Aceitar o que não posso mudar
Ou como nem sempre aplico na minha vida pessoal o que aprendi na minha vida profissional
Ao longo da minha vida profissional vi-me várias vezes, devidamente acompanhada ou sozinha, a ter de "empurrar" um paciente para uma aceitação e, em consequência, um luto.
Parece horrível dito assim mas, em casos extremos, em que a situação é irreversível precisamos de começar a reconstruir uma "nova vida", uma nova "forma de fazer as coisas". Se a pessoa em questão não aceitar que o seu corpo mudou e a sua vida só pode retomar um ritmo normal com muitas alterações e muita adaptação, todos os nossos esforços terão sido em vão.
No entanto, ao contrário daquilo que faço na minha prática clínica, na minha vida pessoal, familiar e/ou social tenho uma certa dificuldade em aceitar aquilo que não posso mudar.
Fico frustrada, colérica, deprimida, com uma "bola peluda" na barriga e não durmo bem à noite... Vou criando mais pensamentos sobre aquilo que me deixou naquele estado e vou juntando mais camadas até a situação ficar insuportável.
E não, não estou a exagerar... a nossa mente é perita em nos fazer a vida ainda mais difícil do que ela já pode ser de base.
Recentemente, e numa situação de confirmações para a presença no nosso casamento, pude assistir à forma como esta sensação se desenvolveu e observei a forma como a minha cabeça vai buscar histórias para agravar aquela tristeza que eu sentia.
Apercebi-me de que me bato com todas as minhas forças para deformar aquela situação em algo como "não vai porque não quer, já sabia há muito tempo" ou "se soubesse não tinha convidado... afinal não convidei outras pessoas que teriam vindo com todo o gosto".
E isto não acrescenta nada de novo à minha vida, exceto alguns maus sentimentos que são mais difíceis de carregar.
Afinal se outros, em situações de vida bem mais extremas, experiênciam isso tudo e saem mais fortes e reconstruídos, nós também poderemos não nos deixar "envenenar" pelas experiências desagradáveis que sofremos e que, de tanto as querermos insconscientemente combater, acabamos por sofrer muito mais.
Photo by Luis Galvez on Unsplash
Não te esqueças de acompanhar as Crónicas da Cidade dos Leões no Instagram e no Facebook: há muita coisa a acontecer por lá.
Se por acaso o conteúdo deste texto te agradar não deixes de o partilhar com familiares e amigos.