Encontrei há uns dias, um testemunho de alguém que comentava as suas festas de aniversário em criança, nomeadamente o facto de ser sempre a última servida do bolo de anos. Esta história chamou-me a atenção já que na minha família a tradição diz que é o aniversariante o último a comer também. O curioso é que, provavelmente sem me aperceber, recebi uma grande lição de "boas maneiras" e de humildade com este hábito: quando convidamos alguém a nossa casa essa pessoa honra-nos com a sua presença e por isso cabe-lhe a ela o serviço de excelência e não a nós próprios.
A estas lições juntam-se mais algumas que trouxe comigo para a vida e que pratico a cada dia que passa e que, quanto mais os anos passam (mãe, tinhas razão) mais as valorizo.
A minha mãe sempre foi intransigente com o fazer a cama de manhã. Segundo ela nunca se sabe se é preciso alguém nos acompanhar a casa por doença ou acidente e uma cama desfeita é igual a quarto desarrumado. Hoje em dia acho impensável deixar a cama por fazer e, curiosamente esta tarefa é sugerida em muitos manuais de desenvolvimento pessoal e auto-ajuda como o mais básico exercício para trabalhar a disciplina e assim conseguir atingir os nossos objetivos.
Outro coisa que os meus pais me aconselharam foi a ser discreta, especialmente quando um novo projeto está em curso. Segundo eles essa atitude protege-nos da sabotagem, mesmo que inconsciente, de quem está à nossa volta. E num Mundo cada vez mais conectado e indiscreto esta lição é uma lufada de ar fresco.
Um outro ensinamento, e dúvido que eles tenham noção do impacto que teve na minha vida, foi a gestão do dinheiro. Desde muito nova que tive de gerir o meu dinheiro de bolso e no início do secundário tive a minha conta aberta para onde o meu pai transferia a minha magra mesada. O facto de o dinheiro ter sempre sido contado, que teria de explicar onde o tinha gasto caso precisasse de mais (claro que se a razão fosse válida a história ficava por ali e teria o que precisasse) e o meu próprio orgulho fizeram com que aprendesse não só a gerir como a economizar, por muito pouca margem que tivesse. Também o facto de os momentos mais difíceis a nível financeiro terem sido assumidos e nunca escondidos me ajudou a estar tão desperta para essa necessidade.
Outro ensinamento que os meus pais me deram e que tanto me marcou foi a importância das refeições em família, mesmo o pequeno almoço. E, de uma forma mais alargada, o almoço de Domingo. O prazer de partilhar uma refeição e de desfrutar da companhia uns dos outros. E ainda hoje, na minha própria casa, Domingo é dia de tirar o melhor serviço e de preparar uma refeição mais elaborada e de festejar o que temos para festejar, por muito insignificante que possa parecer.
E por cada um destes ensinamentos (e mesmo por aqueles de que discordo) só me resta agradecer aos meus pais.
E por aí, quais as lições que os vossos pais vos deram e que trouxeram convosco para a vida?
Gosto da Páscoa. Gosto das recordações que tenho dos almoços em família e das caças aos ovos improvisadas que as minhas tias imaginavam.
Gosto do cheiro a Primavera que já anda no ar e das temperaturas que, mesmo em dias chuvosos, costumam ser mais amenos. Gosto das tradições, das visitas aos padrinhos, das missas da Semana Santa e daquelas amêndoas lilases nas quais já não toco à anos.
Numa época em que parece efémero, em que tudo o pessimismo nos vence e na qual as notícias são tão pouco animadoras acho ainda mais importante ressuscitar, e criar, memórias de momentos felizes. E nem é preciso muito...
Não é preciso chocolates a preços exorbitantes ou decorações ou cozinhados mirabolantes, exceto se isso nos faz feliz e aí cada um faz o que quer e ninguém tem nada a ver com isso. O que é preciso é entrega, disposição e tempo. Vontade de estar junto e muito amor para dar seja numa família de 2 ou de 10.
Porque acredito que é no amor aos nossos que ganhamos força e motivação para levar amor a quem e ao que está à nossa volta. E se, de facto, não vamos conseguir acabar com uma guerra ou com a fome no Mundo seremos com certeza capazes de reconstruir pessoas, começando pelo coração de quem sofre.
Votos de uma Santa Páscoa para todos!
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No inicio do ano falei-vos do meu visionboard para 2022.
Agora, que os quatro primeiros meses do ano já estão quase a acabar era grande tempo de o atualizar.
Se 2022 não começou nada fácil a verdade é que este quadro de visualização me ajudou a manter o foco.
Nunca me lembro de me recordar exatamente das linhas condutoras que pretendia seguir ao longo do ano, e na minha vida de forma geral, como desta vez e estou espantada com a forma como "ver" me ajuda a avançar.
Alguns destes objetivos estão "em marcha", outros aspetos que precisavam de ser encaminhados, estão também.
O mais engraçado é que posso monitorizar o meu próprio crescimento com base nisto e juntar-lhe aos poucos o que quero, me motiva e tenho de fazer.
Se não acredito em soluções milagrosas e em resoluções de ano novo e desde há muito tempo procuro "auxiliares" para me motivar melhor (sem exageros, claro) encontrei aqui algo que funciona para mim, curiosamente mais do que as "to do list" de que tanto gosto.
E por aí, como corre este ano? Onde andam as vossas resoluções de Ano Novo?
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A maternidade consegue colocar do avesso a vida de qualquer pessoa. E se de um lado há um cansaço que se acumula e que é difícil de gerir, especialmente ao início, por outro lado traz momentos muito intensos e aprendizagens gigantes. Comparo a minha ainda recente condição de mãe a ser submersa por uma onda gigante que parece nunca ter fim.
Não posso deixar de confirmar que o meu filho é a melhor coisa que tenho no Mundo. Os seus sorrisos, gargalhadas, conquistas e deslumbramentos têm em mim um efeito tónico especial e completamente inédito. Mas a maternidade, para além de me ter transformado em "Mãe" também mexeu intensamente na minha feminilidade.
Sem pensar muito direi que me tornei mais forte mas ao mesmo tempo mais protetora em relação a quem amo. Passei também a tentar ser mais corajosa e justa com o que se passa à minha volta.
Aprendi a aceitar o meu corpo, mesmo com as suas imperfeições. Afinal ele conseguiu dar vida e isso já é mais do que motivo para sentir gratidão. (re)Aprendi e (re)descobri o prazer de escolher o que vestir, como me maquilho, como me cuido... afinal a imagem que quero ter é também a imagem que lhe quero transmitir a ele.
Ser mãe ensinou-me a relativizar, a aceitar as muitas tonalidades de cinza que existem. A procurar beleza em tudo, mesmo tendo consciência de que nem sempre o Mundo seja tão belo como gostaria. E daí nasce uma crença, como uma força destrutiva que me faz acreditar que é o amor e a beleza que podem trazer reais mudanças no Mundo.
Ser mãe desenvolveu-me a paciência e capacidade de compreensão. E mostrou-me que, mesmo quando não sou nem tão paciente nem tão compreensiva como gostaria, sou tão digna de perdão como qualquer outra pessoa.
Ser mãe ajudou-me a redescobrir-me e a assumir aquilo que quero e gosto, custe o que custar. A aceitar o que não pode ser mudado para já e a fazer-me mais confiança do que nunca.
Ser mãe não transformou a minha vida em azul, nem em rosa. Fez dela um arco-íris de mil cores em que todas elas fazem partes juntas.
E se não é preciso ser mãe para mudar, no meu caso foi uma enorme transformação).
Sentada no sofá, com um chá na mão, é impossível não refletir aos acontecimentos destes últimos anos. Como todos os anos que ficaram marcados na história, continuamos a lidar em primeira mão com os acontecimentos que lhes dão origem.
Em primeiro chegou uma pandemia que nos tornou escravos de restrições e de medos, que impediu toques e beijos e depois um possível conflito armado tão perto de nós e que nos deixa a todos num estado de ansiedade e desassossego.
Não falo da Ucrânia nem da Rússia, nem da Crimeia nem dos tratados rompidos porque sei que os meus conhecimentos em geopolítica são escassos e não me apetece ser mais uma a deitar palpites para o ar. Que comente quem sabe...
No entanto, enquanto se partilha nas redes sociais palavras de apoio à Ucrânia e apelos à paz não consigo deixar de olhar com curiosidade para quem está por trás de cada clique.
Todos os dias nos deparamos, e entramos, em pequenas guerras pessoais. São os mexericos no trabalho, a tentativa de influenciar a opinião de outrem ou mesmo o olhar para o lado perante as dificuldades de outra pessoa (se não é comigo porque me meto?).
A verdade é que nós, comuns mortais, podemos fazer pouco pela Ucrânia, pelo Afeganistão ou por todos os outros países que estão, estiveram e estarão em guerra. Somos demasiado pequenos para isso e os nossos atos de pouco servem assim como as nossas palavras.
Mas continuamos a deter algo de maravilhoso e que pode acabar com muitas guerras, a começar pelas do dia a dia: o amor aos outros, o levantar a voz na altura certa e a não calar perante uma injustiça, o educar as crianças e jovens que conhecemos nesse sentido.
Porque a nossa única arma é a de ser solidário com quem está perto de nós, é de mostrarmos compreensão com quem está triste e empatia por quem parece estar fora do seu lugar neste mundo de loucos onde nós vivemos mas que, para o bem ou para o mal, é o nosso.
Não gosto da frase "Não aprendemos nada"... porque aprendemos e muito ao longo dos anos... simplesmente esquecemos tudo com demasiada rapidez e teimamos em querer apagar e esquecer as partes dolorosas da nossa história... talvez porque sejam dolorosas e nós não gostamos, nem sabemos, lidar com a dor e as feridas abertas.
Que cada um de nós possa plantar todos os dias uma semente de amor, por mais pequena que seja, e que a paz cresça e se expanda por este Mundo fora.
Que hoje seja o dia de arregaçarmos as mangas e passarmos à ação.
O meu menino já ultrapassou o meio ano de vida. Parece que foi ontem que aqueles olhos expressivos me olharam pela primeira vez. Aqueles olhos de uma criança pronta a conquistar o Mundo mas, sobretudo, o coração da mãe.
Estes foram os seis meses mais intensos da minha vida. Duros mas maravilhosos, cheios de aprendizagens e muito brilho nos olhos.
Nada nem ninguém nos prepara para a maternidade/paternidade. Nem as conversas com os (já) pais, nem a gravidez e muito menos os livros ou as redes sociais. Esta é uma aprendizagem de terreno que nos coloca em causa o tempo todo..
Desde que ele nasceu percebi finalmente porque é que, para os pais, o tempo passa extremamente rápido. Admito que enquanto me encho de orgulho das suas novas conquistas me digo que estes meses deviam ter sido multados por excesso de velocidade.
Emociono-me todos os dias com o sorriso aberto com que me recebe, a forma como interage com adultos e crianças na creche.
Espanto-me com a facilidade com que ele me faz esquecer o cansaço e a frustração, especialmente nos dias em que teimo em ser a "Mãe Perfeita" e, como é óbvio, não consigo.
Descobri com ele que posso fazer confiança ao meu instinto e que, mesmo que me engane, ele me perdoará. Também percebi como pode ser irritante ter um mini me com os mesmos defeitos que nós (faz birras de sono exatamente como a mãe).
O meu filho ensinou-me também que na educação não há dogmas, apesar de as técnicas de educação e as ideias relacionadas à parentalidade positiva estarem tanto em voga e todos os conselhos que nos oferecem (mesmo quando não perguntamos nada). O que funciona para uns não funciona para outros e tanto melhor assim.
Ao mesmo tempo perdi a vontade de dar as minhas opiniões sobre a performance dos outros pais... os miúdos fazem-nos duvidar das nossas certezas com extrema rapidez.
Uma colega disse-me recentemente que a única receita que tinha para educar os filhos era bom senso e fazer-se confiança, por muito difícil que isso seja. Desde aí tento levar isto como um mantra, especialmente nos dias mais difíceis.
Isto de ser mãe de primeira viagem tem muito que se lhe diga. É difícil, cheio de descobertas mais ou menos surpreendentes e algumas frustrações mas é também maravilhar-se todos os dias com os progressos dele e os milhares de fotos na galeria do telemóvel (e ter vontade de as mostrar a toda a gente...).
Uma coisa é certa nunca fiz nada tão exigente mas, ao mesmo tempo, tão maravilhoso!
Em primeiro lugar, e apesar de já estarmos com quase uma semana de 2022, gostaria de vos desejar um Feliz Ano Novo com saúde, paz e alegria.
Por aqui a tradição ainda é o que era e, à meia noite do Dia de Ano Novo, comeram-se as doze passas. A cada passa corresponde um desejo e para 2022 os meus são os seguintes:
- Partilhar bons momentos com família e amigos;
- Que a serenidade tome conta de mim;
- Derreter-me com o sorriso do meu filho e vê-lo crescer e evoluir;
- Voltar a partilhar a mesa com os amigos;
- Ter, finalmente, umas merecidas "férias" de praia ou de montanha;
- Rir até me doer a barriga;
- Namorar muito!
- Desfrutar de umas horas entre raparigas (que saudades...);
- Aprender a relativizar e a aceitar o que não posso mudar;
- Emocionar-me com a natureza, com a arte ou com um sorriso;
- Aproveitar os meus escassos momentos de silêncio;
- Nunca esquecer que os bons momentos são para ser vividos e os maus são para ser enfrentados.
E por aí, quais os vossos desejos para este ano? Por minha parte desejo que cada um de vocês seja rico em saúde, amor e muita paz.
Decidi trazer-vos, como último post deste ano, um balanço de 2021.
Nos últimos anos tenho preferido estas reflexões de final de ano às famosas "boas resoluções" que não me levam a lado nenhum pois acho-os mais honestos e sobretudo mais proveitosas.
Para este final de ano resolvi trazer-vos as 5 palavras que o definiram e o porquê de cada uma. Vamos lá?
Filho- O nascimento do meu menino foi, sem dúvida, o momento chave do ano. Trouxe com ele muitas coisas boas mas algumas dificuldades e um aumento exponencial de responsabilidades. Mas uma coisa é certa, cada dia que passa me apaixono mais por este menino!
Restrições - Este ano foi ainda marcado por muitas restrições e que, para nosso azar, coincidiram com os nossos periodos de férias ou em que tinhamos disponibilidade para viajar. Foi portanto praticamente um ano sem pisar solo português e uma gravidez inteira passada de forma resguardada e longe dos abraços e dos olhos de familiares e amigos.
Selfcare - Apesar de me ter custado horrores ficar de baixa no 6º mês de gravidez, a verdade é que este período me permitiu ter tempo para cuidar de mim e reencontrar-me com os meus sonhos e projetos. Uma barrigada de disponibilidade que depois desapareceu toda de uma vez! :)
Impaciência - 2021 acabou comigo em modo "impaciente". O cansaço e a tensão acumuladas nem sempre tem sido fáceis de gerir e este estado tem tomado conta de mim, mesmo contra minha vontade.
Sonho - 2021 foi um ano de sonhos concretizados mas muitos outros ficaram por realizar. E muitos outros se juntaram à lista. Que 2022 seja clemente e nos permita realizar mais uns quantos.
E por aí, quais as palavras que definem o vosso ano? Um grande beijinho e até para o ano!
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O final do dia, sobretudo agora que o tempo está mais frio e anoitece mais cedo, trás uma sensação de solidão e melancolia. E são sobretudo nestes dias que mais precisamos de conforto e de estarmos bem no nosso espaço.
Feliz de quem tem uma casa para voltar e uma razão para desejar estar nela. Seja essa razão o abraço dos filhos, o carinho do companheiro, a ternura do pai ou da mãe ou de alguém que nos ame, nem que seja à distância de um telefone.
Feliz daquele que sente um prazer desmesurado a desfrutar daquele espaço, seja no barulho ou no silêncio, na desarrumação ou no conforto. Na mesa cheia ou na solidão escolhida.
Por muito que o dia seja difícil, por muito que as tarefas se acumulem e que haja um segundo "emprego" ao chegar a casa enquanto encontrarmos nela o calor e aqueles rasgos de felicidade de que tanto precisamos, então já temos muito.
Os meus pais festejam hoje o seu 35º aniversário de casamento. Uma data ainda mais especial pela excepção à regra que os casamentos longos se tornaram.
Com os meus pais aprendi que casamento rima com paciência e com estabelecer objetivos juntos enquanto se tenta remar para o mesmo lado.
Aprendi que nem sempre se é perfeito e que essa imperfeição faz parte e também que cada um deve ter espaço e apoio para aquilo de que gosta e, se for preciso, mete-se mãos à obra juntos.
O objetivo primordial, de entre todos os objetivos do casamento deles, foram os filhos.
Ver-nos crescer, dar-nos ferramentas para voar sem esquecer que o porto seguro estará lá sempre. E mesmo que as diferenças de opinião entre nós e eles existam é visto com uma certa normalidade.
Que consiga eu trazer o tanto que aprendi com eles para a minha própria vida. E se possível aproveitar a sua enorme transparência para não repetir os mesmos erros. Porque é exatamente essa transparência a riqueza da nossa família.
Um grande beijinho de Parabéns, Pai e Mãe, e que continuem, apesar das dificuldades, a educar-nos pelo exemplo (e já podem pensar no restaurante da comemoração... porque isto festeja-se nem que seja com meses de atraso).