Covid e Emigração
Sempre vivi bem o facto de viver no estrangeiro porque, inconscientemente, sabia que podia estar em Portugal em menos de nada.
Esta procura constante pela próximidade com o aeroporto foi uma espécie de "ponto positivo" até na escolha da cidade onde vivo atualmente.
Este ano as coisas estão muito diferentes...
Quando foi dado o alerta de confinamento geral ainda estavamos de férias em Portugal. Voltámos apressados para Lyon, antecipando a viagem por medo do fecho das fronteiras e das necessidades dos nossos serviços respetivos.
Mal me despedi dos meus. Foi uma despedida meio vazia sem direito a beijos, nem a abraços...
Com a chegada a Lyon, chegou o "confinamento" às nossas vidas. Cá por casa estivemos os dois "no terreno".
Com o inicio das fases de confinamento começa a falar-se de férias e as fotos com membros da família voltam a abundar, novamente, nas redes sociais.
Este ano tinhamos previsto uma semana em Julho e três em Setembro. E a eterna questão colocasse: será que vamos poder ir a Portugal?
Estas "trancas à porta" estão a ser o mais complicado de gerir... o não saber quando poderemos ver os nossos e o nó na garganta quando pensamos na idade avançada de alguns membros da família...
A "vida de emigrante" não é fácil. Talvez seja mais fácil a experiência para uns do que para outros dependendo do grau académico, das oportunidades, do conhecimento da língua e da cultura do pais de acolhimento... Nesse caso não me posso queixar.
Mas esta situação tão particular mostrou, mais uma vez, o difícil que pode ser não se saber quando se verá a família ou os amigos e a incerteza de os encontrarmos a todos lá.
E se o virus nunca desaparecer ou nunca se criar uma vacina, será que nos manteremos para sempre longe dos nossos?
As férias? aproveitarei com os devidos cuidados, claro.
E até será engraçado termos alguns dias para isso já que no último ano todas os dias de descanso foram dedicados à organização do casamento e já ando com mil ideias para visitar num raio de 100 Km daqui*. Pelo menos para Julho será assim.
Mas não posso deixar de salientar a sensação de "pertença a lugar nenhum" que é esta impossibilidade de ir a casa.
Já me disseram que estamos todos no mesmo barco, até pode ser que sim, mas de certeza que uns estão ao leme e outros escondidos num canto no fundo do convés.
*100 Km a "vôl d'oiseau" é a distância atual para viagens permitida pelo governo francês dentro do território, salvo em casos excepcionais claro.
Photo by JESHOOTS.COM on Unsplash
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