erros dos outros.
E agora que os dias passam, as horas correm... eu aproveito cada segundo
Aproveitamos que estávamos os dois em casa para ir tratar do cartão do cidadão do herdeiro ao consulado. Sendo que não vamos a Portugal há praticamente um ano não queremos colocar em causa a possibilidade de ir pelo Natal e decidimos ir tratar do assunto, especialmente porque o cartão do cidadão deve ser feito nos primeiros vinte dias de vida de uma criança.
Infelizmente o herdeiro anda numa fase em que acha que o mundo é muito divertido e que dormir é uma autêntica perda de tempo pelo que as sestas, tão necessárias nesta ideia, são esquecidas e depois temos de lidar com do "tenho sono mas não quero dormir".
Durante o tempo de espera (muito atrasado, mesmo com hora marcada) e com os estímulos que vinham de todos os lados, a certa altura o pequeno desatou num pranto e ficou impossível de consolar muito por causa do sono acumulado.
Enquanto a funcionária que nos atendeu foi um poço de amabilidade e com uma paciência infinita, compreendendo que aquilo não estava a ser fácil de gerir, fez o melhor que pode para simplificar as coisas, a colega do guichet do lado, depois de soprar umas quantas vezes e praguejar mais algumas, perguntou-me descaradamente se não tinha ao menos água para dar ao miúdo.
Foi a primeira vez que alguém me fez claramente um julgamento pela forma como lido com o meu filho e fiquei nem sei bem como (entretanto, e sem me conseguir conter, respondi-lhe sem medir a educação das minhas palavras).
Se se ficasse só pelos suspiros ainda passava mas interpelar a mãe, neste caso eu, sobre o que deve ou não fazer é um limite que nunca acreditei que alguém conseguisse passar, especialmente quando o atraso foi deles e eu estava a fazer todos os possíveis para o acalmar e despachar as coisas o mais depressa possível...
Considero que existem duas razões para as pessoas fazerem julgamentos de valor sobre este assunto, sendo que uma delas é a falta de conhecimento e a outra puro azedume.
Para o segundo não há solução e para o primeiro o meu filho, em menos de três meses, já me ensinou o antídoto: muita paciência e meter todas as opiniões sobre a educação dos outros num sítio que nós cá sabemos...
Se estivessemos todos mais dispostos a colaborar e menos a julgar os outros, seja porque razão for, o Mundo seria um local bem mais agradável e encontraríamos bem mais soluções para os seus problemas. Porque a única coisa que aquela senhora conseguiu foi enervar-me mais ainda a mim e em consequência irritar ainda mais o meu filho fazendo-o chorar ainda mais. Ou seja ninguém ganhou nada com o negócio...
E por aí, qual foi o julgamento mais ridículo que vos fizeram ou que vocês fizeram enquanto não tinham filhos?
Todos nós criamos as nossas próprias expectativas. Se esta tendência já é bastante humana, a coisa é levada ao extremo muito por causa das redes sociais e das fotos e sorrisos que nos chegam através destes meios.
Podemos ser um bocadinho mais ponderados ou mais sujeitos à "manipulação" inocente dos cinco minutos brilhantes dos outros mas todos caímos nesta ilusão da vida de sonho.
A maternidade e paternidade são, provavelmente, dos assuntos que mais nos incitam à criação de expectativas.
Esperamos que, tal como os bebés das revistas ou das fotos dos nossos queridos amigos (esquecemo-nos que a foto demora um minuto a tirar e o dia tem vinte e quatro horas), o nosso bebé seja uma espécie de boneco acordando apenas para comer, dormir e brincar e estará sempre vestido maravilhosamente, qual modelo de catálogo. E nós mães e pais, sobretudo os de primeira viagem, achamos que o que os outros nos dizem é exagero e acreditamos que o cansaço e o desespero não se vão apoderar de nós.
A nós o "pandã" nas roupas, os longos passeios no parque e os serões em que Pai e Mãe aproveitam para jantar à luz das velas enquanto o bebé dorme tranquilamente no nosso quarto. No entanto a essa expectativa corresponde uma realidade que pode ser bem menos glamorosa.
Os bebés, os nossos e os dos outros, não são "representações de anjo" e choram, fazem cocó, não querem dormir, sujam quilos de roupa (o que eu achei de exagerado os amigos que me falaram da necessidade de uma máquina de secar roupa...) e os passeios não são sempre calmos e tranquilos. A isso juntam-se a lida da casa, a burocracia relacionada com o nascimento do bebé, a falta de tempo para nós, o acumular de cansaço e um certo "luto" a fazer das coisas boas que ficaram com a nossa vida de antes.
Mas nada disto é grave e a aprendizagem é uma constante. Acredito que é o equílibrio que ajudará as coisas a entrarem na ordem e que precisamos de tempo para nos conhecermos. E sinceramente, mesmo com estas dificuldades todas, não o trocaria por nada no Mundo!
E por aí, mães e pais, como foi as vossas experiências de mãe e pai de primeira viagem e quais as expectativas que caíram mais depressa a terra?
Sou a favor das escolhas e acho que cada um deve fazer o que entende da sua vida, por outro lado detesto rótulos e sobretudo que me imponham coisas só porque sim.
E nesta fase onde tanto se fala de "liberdade" estamos cada vez mais cercados por julgamentos de valor que, em nome dessa mesma liberdade querem impor as suas opiniões a toda a gente.
Ora passo a explicar o meu ponto de vista com alguns exemplos: defendemos direitos de um lado mas, se aquilo que fizermos estiver em coerência com aquilo que está "socialmente aceite", tem pouco valor. Mesmo que o façamos de forma esclarecida e por vontade própria.
E quem critica, critica como se a liberdade só se jogasse de um lado do campo. E isso é não só injusto como grave e limite ofensivo. Como se só houvesse branco e preto e nos esquecessemos das milhentas nuances de cinza que existem! E este querer validar as próprias opiniões e escolhas pela crítica as opiniões dos outros, seja de que lado da barricada for, é ridículo e torna quem tem este comportamento igual ou pior a quem critica.
Já defendi várias vezes ao longo do blog que a sociedade só nos impõe o que nós deixamos. Se é difícil ser contracorrente? Muito! Mas não é na responsabilidade de assumir as nossas escolhas pessoais que está o nosso real crescimento?
Mais do que nunca precisamos de ser corajosos e assumir o que queremos para nós, sem ser limitado a conversa de café ou a barafustarmos contra tudo e contra todos sem uma única medida especifica.
Porque não serve de nada recusarmos uma imposição trocando-a por outra e tendo de lidar muitas vezes com comportamentos ainda mais severos e arrogantes.
Por isso, e por muito difícil que seja, façam o que quiserem e sobretudo não permitam que vos julguem seja porque razão for. Porque não há ninguém, seja liberal ou conservador, que calce os nossos sapatos e percorra o nosso caminho.