Há uns anos atrás perdi todas as fotos que tinha no computador. Foram os anos de faculdade os que desapareceram e, mesmo com a ajuda de algumas amigas, foi impossível compilar novamente todas as recordações perdidas.
Desde aí aprecio ainda mais as fotos "à antiga" e faço os possíveis para imprimir algumas.
É um exercicio muitas vezes longo, que me custa algum dinheiro e que me ocupa bastante espaço físico em casa. Mas ó como me sinto feliz no fim de o realizar. Quantas vezes, em alturas mais ou menos rotineiras, em que tudo me parece cansativo e insuportável meter a cabeça nas recordações e reviver aqueles momentos me fazem um bem enorme!
Recordar momentos, locais, pessoas e situações é não só reconfortante como me enche de gratidão pela vida que tenho.
Por isso, agora que o final de Janeiro se aproxima, aconselho-vos fortemente a dar a volta aos vossos álbuns, sejam eles digitais ou em papel (ou em último recurso às vossas redes sociais) e sentirem como as boas energias daquelas recordações vos fazem bem. E este exercício é a repetir em todos os momentos menos positivos.
O livro "Make Your Bed" do almirante William H. McRaven fazia-me "olho" há já algum tempo, sobretudo por ser aconselhado de forma unânime por dois ou três podcasters que aprecio.
E foi assim meio por impulso meio de forma refletida que o comprei e li... em menos de duas horas!
Este livro, cujo titulo é no mínimo curioso, resume os dez ensinamentos que o seu autor adquiriu ao longo da sua formação enquanto Navy SEAL dos Estados Unidos da América.
Esta obra encheu-me as medidas por repetir de forma crua aquilo que todos sabemos mas que insistimos em ignorar talvez porque nos habituamos a uma certa falta de resiliência e de aceitação.
A primeira vez que McRavenfalou sobre estes dez pontos foi numa conferência na sua antiga universidade e que podem encontrar aqui.
Enquanto isso deixo-vos aqui um resumo dos dez tópicos que compõe a sua reflexão:
- "Se quer Mudar o Mundo comece por fazer a cama"
Se este ponto parece ser caricaturado a verdade é que a sua razão de ser é simples. Fazer bem a cama é sinónimo de começar o dia por uma tarefa bem feita. E o bónus é que não há nada mais agradável no final do dia, mesmo quando ele corre mal, de se deitar numa cama bem feita.
- "Se quer mudar o Mundo encontre alguém que o ajude a remar"
Família, amigos verdadeiros e relações de trabalho honestas e sinceras são muitas vezes aqueles que nos ajudam a não desistir ou que podem mesmo nos fazer progredir. Por isso deixemos de lado os contactos superficiais e criemos reais laços com as nossas pessoas.
- "Para mudar o Mundo avalie as pessoas pelo tamanho do seu coração"
Se eu própria defendo que a primeira impressão é importante não posso deixar de concordar que é preciso "ver mais além do que os olhos alcançam" e que não é o aparentemente mais apto que o será forçosamente!
- "Se quer mudar o Mundo aceite que há injustiças"
Aqui está algo que, por mais que me esforce, tenho dificuldade em aceitar. E portanto quem nunca sentiu que foi vitima de uma situação injusta? McRaven não nos aconselha a fingir que essa situação mas antes a termos a humildade de aceitar e sair reforçado da provação ao invés de gritar à injustiça e ficar bloqueado nisso, sem continuar o nosso caminho.
- "Se quer mudar o Mundo não tenha medo do "circo"
O autor relata-nos que no seu treino "Circo" significa uma série de exercícios extra que são aplicados aos candidatos que "falharam" ao longo do dia, digamos que se trata de uma espécie de castigo. Este circo tinha a agravante de piorar o cansaço físico dos marinheiros e era quase garantia que o dia seguinte seria novamente "dia de circo".
O que McRaven nos mostra é o lado "positivo" do treino: o facto de esse trabalho intenso nos permitir melhorar o nosso desempenho, alcançar os nossos objetivos e em consequência disso melhorarmos a nossa própria auto-estima.
- "Se quer mudar o Mundo atire-se de cabeça"
Atirar-se de cabeça aqui não é ir sem refletir mas é sobretudo tomar uma decisão ponderada atirar-se de cabeça nela. Afinal o que pode acontecer é um falhanço e nada mais...
- "Se quer mudar o Mundo enfrente os tubarões"
Tal como no mar existem muitos tubarões à nossa volta. E nesse caso temos duas opções acobardarmos-nos e fingirmos que não vimos ou aceitar que eles existem, enfrentá-los com autocontrolo e firmeza e avançar apesar deles.
- "Se quer mudar o Mundo dê o seu melhor nos momentos mais difíceis"
Esta foi talvez a "anedota" do livro que mais me fez refletir. O almirante fala sobre a quantidade de vezes em que assistiu ao funeral de jovens militares e a forma como sentia que o que dizia à família enlutada não trazia nada de novo. Num desses funerais, no entanto, estava um congressista que conseguia fazer as famílias sorrir.
Esse homem tinha também ele perdido um filho para a guerra e mais do que qualquer outra pessoa sabia o que isso queria dizer. Apesar de tudo seguiu em frente, salvou o seu casamento, deu tudo pelos seus outros filhos e pelas responsabilidades que tinha e tornou-se um exemplo de coragem e motivação para quem o conhecia e com ele lidava.
- "Se quer mudar o Mundo cante quando estiver com lama pelo pescoço"
Outro titulo sugestivo mas que vai ao encontro do nosso ditado "quem canta seus males espanta". Cantar, mesmo com o peso do Mundo nas nossas costas pode ser uma excelente forma de reduzir esse peso já que o nosso foco passa para a música e não para o sofrimento. E quem sabe ainda ouviremos outras vozes ali ao lado que se juntaram a nós e que nos farão sentir acompanhados e parte de um grupo.
- "Se quer mudar o Mundo nunca toque o sino"
No campo de treino SEAL "tocar o sino" significa desistir. E não é uma desistência porque dei o meu máximo e não consegui mas sobretudo uma desistência porque me disseram que ia ser muito difícil e eu nem sequer quis experimentar. Por isso, e mais uma vez o autor nos trás à reflexão a importância da decisão amadurecida antes de ser tomada, devemos seguir em frente e manter-nos fiéis à nossa escolha.
Tenho há já alguns anos uma lista de mulheres que me inspiram no dia a dia, seja pelo seu comportamento, a sua maneira de vestir ou a marca que deixam no Mundo.
E se começou bastante longe no meu "ranking" pessoal, a nova Rainha Consorte da Dinamarca hoje faz indiscutivelmente parte do meu "Top 3" seja em estilo ou em influência.
E é assim que, pela ocasião da sua recente ascensão ao trono, vos apresento cinco coisas em que Mary da Dinamarca nos pode inspirar.
- O Estilo:
Aquilo que salta imediatamente aos olhos onde quer que a vemos é a forma impecável como a Rainha da Dinamarca se veste. Com um estilo elegante, discreto mas assumidamente romântico sempre devidamente adaptado ao seu estatuto e idade.
E Mary tem uma personalidade tão forte mesmo na evolução do seu próprio estilo que é, de todas as cabeças coroadas europeias, aquele que consegue manter mais tempo o seu guarda-roupa o que lhe permite ser uma das mais "economizadoras".
- Excelente Oradora:
Apesar das comparações que somos tentados a fazer entre Mary e a Princesa de Gales, e há mesmo quem chegue ao extremo de dizer que elas parecem irmãs, Mary destaca-se de Kate pela assumida vontade, desde o inicio da sua vida pública, de levantar a voz em prol das causas que defende e isso em vários organismos políticos internacionais e europeus. A Princessa britânica, pelo contrário, sempre se mostrou menos disponível para falar em público e os seus primeiros "discursos" são bastante recentes em relação aos anos de "carreira" que já leva.
- Mulher de Causas:
Enquanto Princesa a sua associação a missões e organizações foi sempre frequente mas é de salientar a escolha que Mary sempre fez por dar o seu apoio e usar da sua influência em programas ligados à saúde pública, como programas de vacinação infantil da Organização Mundial de Saúde ou sociais, como a proteção de crianças e jovens em risco, maternidade e saúde mental.
- Mãe Dedicada:
Apesar da vida pública movimentada, Mary é conhecida como sendo um pilar na vida dos seus quatro filhos, não deixando de estar presente na vida deles. É de recordar que a atual Rainha da Dinamarca é mãe de Christian, o atual príncipe herdeiro, de Isabella e dos gémeos Vincent e Josephina.
Quantas de nós não gostariam de ter tido, ou de vir a ser, uma mãe assim presente e estilosa?
- Nunca se esquece dos seus:
Se a família real da Dinamarca é uma prioridade na vida de Mary, ela é também muito próxima da sua família que continua a viver na Tasmânia, uma ilha australiana. Sendo a mais nova de quatro irmãos, ela é muito chegada a eles, especialmente às suas duas irmãs, cada uma madrinha de um dos jovens príncipes.
A relação é tão próxima que Mary não dispensa passar alguns dias com eles desde que a ocasião se apresente. Um verdadeiro "clã" que também ele nos faz pensar nos Middleton.
Cada um de nós pode ser um exemplo para alguém. Talvez não um exemplo grandioso, até porque esse poderia servir sobretudo a nos tornar orgulhosos, mas um exemplo discreto e modesto na vida de todos os dias.
Sabesse lá porquê sonhamos sempre com grandes coisas. Mas para isso é preciso começar por pequenos passos e ser resiliente neles. Porque a rotina e as dificuldades diárias são as mais desgastantes e dificeis de lidar. E nem todos somos feitos para mudar o Mundo ou governar um país, mas todos temos responsabilidades na nossa família, no nosso círculo de amigos, na nossa comunidade e em todos os "grupos" dos quais fazemos parte.
E ser exemplo também não quer dizer ser hipócrita ou mentir. Lá porque tento ser um exemplo para alguém não quer dizer que esconda os meus defeitos nem as minhas dificuldades, no entanto também não quer dizer que deva espalhá-los ao Mundo como se fossem uma fatalidade ou pior ainda um "se eu sou assim porque é que hás-de ser diferente?".
Que sejamos um exemplo de pequenos atos: um sorriso cortês, uma porta aberta para alguém passar, um "bom dia", "se faz favor" e "obrigado". Que sejamos exemplos no cuidado conosco próprios cabelos penteados, roupa limpa e unhas cuidadas. Que sejamos exemplos de humanidade fazendo realmente alguma coisa e não nos limitarmos a gritar aos quatro ventos e a fazer partilhas à direita e à esquerda.
E que saibamos também guardar e meditar todos os bons exemplos que estão à nossa volta no nosso coração. Só assim seremos bons exemplos quando chegar a nossa vez! Porque na verdade nunca saberemos onde e quando podemos ser nós o exemplo!
Se os meus pais cometeram erros comigo?! Com certeza... mas sempre se esforçaram para me dar o mais apropriado com o máximo de esforço e a melhor informação que tinham na altura.
Os meus pais foram muito exigentes comigo mas foram também o meu primeiro grande exemplo de trabalho, de espírito de sacrifício e de sentido de missão. Nunca me pediram um esforço que não estivessem eles dispostos a fazer com pelo menos três vezes mais de esforço. E se esse ensinamento é duro a dar e a receber, a verdade é que é enriquecedor!
Os meus pais dão-me conselhos e opiniões que eu não lhes peço mas foram os primeiros a dar-me espaço e "armas" suficientes para pensar pela minha cabeça e decidir por mim própria.
Os meus pais nunca foram à universidade mas nunca se esqueceram de me ajudar e apoiar em todo o meu percurso escolar assim como nunca me deixaram esquecer (e não se deixaram esquecer) que a vida não é só escola, nem só festas e amigos. Sacrificaram-se bastante por me dar também uma boa educação social, cultural e artística.
Os meus pais deram-me vários exemplos que nem sempre são fáceis de viver no dia a dia. A minha mãe sempre me ensinou que a simpatia e a gentileza são poderosas e que o respeito é devido a toda a gente seja velho ou novo, rico ou pobre
O meu pai "obrigou-me" desde cedo a assumir as minhas responsabilidades simplesmente por me fazer confiança. Ensinou-me também o valor do trabalho e da resiliência e que o que é imediato não é necessáriamente durável.
Mas apesar de estarem um bocado "fora de moda" quem me dera ser capaz de transmitir estes valores ao meu filho num mundo onde eles são tão necessários e se perdem...
Os meus pais não são perfeitos mas são os melhores pais que eu alguma vez podia ter tido!