Os sucessivos confinamentos e a distância que nos separa faz com que não as veja muitas vezes. A bem dizer o último encontro tinha sido em Outubro passado e desta vez ainda faltou uma.
Foi bom vê-las chegar, ao fim deste tempo todo, de coração aberto para conhecer o novo membro da família e nos mimarem até à exaustão.
Num tempo em que ter amigos a sério é cada vez mais raro e numa altura da vida em que nos falta gente à volta, tê-las aqui foi uma espécie de fim de semana mágico, de uma riqueza infinita.
Rir, conversar, "gozar" um bocadinho, recordar histórias passadas...
Se dizem que um amigo é uma benção... então eu sou abençoada!
Temos a obrigação de cuidar de uma amizade como cuidamos de um amor
As relações de amizade são fundamentais na nossa vida. Sejam amigos de infância, amigos que conhecemos durante os anos de faculdade ou amigos de vida adulta, estas pessoas são parte integrante de nós mesmos e vamos necessariamente aprender muito com elas.
Os amigos são, normalmente, companheiros de estrada durante uma parte do nosso percurso.
Temos fases em que somos inseparáveis e outras em que as escolhas pessoais, as responsabilidades ou mesmo a distância nos afastam. E é na forma como os protagonistas desta relação interagem com todos estes fatores que se cria a linha que separa uma amizade para a vida de uma amizade "para uma parte da nossa vida".
Quantas vezes, no fim da adolescência ou no início da vida adulta, acusámos os novos namorados dos nossos amigos de os afastarem de nós ou, mais tarde, nos sentimos cheios de ciúmes dos filhos que chegaram e que nos impedem de aproveitar devidamente aquela companhia a que estávamos tão habituados?
E aquela fase chata em que entramos na faculdade em cidades diferentes e são as novas pessoas e o não estar junto todos os dias os principais responsáveis por esse afastamento e acabamos a morrer de inveja de quem partilha, atualmente, o dia a dia daquele que era até então o nosso único melhor amigo.
No entanto todos nós nos apercebemos, nem que seja anos mais tarde, que o coração dos amigos têm sempre lugar para "mais um" e que esta adaptação das prioridades é uma razão para ficarmos felizes por eles e não o contrário.
As relações de amizade duradouras evoluem e adaptam-se às mudanças e, tal como uma relação amorosa, a amizade desgasta-se e é bilateral pelo que não serve de nada que um dos dois faça esforços impressionantes para manter a "chama acesa" se a resposta não for recíproca.
E a diferença entre as diferentes amizades não advém necessariamente das diferenças entre pessoas mas sim do quanto estamos dispostos a abdicar, a felicitar, a aprovar e a aceitar as escolhas dos outros mesmo quando eles se reorganizam, crescem e se dedicam a um curso, a um emprego, a outros amigos ou a uma família e nos dão a impressão de passar para segundo plano.
Tenho vários amigos que vivem bem longe mas que encontram sempre tempo na sua agenda para estar comigo (nem que eu vá de férias na pior altura para eles). Tenho vários amigos com os quais não falo todos os dias, não sei as novidades "em tempo real" mas com os quais nunca me falta assunto e quando nos vemos podemos falar durante horas.
E são estas as amizades que mais prezo nos dias que correm porque sei que, apesar de viverem as suas vidas e nem sempre terem tempo para mim, estarão lá seja qual for a adversidade.
Percebi a importância destes amigos há medida que a minha própria vida foi evoluindo. Hoje em dia não preciso de trocar milhares de mensagens por dia com um amigo para o sentir como "amigo". Acho que seria capaz de afirmar que são os amigos dos "milhares de mensagens" os que mais me têm desiludido,
Aprendi a dispensar também os amigos cuja preocupação é o "eu" e nunca o "tu" ou aqueles que respondiam com "piedade" às mensagens que enviava porque achava que "a vida deles é tão ocupada tenho de ser eu a fazer o esforço" como se a minha própria vida fosse menos preenchida.
Se há algo que a maturidade me trouxe, e que o ano 2020 pela sua intensidade colocou ainda mais a nu, foi esta certeza de que a amizade é muito mais do que fotos, festas e conversa de treta, que aqueles que são mesmo bons ficarão do nosso lado independentemente de nem sempre serem perfeitos e que ninguém deve aceitar amizades que valham menos do que isso.
Temos a obrigação de cuidar de uma amizade como cuidamos de um amor mas não devemos, em caso algum, aceitar tudo em nome dessa mesma amizade. E às vezes uma rotura e um adeus são mesmo inevitáveis por muito que isso nos custe.
Por isso cultivemos as boas amizades, daquelas que estão lá sempre, mesmo que não nos coloquem num pedestal, pois são essas as que mais valem a pena.
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Estava a fazer scroll pelo facebook (sim, sim... essa rede social dos infernos mas que eu continuo a utilizar volta não volta) e deparei-me com a foto de uma antiga colega.
Conheci-a há uns bons anos atrás quando, muito mais nova do que o meu "bando", foi trazida lá para dentro por um amigo.
Curiosamente o namoro deles acabou e a minha relação com esse amigo também, ou pelo menos fomo-nos afastando e acabámos por perder o contato há muitos muitos anos.
Em contrapartida guardei sempre algum contato com ela. Fosse um "Olá" bem disposto quando nos cruzávamos ou uma mensagem via um qualquer chat pelos respetivos aniversários.
A foto, que não tinha absolutamente nada de especial, mostrava uma cara que eu tão bem conhecia mas com as primeiras rugas de expressão. E isso deixou-me um bocadinho incrédula...
Afinal se assim é com o rosto dela o meu não está muito diferente.
Eu, que apesar de ser uma pessoa adulta, nem sempre me sei comportar como uma. Eu que tantas vezes preferia esconder-me debaixo da cama a enfrentar um problema ou a suportar o rang-rang do dia a dia. Eu que continuo a sonhar com histórias de principes e princesas e com fadas madrinhas. Eu também cresci, não foi só ela!
E essa foto lembrou-me que se ela, uns bons anos mais nova, é uma mulher adulta e independente (e apesar de não sermos grandes amigas tenho uma adorável admiração por essa rapariga, saiba-se lá porquê) eu também o sou.
E se a minha cara já o demonstra bem, a minha alma essa está cheia de marcas de guerra e de objetivos atingidos, alguns com bastantes dificuldades e muita resiliência.
É incrível como, há medida que a vida avança, ela não se torna mais fácil. Apenas se torna mais rica e desafiante.
E tal como o meu rosto, o rosto daquela "miúda" e o rosto de qualquer pessoa na face da Terra as rugas de expressão estão lá para marcar toda essa complexidade.
E ao recusarmos essas rugas estamos a recusar todas as grandes e pequenas etapas que fomos atravessando ao longo da nossa vida.
Porque a Cidade dos Leões está a ser abandonada pelos nossos amigos!
A M. foi uma das poucas amigas que conquistei na Cidade dos Leões. Por aqui conheci algumas pessoas de quem gosto e que se preocupam comigo mas não os sinto como um "amigo" a sério.
A M. conseguiu em poucos meses ler-me como poucos e fazer-me assumir algumas coisas, ajudou-me e apoiou-me e do meu lado fiz exatamente a mesma coisa, pelo menos da melhor forma possível.
Ainda para mais deu-me uma certa lição pois não é daquele género de pessoa que te vai permitir que a "guardes" só para ti...e senhores como eu tenho a mania de fazer isso...
A passagem dela por Lyon, que era de apenas alguns meses, foi marcada pela pandemia. Teve muitos problemas para voltar para Espanha (e espero sinceramente que consiga chegar lá hoje) e terá algumas outras coisas para resolver ao chegar...
Esta pandemia deixou-nos a todos meio que "no meio da ponte" mas especialmente as pessoas que estavam em fases importantes ou instáveis.
A última vez que me visitou, já que estou em casa e sem me puder mexer muito por enquanto, prometeu-me uma mariscada na Galiza bem regadinha com "alvarinho". Espero que ela seja possível em breve!
Ao longo destes anos já disse "até já" a muitas pessoas e, exceto alguns casos, consegui manter essas amizades apesar da distância. Mas nunca me habituarei a dizer constantemente "adeus" às pessoas que entram na minha vida e que acabam por se afastar para seguir a sua vida ou para me deixar seguir a minha. É que não há conforto maior do que uma mesa rodeada por amigos.
E ultimamente a Cidade dos Leões têm-me trazido muitos "até já" pois os amigos vão todos partindo pouco a pouco...
Por enquanto resta-me desejar muita sorte à M e um o menos sofrido possível regresso a Vigo!
Quando, sem sabermos, vivemos um raio de Sol antes da tempestade!
O nosso casamento foi realizado alguns dias antes deste coronavirus e da doença que lhe está associada serem um tema tão presente (e amedrontador) nas nossas vidas.
Como disse várias vezes depois "aquele dia foi um raio de Sol antes da tempestade" que se desencadeou depois...
Foi um dia muito especial, com a presença dos mais importantes, onde podemos não só oficializar a nossa relação como partilhar momentos de cumplicidade, ternura, carinho e guardar recordações para a vida!
A aposta que tinhamos feito num casamento pequeno foi ganha e, modéstia à parte, foi dos casamentos mais divertidos, emotivos e surpreendentes aos quais já fui.
Tudo nos representou bem, do início ao fim, e não houve nervos que nos estragassem o dia! E não o digo por ser a noiva mas pelas palavras dos convidados no final.
E até o São Pedro ajudou com um dia de Sol maravilhoso!
E são estas recordações boas que nos trazem alento nestes dias complicados e incertos em que vivemos... Como se fossem elas a luz que nos manterá a esperança num futuro em que tudo ficará bem! E é por isso que partilho com vocês as minhas boas memórias apenas agora.
Queria deixar aqui uma palavra de apreço a todos aqueles que tinham o seu casamento marcado e que se vêem agora na incerteza do que o futuro reserva... quando projetamos e sonhamos qualquer coisa tão emotiva e um virus aparece e nos altera todos os planos tendemos, com certeza, ao desanimo.
No entanto confiem: terão o vosso dia de sonho quando tudo isto acabar e será uma comemoração ainda mais especial! Até lá protejam-se o melhor que poderem.
Quanto aos outros, deixo-vos aqui o desafio de partilhar connosco nos comentários as melhores memórias do vosso casamento, do batizado dos vossos filhos ou de uma festa onde tenham ido e que vos deixe este sentimento de "luz".
Acompanhem também as Crónicas da Nala, que não pode ficar em casa, pelas redes sociais (no Instagram e no Facebook).
Numa altura em que a palavra de ordem é isolamento social, damos conta de que não vivemos sozinhos.
Em primeiro teremos todos aqueles que terão de ir trabalhar: pessoal hospitalar, abastecedores, supermercados... E essas pessoas merecem o nosso cuidado e o nosso respeito.
E depois existe a outra faceta da moeda: Nós somos essencialmente seres sociais. Precisamos de relações próximas e saudáveis com os nossos amigos e família.
E é aí que assenta este post: Como manter a comunicação independentemente de não o pudermos fazer pessoalmente.
Aqui vos deixo algumas ideias:
- As videoconferências podem ser excelentes formas de comunicar.
Para isso combinem o café ou um copo (se bem que é preciso fazer atenção ao álcool numa altura em que o nosso sistema imunitário tem de estar muito forte) e ponham a conversa em dia, animém-se, riam e limpem a vossa cabeça.
Por muito que vos custe deixem de lado aquelas pessoas que estão sempre a falar do mesmo e que se estão a tornar tóxicas. É que o medo faz-nos irrefletidos e não vale a pena tentar fazer mudar de ideias quem só fala do mesmo.
- Grupos de partilha pelas redes sociais: criem grupos com os vossos amigos e família para puderem partilhar ideias de coisas a fazer, series a ver, ideias para animar as crianças ou atividades criativas.
Nunca temos tempo para nada mas agora, de repente, ele apareceu. E se aproveitasses para ligar a saber novidades dos amigos que já não vês há muito tempo?
Jogos online podem ser outra boa forma de passar o tempo, especialmente se o fizermos contra amigos e família. Quem se lembra do fenómeno Farmville e recorda com saudade as horas que passávamos a plantar morangos e a pedir ajuda aos vizinhos.
Seria uma boa ideia para agora não?
E vocês, quais as vossas estratégias para estarem juntos mas separados?
Há fins de semana que são assim: cansativos mas mágicos. Que nos lembram de como somos pequeninos perante todas as maravilhas deste nosso mundo.
Foi o que nos aconteceu no último fim de semana em que fomos convidados por amigos para visitar a região Francesa de Auvergne, e mais precisamente o Puy du Dôme.
Ao programa boa comida, boa companhia, caminhada e montanha, muita montanha!
E só vos posso dizer que há fins de semana que valem todo o ouro do Mundo.
Obrigado ao L. e à K. por nos terem proporcionado este fim de semana maravilhoso!
As fotografias são propriedade do blog Crónicas da Cidade dos Leões e toda a sua reprodução sem autorização é interdita.
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Nem sempre sou a amiga perfeita. Mas sou esforçada e acho que raras foram as vezes em que "faltei" a um amigo quando ele estava mesmo mesmo no fundo.
Tenho, no entanto, uma certa tendência a ter amizades que acabam por me desiludir pela simples e boa razão de que espero um comportamento equivalente ao meu e de que isso nem sempre acontece. Algumas, as boas, mantém-se apesar disso e depois de uma longa conversa. Outras, aquelas que são pouco "fiéis" esvanecem-se com a situação.
Foi o que acabou por acontecer com a J..
A J. é minha amiga há muitos anos, desde a escola primária para ser mais precisa.
Anos a fio de brincadeiras, de conversas, de crescimento... ao longo dos anos fomo-nos afastando: Eu que sempre quis cortar o cordão umbilical e ela que se negava a isso com todas as forças. Mas mesmo assim, na minha cabeça, essas diferenças eram superáveis.
Ao longo dos anos a J. foi-se afastando de toda a gente, ou foi afastando as outras pessoas dela, muito devido ao comportamento de de vitimização constante e ao facto de desconhecer a importância de "fazer um esforço".
Vive entre as saias da mãe e as do namorado, entre um trabalho que mal-diz e uma incapacidade total a tomar qualquer decisão em relação a tudo: desde a roupa que vai vestir ao procurar ser independente.
Foram muitas as vezes em que, ao longo dos anos, convidei a J. para beber um café ou lanchar: nunca tinha tempo ou porque estava a trabalhar ou porque ia sair com a mãe.
Das poucas vezes que a encontrei contou-me os mesmos problemas que já duram à 10 anos e que, para cada solução apresentada, ela arranja duas desculpas para a tornar inviável.
Da última vez que lhe falei, a J. ligou-me porque precisava de conselhos em relação ao trabalho. Nesse dia estava doente, com febre, e mesmo assim ouvi-a até às tantas da noite.
Foram mais de duas horas em que repetia para si mesma as desculpas esfarrapadas que se conta. E eu ouvi, e ouvi... Depois disso nem uma palavra, nem mesmo quando lhe perguntei se tinha resolvido a questão...
Agora mandei-lhe o convite para o casamento... sinceramente nunca esperei que estivesse presente apesar de isso me fazer imensamente feliz. Várias mensagens a pedir confirmação e nenhuma resposta.
Desta vez cansei... e a J. vai ficar ainda mais sozinha no Mundo. Porque, por muito que compreenda que a sua vida seja difícil, não posso ajudar nem aconselhar quem nem quer ajuda nem se lembra de mim quando posso ser eu a precisar.
O R. é a primeira criança do nosso grupo e o primeiro filho de uma amiga muito especial.
É aquela criança a quem já ensinam a chamar-me "tia". E a quem, eu própria, sinto como se fosse mesmo "sobrinho" do coração.
A sua mãe foi uma das "minhas pessoas" na faculdade. Era a guerreira do grupo, a melhor aluna e uma rapariga com um sentido de justiça e lealdade incrível. Nunca a vi deixar de dizer aquilo que não lhe agradava ou de não intervir perante as injustiças que se faziam.
Passamos momentos bons juntas, mas também alguns em que fomos o porto de abrigo uma da outra.
Até vivemos algumas injustiças com um estágio que deu mesmo para o torto e que a vi defender-se a ela e a nós com unhas e dentes. Estávamos no segundo ano de licenciatura e desde aí nunca nos separámos.
Guardo poucos amigos dessa altura apesar de ir falando com uns e com outros. Deste grupo, que era de seis ao início, ficámos três. Já há mais de 6 anos que assim é.
Desde que comecei esta minha aventura em França vejo-as quase sempre que cá venho. Como se a distância nos obrigasse a encontrar o tempo de nos vermos mais vezes.
A última vez que vi a sua mãe, o R. ainda estava dentro da barriga e demorei oito meses para o conhecer mas fiquei com o coração cheio e com uma espécie de melancolia boa.
Aquela melancolia que sentimos quando percebemos que, apesar de todas adultas, continuamos a crescer e que o nosso coração é tão grande que lá dentro também cabem as pessoas das nossas pessoas.
Que venham mais R. que ficaremos contentes de os ter!