Recentemente, numa festa, escolhi comer numa barraquinha dos escuteiros. Não porque o que tinham era mais apetitoso mas porque aqueles miúdos de lenço ao peito me trazem sempre boas recordações. E ainda hoje, tantos anos depois, tento ainda levar a minha vida à luz da promessa escutista.
Receber ou enviar um postal é, para mim, o expoente máximo do bom gosto para desejar as boas festas a alguém que está longe.
Enviar um postal é bem mais difícil do que encomendar um presente numa loja online e esperar que ele seja entregue. É necessário escolher o postal, escrevê-lo pelo nosso próprio punho e leva-lo ao correio.
Receber um postal é também um momento especial, uma palavra doce e carinhosa que sobressai no meio da publicidade e das contas para pagar.
Desde há algum tempo que faço questão de enviar um postal ao meu afilhado pela Páscoa e Natal, uma forma de lhe dar um toque pessoal mesmo à distância. Este ano fiz a mesma coisa com o meu filho. Escrevemos um postal e fizemos com ele uma atividade de pintura para que os padrinhos recebessem o seu beijinho neste Natal.
E por aí, não tens mesmo ninguém a quem enviar um postal de Natal? Ainda estás a tempo e prometo-te que a pessoa terá muito prazer em receber.
O Papa João Paulo II foi um dos mais acarinhados religiosos do nosso tempo.
Em 2001, nas comemorações de Natal, descreveu na perfeição o que é o sentido do Natal Cristão. Que fique aqui, independentemente da crença ou não de cada um de nós, este excerto para reflexão.
Um dos grandes problemas do nosso tempo é a eterna falta de tempo (e o muito dele que passamos nas redes sociais). Hoje convido-vos a agarrarem no vosso telemóvel e a utilizarem-no para aquilo que faz de mais básico. Ligar para alguém com quem já não fales há muito tempo.
Vimos tantas vezes o filme "Sozinho em Casa" que nos esquecemos de ouvir o que o pequeno Kévin diz realmente.
A tua família, tal como a minha, não é propriamente "fácil de aturar". Na verdade nenhuma família é.
Que todos nós possamos no entanto tentar reencontrar-se com a sua, compreendê-la e fazer-se compreender.
Porque os mais velhos estão convencidos de que têm razão, os pais de que sabem sempre o que é melhor para os filhos, os filhos insistem que os pais querem mandar neles... E nisto tudo estamos cada vez mais sozinhos e longe uns dos outros.
Que, como o Kévin, possamos ter a nossa família como prenda de natal. Porque só assim faz sentido.
Aqui em Lyon manda a tradição que na noite do oito de Dezembro as janelas das casas sejam iluminadas com velas e surgiu como uma forma de agradecimento a Maria pela poupança da cidade à peste.
Hoje convido-vos, crentes ou não, a acender uma vela como agradecimento por tudo o que temos. Que a Gratidão nos acompanhe por estes dias e que as queixas fiquem bem longe de nós.