O primeiro "sobrinho" de coração
O R. é a primeira criança do nosso grupo e o primeiro filho de uma amiga muito especial.
É aquela criança a quem já ensinam a chamar-me "tia". E a quem, eu própria, sinto como se fosse mesmo "sobrinho" do coração.
A sua mãe foi uma das "minhas pessoas" na faculdade. Era a guerreira do grupo, a melhor aluna e uma rapariga com um sentido de justiça e lealdade incrível. Nunca a vi deixar de dizer aquilo que não lhe agradava ou de não intervir perante as injustiças que se faziam.
Passamos momentos bons juntas, mas também alguns em que fomos o porto de abrigo uma da outra.
Até vivemos algumas injustiças com um estágio que deu mesmo para o torto e que a vi defender-se a ela e a nós com unhas e dentes. Estávamos no segundo ano de licenciatura e desde aí nunca nos separámos.
Guardo poucos amigos dessa altura apesar de ir falando com uns e com outros. Deste grupo, que era de seis ao início, ficámos três. Já há mais de 6 anos que assim é.
Desde que comecei esta minha aventura em França vejo-as quase sempre que cá venho. Como se a distância nos obrigasse a encontrar o tempo de nos vermos mais vezes.
A última vez que vi a sua mãe, o R. ainda estava dentro da barriga e demorei oito meses para o conhecer mas fiquei com o coração cheio e com uma espécie de melancolia boa.
Aquela melancolia que sentimos quando percebemos que, apesar de todas adultas, continuamos a crescer e que o nosso coração é tão grande que lá dentro também cabem as pessoas das nossas pessoas.
Que venham mais R. que ficaremos contentes de os ter!
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