Conflitos
Detesto conflitos! Esta é daquelas frases que me saem pela boca quinhentas vezes por dia.
Quando adolescente tinha um bocadinho mais de "pelo na venta" mas com o início da idade adulta, e uma série de frases que me foram ditas no sentido de "acalmar os cavalos" (que portanto já não eram propriamente muito nervosos), passei a evitá-los a todo o custo. Respirar fundo, guardar para si próprio, sorrir e seguir em frente...
Aquilo que ninguém me avisou é que a acumulação do produto deste comportamento é um total envenenamento interior e que nos pode conduzir a espalhar fel nas nossas vidas.
Com as cabeçadas que dei com isso (e o facto de detestar fel, vá-se lá saber porquê?) voltei a sentir uma certa necessidade de me pôr em causa. Será que discussões e alguns atritos não são uma necessidade tão salutar na nossa vida como uma dor de crescimento? É desagradável, temos de lidar com a irritação/desconforto/desilusão dos outros mas, pelo menos, limpamos a nossa cabeça e fazemos baixar a pressão do nosso lado.
Não sou, de todo, a favor do conflito gratuito (e admito que ainda jogo um bocadinho com o "encher o copo até ver onde ele transborda") mas, por vezes, sinto essa necessidade de dizer que não, de mostrar (e assumir) as minhas coisas e chamar a mim as minhas responsabilidades e "largar da mão" aquelas que alguém quer deixar escorregar para o meu lado. Com ela também veio uma certa necessidade de exprimir as minhas opiniões, o que faço muitas vezes com alguma desorganização e uma certa rigidez não necessária.
Talvez precise, no entanto, de aprender a ser mais assertiva. A não dizer as coisas tão a quente... mas para isso tenho de parar de me culpabilizar por dizê-las enquanto ainda estou a frio e não é a raiva que toma a dianteira. Mas a verdade é que ninguém muda em apenas um dia e, com quase 33 anos, ainda me sinto, por vezes, como uma criança que ainda mal sabe dar os primeiros passos.
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