A querida Charneca em Floraceitou gentilmente o meu convite para participar neste Calendário do Advento e imediatamente me perguntou o que queria, já que este Natal 2020 se avizinha em pequeno comité e nada igual aos anteriores. Eu respondi-lhe que queria algo que nos fizesse esquecer os problemas que nos cercam neste momento e ela amorosamente não só foi de encontro com o meu pedido como nos fez um post muitissimo interessante sobre a origem do Presépio.
Muito obrigado pelo teu empenho e pela tua participação querida Charneca. Resta-me desejar-te um Santo e Feliz Natal nas melhores condições possíveis e com a melhor companhia do Mundo (presencialmente ou não). Um grande beijinho!
O Natal é uma época repleta de simbolismo. As luzes, os enfeites, a árvore de Natal, a mesa recheada de iguarias, os presentes, tudo isto contribuí para uma inevitável aura de magia. Cada um destes exemplos terá o seu significado e a sua história mas não é sobre nenhum deles que me proponho escrever nesta ocasião.
Nesta época é possível encontrar, em inúmeros lugares, as mais variadas representações do acontecimento que, segundo a tradição cristã, deu origem ao Natal. A este conjunto de figuras alusivas ao nascimento de Jesus chama-se Presépio. Mas quem terá iniciado esta tradição?
Segundo se consta, a primeira recriação do Nascimento de Jesus através de um Presépio ocorreu em 1223 por iniciativa de São Francisco de Assis. Nesse ano, em vez de celebrar o Natal na Igreja, como era habitual, mandou levar uma manjedoura para uma gruta, assim como um burro e um boi. Em relação às figuras de Jesus, Maria e José, as fontes divergem. Há quem diga que havia essas figuras em barro, há quem diga que foi um Presépio vivo com um bebé representando Jesus e há quem diga que não existiam essas figuras e que São Francisco, só pela presença do burro e do boi e pela fé, explicou aos fiéis como Jesus nasceu de forma humilde. Ou seja, foi uma espécie de catequese viva. O que é certo é que São Francisco de Assis ficou, tradicionalmente, ligado ao início do Presépio.
Seguindo o exemplo de São Francisco de Assis, foi-se adquirindo o hábito de montar presépios. Primeiro nas igrejas, nos mosteiros e nas catedrais, depois nos palácios de nobres e reis até se estender às casas das pessoas comuns.
Cada cultura acabou por interpretar esta representação do Nascimento de Jesus à sua maneira levando à existência de modelos de presépios muito diferentes. Por exemplo, os presépios portugueses mais tradicionais são de barro e muito coloridos apresentando inúmeras figuras típicas que nada têm a ver com a época do Nascimento de Jesus.
Eu fico completamente encantada quando vejo um presépio mas, seja qual fôr o género de presépio, mais simples ou mais complexo, é importante olharmos para lá da riqueza das figuras e percebermos que tudo se resume à simplicidade daquele menino, filho de Deus, que nasceu da forma mais humildade possível. Para se ser grande, é preciso fazer-se pequenino.
Quem és tu? Uma pergunta que ouvimos frequentemente, especialmente quando chegamos a um grupo novo ou mesmo a uma entrevista de emprego.
Quem és tu? Uma pergunta que se nos fizermos a nós próprios temos tantas dificuldades em responder.
Prometi-vos reflexão para este Calendário do Advento e hoje convido-vos a refletirem neste assunto que pode bem dar "água pela barba".
Quando nos conhecemos a nós próprios seremos muito mais fiéis aos nossos valores e princípios, seremos melhores pessoas para quem está à nossa volta e mais disponíveis para o Mundo. E se ainda têm dúvidas de que este assunto pode (e deve) entrar num Calendário do Advento convido-vos a reler a última frase....
Porque saber quem somos é o melhor meio para conhecer o nosso caminho e onde queremos chegar... Que estes dias que antecedem a Noite de Natal nos tragam a todos tempo e disponibilidade para pensar nisso!
O Natal é uma altura do ano onde se fala de solidariedade. É também a altura do ano que muitos apelam de hipócrita porque "só se lembram dos pobres no Natal".
Se é verdade que se podia fazer mais e melhor também é verdade que o ótimo é inimigo do bom.
Pessoalmente parece-me preferível ser solidário ao longo do mês de Dezembro do que nunca...
E são tantos os críticos que se recusam a dar no Natal porque é hipocrisia e não compartilham nada o resto do ano porque é responsabilidade do governo, das associações, do presidente da República ou de qualquer outra pessoa.
Pessoalmente dou no Natal, tal como no resto do ano, quando a ocasião se apresenta e, infelizmente as ações de solidariedade são pouco ou nada publicitadas, especialmente quando não têm bons "embaixadores".
É uma sorte ter o necessário para si, o suficiente para partilhar. É uma sorte poder preocupar-se em comprar presente de Natal para os filhos, os maridos, os pais e os amigos quando ao nosso lado há quem mal tenha para pôr comida na mesa. E há tanta gente que trabalha tanto e mal consegue chegar ao final do mês...
Se não confias em associações podes sempre fazer a tua própria partilha por ti mesmo. Conhecerás tu ou alguém em quem confies um caso de quem precise mesmo de ajuda e, quem sabe, seja pobreza encoberta e só precise de uma mãozinha neste exato momento para dar a volta por cima!
Por isso, independemente de ser vista como hipócrita ou não, sinto tanta alegria em partilhar e adoçar um bocadinho um Natal alheio!
E por aí: participam em campanhas de solidariedade no Natal, ajudam alguém que conhecem na vizinhança ou simplesmente nem pensam no assunto?
Um Natal sem música não é Natal e cá em casa música de Natal é uma escolha natural durante o mês de Dezembro.
Apesar de ter muitos álbuns favoritos e cantores que me enchem o coração quando interpretam alguns dos temas, hoje decidi partilhar-vos um deles.
Michael Bublé editou em 2011 o seu álbum Christmas e com a sua voz doce e fresca ao mesmo tempo reinventou algumas das músicas de Natal mais conhecidas de sempre. Pessoalmente acho irresistíveis a sua interpretação de It's Beggining to Look a Lot Like Christmas ou Have Yourself a Merry Little Christmas.
Espero que esta sugestão musical seja do vosso agrado e estou ansiosa pelas vossas sugestões de álbuns natalícios.
Até amanhã!
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2020 está a ser um ano do caraças e, mais do que nunca, tomar conta de nós mesmos e daqueles que amamos é inprescindivel.
É por isso que decidi trazer-vos cinco ideias de presentes de Natal que podem entrar nas nossas rotinas de self care e que me parecem boas ideias para um presente a nós mesmo ou a outra pessoa.
Livros- Livros são sempre ótimas opções de presentes. Desde romances a livros de desenvolvimento pessoal quando oferecemos um livro a alguém oferecemos também a oportunidade de sonhar, imaginar, aprender e acreditar. Se isto nao é um presente com valor o que será?
Um objeto hygge - Já é a segunda vez que vos falo de hygge neste calendário do advento e isso acontece porque associo esse estilo de vida norte europeu ao Natal.
Oferecer alguma coisa a alguém que a faça sentir-se bem e confortável no seu interior é sempre uma boa ideia, especialmente porque são estas as primeiras coisas das quais abdicamos quando o nosso orçamento já é tão apertado para outras coisas.
Por isso velas, mantas, meias quentinhas, um poster... e todas as coisas que permitam passar um momento confortável são sempre boas ideias e não ocuparam espaço desnecessariamente.
- Uma subscrição de uma plataforma, de uma aplicação de meditação ou de uma revista podem ser uma ótima opção de presente de Natal. Não é físico mas dará forçosamente prazer e ainda permite, tal como os livros, momentos de evasão e de investimento pessoal para o feliz contemplado.
- Jogos de sociedade: Quantas tardes passamos, quando éramos mais novos, a jogar a jogos de sociedade e a deliciar-nos com eles? E esse hábito perdeu-se muito por causa da televisão e da internet. Portanto, e porque acho que bons momentos em família valem ouro, deixo-vos como sugestão voltarem aos jogos de sociedade. E há mesmo coisas incriveis.
- Vinho, bolachas, chás...:Este é o tipo de coisas que adoro oferecer e adoro receber. Provar coisas novas, que muitas vezes não compraria por não serem prioritárias, e que me oferecerão com certeza momentos deliciosos é, em minha opinião uma opçao sempre acertada. E todos os gulosos de plantão devem estar de acordo comigo.
Para este Natal gostava de ter mais paz no coração,
de ser mais decidida e convicta nos meus próprios ideais.
Gostava de aprender a ser mais justa e mais corajosa, mas ao mesmo tempo mais paciente e bem menos intempestiva.
Para o próximo ano, se pudesses deixar-nos isso no sapatinho, gostava de voltar a ver as famílias reunidas,
que houvesse mais solidariedade e compaixão entre as pessoas.
E que desaparecessem as máscaras da nossa vida e os medos quase insanos que temos de todos aqueles que se cruzam connosco!
Gostava que no sapatinho me deixasses também mais bons momentos, aprendizagens consistentes e vontade de perseguir sonhos. Porque há tantos sonhos dentro da minha cabeça!
Querido Pai Natal, desejo que partilhes todas estas graças por todas as pessoas no Mundo. Porque mesmo as que nem se apercebem que precisam delas, precisam!
Estou ansiosamente à espera da tua visita, querido Pai Natal!
A Cidade de Lyon, em França, que me acolhe desde 2016 têm uma grande tradição à volta do dia 8 de Dezembro.
É por estes dias que a famosa Fête des Lumières (ou Festa das Luzes, em Português) ilumina os principais pontos turísticos do centro histórico da cidade e quando as luzes de Natal se acendem.
A Festa das Luzes, como se conhece hoje, advém de uma tradição muito antiga em honra de Nossa Senhora.
Em 1168 é construída na Colina de Fourvière, um dos pontos mais altos da cidade, uma capela em homenagem à Virgem. Esta é renovada e acolhe peregrinos todos os anos pelo 8 de Setembro.
Chegado o ano de 1643 os representantes da cidade sobem à colina para pedir a proteção divina contra a peste que assola o Sul de França. Lyon foi poupada nesta ocasião e em muitas outras situações semelhantes ao longo da história o que faz aumentar a devoção dos seus habitantes a Notre Dame de Fourvière.
Em 1850, as autoridades religiosas lançaram um concurso para a realização de uma estátua de Nossa Senhora que seria colocada no topo da colina. A sua inauguração estava prevista para o dia 8 de Setembro de 1852 mas é adiada para o dia 8 de Dezembro do mesmo ano, devido a uma cheia no rio Saone.
Nesse dia o tempo estava bastante mau e mais uma vez as autoridades religiosas estavam à beira de anular a festa... só que o céu acabou por ficar limpo e os moradores dispuseram, de forma completamente espontânea, velas a arder nas suas janelas.
Quando a noite caiu toda a cidade estava iluminada. Os religiosos continuaram o movimento acompanhados pelo povo e a capela de Fourvière aparece a brilhar na noite de Lyon.
Desde esse dia uma verdadeira tradição nasceu e os Lyonnais colocam os chamados "lumignons" nas suas janelas, colocam os enfeites de Natal e as iluminações de Natal públicas são inaugurados nesse dia.
Desde 1999 a Festa das Luzes ocorre por quatro dias (sempre à volta do 8 de Dezembro) e acolhe visitantes do Mundo inteiro.
Este ano, e devido à pandemia não haverá Festa, apesar de algumas iluminações abrilhantarem a cidade, mas toda a gente já preparou os seus lumignons. Os nossos estão ali à espera de ir para a janela!
Fonte: https://www.fetedeslumieres.lyon.fr/
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O Último Fecha a Porta é um daqueles vizinho como deve ser. Não lhe conheço o rosto nem mesmo o nome, deduzo que temos idades muito aproximadas... fora isso sei que lhe dedico um carinho muito particular.
Não convidei o Último para o Calendário de 2019 por não me sobrar muito espaço para as colaborações e sabia que o queria no Calendário de 2020. E ele aceitou amavelmente o meu convite dando-nos a sua visão do que nos espera neste Natal de 2020.
Um grande beijinho Último e um excelente Natal, daqueles a sério para ti e toda a tua família.
Queria agradecer antes de mais à querida Nala o simpático convite para escrever sobre o Natal.
Este ano, vamos todos viver um Natal diferente para todas as gerações. Porém, não tão radicalmente como possamos estar a pensar. Explico o meu ponto de vista.
O Natal além das prendas e consumismo é também aquela época de amor e afetos. A noite da consoada é aquela onde há sempre lugar para mais um na mesa. Aquela onde os vizinhos convidam-se uns aos outros para consoarem e ninguém ficar sozinho. Este espírito comunitário tende cada vez mais a perder-se.
Assim, a forma de atenuar esta quebra vai ser a previsivel invasão de postais virtuais nas redes sociais. Nestes últimos anos que andamos sempre colados ao telemovel e temos uma story para todos os momentos (marco não é marco na vida de uma pessoa se não se anunciar ao mundo nas stories ou no feed do Facebook e do Instagram).
Dou por mim a pensar sobre o que pesa mais no nosso Natal dos últimos anos?
Receber em casa os tios, os avós, o vizinho solitário, ... OU receber o feliz Natal virtual com uma foto e um tag a acompanhar?
Entregar em mãos um presente OU ser um transportador a deixar a encomenda em cartão reciclado?
Será que as pessoas ficarão tristes por não ter a casa e a mesa cheia de gente OU por não fazerem aquela story espetacular com o pessoal a comer?
Dia 26 de Dezembro, cada um terá a sua resposta.
Ainda assim, acho que este vírus vai-nos tornar mais egoístas, até na ceia de Natal. À data que escrevo este texto, estou pessimista quanto a esta onda de afetos e no que isso pode provocar nos sentimentos das pessoas mais sós, que são as mais seniores. Essas, sem telemoveis e esquecidas com a justificação do vírus, vão sentir muito a ausência das suas pessoas.
Venho de uma família muito grande e as Festas de Natal são sempre cheias, barulhentas, com mesas fartas e muitos presentes.
Se gosto do Natal assim, porque foi sempre assim o conheci e é bom sinal que nada tenha mudado. Apesar de tudo este Natal mexe um bocadinho com a minha própria concepção do Natal chegando mesmo a entrar em conflito.
Sou daquelas que gosta de estar sossegadinha no seu canto, das conversas atentas e intimistas e de um fundo sonoro calmo. Em contrapartida tenho uma má relação com os excessos, os desperdicios e o barulho.
Gosto imenso de dar presentes mas gosto de ver a felicidade na cara das pessoas. Ora quando se compra presentes para quase 30 pessoas temos algum interesse em manter um orçamento reduzido e a não dar presentes muitos dispares, não vá alguém reparar...
Gosto de passar o Natal "em casa" e de ver a família toda mas sinto sempre este conflito interior. Porque às vezes também gosto de ter um Natal com coisas mais simples.
Adoro o blog da V de Viver que se chama Coisas que eu (não te) disse. Nada mais apropriado para um blog que fala da vida, das coisas boas e das menos boas e das suas experiências.
A V. é daquelas pessoas que leio com prazer e com quem me identifico muito já que, tal como eu própria, ainda anda à procura das suas próprias marcas...
Eu sabia que ela tinha alguma coisa a acrescentar a este Calendário e vocês vão perceber porquê! Por isso, e por tudo aquilo que me ensinas, querida V. agradeço-te do fundo do coração a tua disponibilidade para escrever este texto e desejo-te um Feliz Natal!
Natal. O simples facto de pronunciar a palavra já me leva ao passado e me coloca uma sorriso na cara e um aperto de felicidade no coração. Natal é sem dúvida uma palavra mágica. Tráz consigo o cheiro a lenha queimada, o odor de comida, o som dos risos da família, a cor das luzes, das velas e da lareira. Natal foi, e será sempre, sinónimo de família. Sinónimo de mesa recheada, do tilintar dos copos e talheres, do cheiro a filhoses, a arroz doce e bacalhau assado. Sinónimo de amor. De coração cheio quase a saltar do peito. De alegria, de carinho, de ternura.
Natal é luzes a piscar por todo o lado. É quentinho, é presentes e mais importante que isso, é presença.
Oxalá não nos tirem o Natal. O ano de 2020 foi, e continua a ser, um ano atípico. Um ano difícil. Um ano que, acredito, nunca mais esqueceremos. O ano em que nos vimos privados da nossa liberdade. Liberdade essa que nos era tão natural, principalmente aos mais jovens. Mas peço ao Universo, com todas as minhas forças, que não nos tirem também o Natal. Não nos tirem a família, a lareira acesa, a mesa farta, os primos, os irmãos, os tios, os avós e os pais. Não nos tirem a casa cheia, os abraços, o carinho, o amor, os risos e os brindes.
Que possamos todos festejar o Natal. Que possamos, junto dos que mais amamos, relembrar aqueles que nunca esquecemos, aqueles que partiram deixando o Natal, e a nossa vida, mais pobre.