Romantizar a Vida
Gostamos de embelezar as coisas e acreditar no "felizes para sempre". Não tenho nada contra essa forma de ver a vida já que tenho uma certa tendência para o "copo meio cheio" e me assumo sem problemas como uma romântica incurável.
Aliás, acredito sinceramente que é a nossa forma de olhar para os acontecimentos um dos principais "culpados" da forma como os vivemos. Para vos dar um exemplo prático comemoro este ano 5 anos de serviço em unidades de cirurgia e uma coisa é certa: quem aceita a dor pós-operatória como parte do processo lida melhor com ela do que quem não se preparou de avanço para essa realidade.
No entanto, e apesar de ser uma romântica incorrigível esse romantismo excessivo (e unilateral) a que assistimos todos os dias preocupa-me.
Talvez porque fomos educados por pais que nos deram tudo o que podias (e até o que nem podiam assim tanto), porque passamos demasiado tempo em frente a filmes ou de redes sociais temos a crença de que tudo é possível e, pior, que temos poder sobre tudo. Mas a verdade é que isso nem sempre é verdade e muitas vezes, não por falta de capacidade mas por falta de opções naquele momento preciso, temos de lidar com o que está nas nossas mãos.
Romantizamos as relações humanas e vemo-las desvanecerem-se em pó ao mínimo problema, queremos ser profissionais de sucesso mas não queremos fazer mais do que "a nossa obrigação" e mesmo que nem seja esse o nosso caso existem tantos e tantos fatores externos que podem impossibilitar-nos de ter o sucesso desejado e que, em vez de persistimos ou deixarmos evoluir os nossos projetos para atingir os nossos objetivos limitamo-nos a desistir!
Enquanto jovens tanto lutámos (ou lutamos) para entrar naquela faculdade e naquele curso e, anos depois de quase lá termos deixado a nossa sanidade mental e o nosso tempo, nos apercebemos que afinal, uma boa parte de nós, até teria sido mais feliz e realizado se fizesse outra coisa qualquer...
E quando nos apercebemos que a vida nem sempre nos corre como desejamos paramos de acreditar e a entramos na "ode coletiva ao não romantizar a vida" (e depois vês coisas que te fazem revirar os olhos como miúdas de 16 anos a fazer discursos sobre como as mulheres terem de parar de romantizar o casamento...).
E vivemos ali a balançar entre os dois extremos e a desiludir-nos entre um e outro...
Não sou ingénua ao ponto de negar que há coisas que podemos mudar e que não fazemos nada para as alterar por simples conforto nem muito menos digo que não há dificuldades. Elas existem e quando mais preparados para as aceitar e reagir estivermos melhor.
Às vezes não vai dar, às vezes vamos chorar e não vamos ultrapassar facilmente as perdas e os maus momentos.
Mas preparação, conhecimento e resiliência são fundamentais para evoluir como pessoas e tornar a nossa vida melhor assim como a vida daqueles que estão no nosso caminho.
E por aí são mais românticos ou mais pessimistas em relação à vida?
Photo by Carolyn V on Unsplash
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