Reflexão de Domingo à noite
Esta tarde, pelos corredores do hospital, fui abordada por um senhor que, de forma muito gentil, me perguntou se sabia onde se devia dirigir pois procurava o irmão que tinha sido transferido para o serviço de cuidados intensivos no seguimento de um acidente de viação.
Indiquei-lhe o caminho a seguir e fiquei a vê-lo partir: cabisbaixo e muito preocupado.
Nunca me vou habituar à forma como a vida humana pode mudar tanto dentro de um hospital. Podemos ter os melhores médicos do Mundo, os melhores meios técnicos e humanos que, por vezes, e por mais que corramos contra o tempo, a vida insiste em mudar de um dia para o outro, deixando sequelas, cicatrizes ou, por vezes, apenas a memória de alguém muito amado.
Não sei em que condições aquele senhor teve o acidente mas conheço o suficiente do meio hospitalar para compreender que a situação é bastante crítica, tendo em conta a especificidade do serviço em causa.
Não o conheço, não sei quem é, o que faz ou porque pegou no carro esta manhã. Mas uma coisa é certa: a vida pregou-lhe uma partida, qual menina travessa...
São tantas as horas que passamos a trabalhar em algo que não gostamos ou num emprego que não nos corresponde, para termos dinheiro para pagar contas e comprar coisas que, muitas vezes, só servem para provar alguma coisa a alguém.
Perdemos um tempo precioso chateados com quem gostamos, afastados dos nossos amigos e família e envenenados por um dia a dia caótico e rotineiro, sem termos tempo para fazer o que gostamos e sobretudo sermos quem queremos.
Gastando energia a dizer que sim a coisas que queriamos dizer que não apenas para não parecer mal e a ter a sensação de que nem sempre vivemos a 100 por cento porque de tão cansados que estamos de tudo desleixamos os nossos projetos e sonhos.
E depois disso vêm a vida, que baralha todas as cartas e que se altera de uma forma drástica e por vezes irreversível.
E nós que desperdiçamos tanto tempo a fazer o que não queriamos e sem ser quem queriamos... apenas porque não conseguimos ver que depressa tudo muda e nunca mais nada será como dantes!
Photo by Olga Kononenko on Unsplash
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