A Luz num Cartão de Boas Festas - O Natal da Margarida
Hoje recebi o primeiro cartão de Boas Festas do ano.
Tenho estado, interiormente, um bocado longe do Natal. Tem sido um ano duro. Tenho visto muita, muita gente sofrer com problemas de todos os tipos, tenho sofrido por isso também, os tempos estão difíceis, a comunicação falha, as boas intenções perdem-se muitas vezes no meio das obrigações, o mundo anda desencontrado do seu ritmo natural, as prioridades estão alteradas, as relações humanas estão adormecidas, enfim… talvez seja mesmo isto, ou talvez seja só eu a ficar (finalmente!) adulta.
Tenho andado embalada pela esperança do Advento, enquanto o Natal já vai acontecendo por aí. Aquilo que ando, conscientemente, a adiar – desejar coisas boas a pessoas de quem gosto (há muito tempo que não mando cartões nem digo coisas que não sinto, por obrigação) - apareceu hoje, como genuína vontade. Acendeu-se em mim a primeira luz de Natal, quando alguém, com a maior simpatia, me mandou um sinal de que se lembra de mim (pelo menos) nesta época.
Podemos encarar tudo isto como um conjunto de hábitos e actos hipócritas ou, numa perspectiva mais desafiadora, deixarmos-nos contagiar pelo bem que nos querem, e pelos minutos que dedicam a mostrá-lo. Este gesto, aparentemente pequenino e mecânico, pode ter – e em mim teve, hoje – o enorme poder de nos relembrar o milagre do Natal, que se estende, se quisermos, a todos nós. Há uma luz interior que renasce nesta altura do ano. Há um renovar da esperança no bem das pessoas e nas pessoas de bem.
Não pode ser por mero formalismo que montamos o presépio e que o iluminamos com uma vela simples. Ali está, de facto, resumida, toda a simplicidade da vida! No desconforto da gruta, conseguimos sentir todo o conforto que procuramos e nem sempre encontramos nos nossos ambientes, por mais aquecidos, isolados e bem apetrechados que estejam. É a vida que nasce, que muda tudo! Como a nossa também pode mudar, se não nos deixarmos matar pela desesperança. O conforto do presépio, o conforto que verdadeiramente nos enche e transforma, vem da paz interior, da comunhão, da alegria simples e despojada, da plenitude de nos termos uns aos outros e a Deus, e da certeza que são estas as únicas coisas que dão sentido aos nossos dias.
O Natal está a chegar. Jesus vai nascer, de novo, e sempre como novidade, nas nossas vidas! Agora, como nos outros anos, já sinto que vou chegar a tempo.
Família, escultura e fotografia de Maria Leal da Costa
Se ainda não conhecem o blogue da Margarida que se chama "MAGis" não sabem o que estão a perder.
A Margarida têm uma escrita leve, cheia de bom senso, bem refletido e sobretudo maravilhosamente pensado. Um daqueles blogues que sinto prazer a descobrir sempre que vejo algo novo!
Quero agradecer-te querida Margarida a tua colaboração neste projeto e esta experiência tão boa que partilhaste connosco. Festas Felizes para ti!