Liberdade de Expressão, Democracia mas sobretudo Diplomacia
Os termos liberdade de expressão e democracia passaram a fazer parte integrante do vocabulário de uma boa parte da população ocidental. Sendo isso motivo de regozijo, é também uma enorme responsabilidade. Pelo seu peso e importância temos o dever de não as deixar cair nem em demagogia nem as tornar vazias de sentido.
Viver em democracia significa ser livre de mostrar e de dar a sua opinião mas sempre com condicionantes. Em primeiro lugar respeitar o outro em todas as circunstâncias, em segundo sendo responsável pelo que se diz e faz e finalmente não prejudicando ninguém (excepção feita a casos muito particulares mas que felizmente saem da jurisdição do comum dos mortais).
Não quero dizer com isto que devemos dizer "sim" a tudo mas antes que enfrentar o adversário com respeito, abertura e argumentos fundamentados é mais eficaz do que gritos, unhas pintadas ou opiniões exprimidas de forma agressiva e inapropriada já que estes últimos valem o que valem e são facilmente "varridos para debaixo do tapete"..
E é aí que entra a diplomacia que é a irmã mais discreta, mas também a mais astuta, das três com que nomeei este texto.
Segundo o infopedia diplomacia é a ciência e a arte da representação dos interesses de um país no estrangeiro ou da promoção do direito e das relações internacionais. É sinónimo de circunspeção, discrição, finura de trato, astúcia e habilidade.
Sou uma acérrima defensora da diplomacia na hora de resolver conflitos e de dar voz a causas e acredito no impacto enorme que uma atitude respeitosa, forte e digna têm, considerando-as mais "educativas" e "impactantes" do que o que se tornou banal e comum de assistir por aí.
Dou-vos um exemplo mais apropriado à nossa "micro-escala" e com o qual tentarei ilustrar aquilo que penso:
"O João é um colega de trabalho. A sua conduta vai contra alguns dos meus principios e valores e as suas ações, por muito que não me sejam dirigidas pessoalmente, lembram-me isso o tempo todo.
Por muito que me custe sei que o João é um elemento importante na empresa e que o seu valor é inestimável para o patrão, por outro lado assumo que os nossos conflitos são também provocados por mim ou, pelo menos, não faço nada para os ignorar ou minimizar quando surgem tendo mesmo um certo gosto em lançar umas farpas de vez em quando.
A realidade faz com que eu não possa sair daquele emprego apesar de ter de trabalhar com o João quando não tenho vontade de o ver nem pintado."
Posto isto qual o caminho a seguir? Será que é com a adopção de uma atitude grosseira e de choque direto com o João que vou criar condições para a resolução dos conflitos ou é mantendo uma atitude de escuta, com argumentos refletidos e trabalhados e uma atitude forte, digna e empática que terei mais possibilidades de o conseguir?
Uma das minhas "heroínas" do século XX foi a Rainha Elisabete II, cuja dignidade em todas as circunstâncias permitiu a resolução de várias questões sensíveis. Aliás, das poucas vezes em que falhou o estrago foi visivel...
Claro que cada um de nós terá o seu próprio estilo de agir mas a postura, a capacidade de passar a mensagem sem criar ainda mais tensão e conflito e a aceitação de que é impossível ganhar em todas as frentes são fundamentais para conseguir passar a nossa mensagem em condições e assim impactar positivamente as coisas. Caso contrário a situação pode ficar ainda mais penosa ou perigosa para os envolvidos o que não era de todo o que planeamos.
Ter uma atitude diplomata está ao alcance de qualquer pessoa desde que os ingredientes necessários sejam reunidos: a fineza no trato, a adaptabilidade e a capacidade de escutar e de se exprimir na hora certa e pelo meio mais apropriado. Claro que nem sempre seremos perfeitos diplomatas e haverão momentos em que as nossas reinvindicações não serão ouvidas mas em todo o caso seremos seguramente mais eficazes do que muitos gritos que se ouvem por aí e que criam mais tensão do que aquela que já existe...