3 vezes em que "mordi a língua"
Adoro a expressão "morder a língua" já que dá uma ideia muito visual daquilo que fazemos tantas e tantas vezes: engolir os nossos "eu nunca" de uma forma absolutamente espantosa...
O que vos proponho hoje é uma viagem pelos principais "eu nunca" que fui dizendo ao longo dos anos e a realidade atual... em que mordi a língua forte e feio. Porque é sempre saudável rir das certezas que acabamos por deixar cair a terra... e aprendemos imenso com isso.
Preparados?
- "Emigrar não é para mim" - Acabei a licenciatura na altura em que os primeiros membros da mais tarde batizada "geração à rasca" saíram do pais. Apesar de o assunto ser atual na altura nunca tal coisa me passou pela cabeça, afinal nunca "abandonaria a luta".
Não muito tempo depois, e por razões óbvias, comecei a ver alguns colegas a pegarem nas malas e a partirem eles também. Nessa altura as minhas convicções eram menos rígidas mas continuei a dizer alto e bom som que "emigrar não é para mim".
Mais ou menos um ano depois de visitar uma amiga em Paris e de reforçar a minha ideia inicial de que não era feita para aquela vida tive eu própria vontade de abraçar a aventura... que quase oito anos depois ainda dura!
- "Se me juntar não me caso" - Esta é quase uma piada privada cá em casa...
A verdade é que tendo crescido num meio rural a ideia de ver alguém um casal viver junto antes do casamento era incompatível com a ideia de casar depois. Não que o visse como um pecado ou algo do género mas não via interesse em festejar algo que já acontecia e fazia-me sentido "sair de casa dos pais para a casa de casado".
Claro que, anos mais tarde, "mordi a língua" forte e feio já que o pedido de casamento chegou três meses depois de virmos morar juntos... e o sonho do vestido, do anel de noivado e a importância que passei a dar à oficialização da coisa me fizeram esquecer as minhas antigas certezas.
- "Filho meu dormir na minha cama? Nunca..."- Há uma expressão francesa que diz "avant j'avais des principes maintenant j'ai des enfants" (antes tinha princípios agora tenho filhos) e admito que ela me assenta que nem uma luva. E trazer o meu filho para a minha cama era daquelas certezas absolutas que existiam dentro da minha cabeça.
Até ao dia em que, depois de uma noite complicada, a única forma de descansarmos os três fosse trazê-lo para terreno proibido.
Sim, não se deve fazer e blablabla mas às vezes uma pessoa faz como pode e, sinceramente, há regras que sabem bem se forem infringidas uma vez por outra. Mas, de qualquer das formas, a maternidade é rica em "morder a língua".
Claro que ainda tenho muitos mais "eu nunca" que acabei por mudar ao longo dos anos mas são estes os mais flagrantes e também os que mais me fazem rir ai imaginar a minha cara de há uns anos atrás a ver o meu eu de hoje.
E por aí, quais os principais "mordi a língua" da vossa vida? Não deixem de partilhar connosco... riremos de certeza um bom bocado!
Um grande beijinho e até ao próximo post!
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