Sempre estive convencida de que tempo para si é também questão de organização.
Mas neste momento, por mais que me tente organizar, confesso que tempo é coisa que não me sobra e o self care é a última das minhas prioridades, pelo menos até encontrarmos o nosso ritmo cá em casa (processo que já está bem mais avançado do que há uns dias)
E é nesta redescoberta de um equílibro completamente diferente, bastante mais complexo, rico e fascinante que me surgiu a ideia deste post: o que posso fazer em 10 minutos para me cuidar e ter um tempinho para mim numa agenda (neste momento apenas familiar ) carregada. Porque tomar conta dos outros só é possível quando tomamos conta de nós também.
Por enquanto não consigo ser regular nem realizar todas as atividades da lista, até porque não depende só de mim, e passo muitas vezes os meus poucos dez minutos disponíveis a recuperar o atraso do sono ou a responder às mensagens que ficaram para trás. Mas a ideia é guardar a lista para aqueles momentos livres que aparecem de forma inusitada durante o dia e que é preciso aproveitar da melhor forma.
- Beber um café ou um chá em silêncio... ou acompanhado por algumas das tuas músicas favoritas;
- Ler duas páginas de um livro é um luxo para qualquer leitor impulsivo como eu. E isso pode ser feito em dez minutos;
- Realizar uma curta sessão de alongamentos... porque o corpo também precisa de estar em forma;
- Verificar e colocar em ordem as "to do list" já que diminuir a "carga mental" é uma ótima maneira de se sentir melhor;
- Fazer uma máscara express é uma boa opção quando estamos por casa e não temos muito tempo disponível... especialmente agora que há produtos tão eficazes e tão rápidos no mercado;
- Preparar a roupa para o dia seguinte é uma excelente atividade sobretudo para as almas vaidosas deste Mundo (aqui me confesso). E preparar a roupa de véspera pode ser bem divertido e um ótimo escape;
- Organizar e imaginar o próximo fim de semana ou as próximas férias... há lá algo melhor do que isto para uma mente cansada?
- Fechar os olhos e desfrutar do silêncio... para quem se sente à vontade a meditação é sempre uma opção;
- Sonhar acordado... é das coisas mais fáceis, rápidas e eficazes para nos enchermos de energia sem sair do sítio... e parece que nos esquecemos de como isso é importante e mesmo de como se faz...
- Verificar as redes sociais (sem exageros) e como forma de motivação e NUNCA para nos lamentarmos da nossa vida e assumirmos que a vida alheia é perfeita em oposição à nossa.
- A dica bonús é passar para o computador a ideia de post que me trabalha na cabeça já há uns dias... E sabe tão bem!
E por aí, qual a vossa atividade de "self-care express" para quando o tempo e a energia não abundam?
Não que seja o meu mês preferencial de férias até porque prefiro alturas do ano onde haja menos gente nos principais pontos turísticos e adoro a calma da cidade neste mês. Gosto sobretudo de Agosto por aquilo que representa para mim.
Em miúda era o mês das férias a sério. Enquanto em Julho havia ATL e consequentemente horários, Agosto era mês de ficar por casa e passar a tarde a dar passeios com as amigas.
Depois eram as noites de festas da minha vila. O som nas ruas, os dias quentes e as noites frescas típicas daquela região do Ribatejo. O cheiro a eucalipto usado nos telhados das barraquinhas, o fogo de artifício, a procissão de Domingo e as típicas cavalhadas de Segunda Feira à tarde sob um Sol abrasador.
Por fim, enquanto os dias passavam tranquilos. lá chegava o final do mês e com ele o aproximar do início da escola. E é esse momento tão propício a recomeços que o final de Agosto me representa... e como gosto desta sensação.
Porque ele é o "desfilar de dias" leves e sem muita confusão antes da retoma de uma vida corrida, tão longe do ritmo tranquilo deste mês do ano.
E por aí, qual a vossa relação com o mês de Agosto?
Todos nós criamos as nossas próprias expectativas. Se esta tendência já é bastante humana, a coisa é levada ao extremo muito por causa das redes sociais e das fotos e sorrisos que nos chegam através destes meios.
Podemos ser um bocadinho mais ponderados ou mais sujeitos à "manipulação" inocente dos cinco minutos brilhantes dos outros mas todos caímos nesta ilusão da vida de sonho.
A maternidade e paternidade são, provavelmente, dos assuntos que mais nos incitam à criação de expectativas.
Esperamos que, tal como os bebés das revistas ou das fotos dos nossos queridos amigos (esquecemo-nos que a foto demora um minuto a tirar e o dia tem vinte e quatro horas), o nosso bebé seja uma espécie de boneco acordando apenas para comer, dormir e brincar e estará sempre vestido maravilhosamente, qual modelo de catálogo. E nós mães e pais, sobretudo os de primeira viagem, achamos que o que os outros nos dizem é exagero e acreditamos que o cansaço e o desespero não se vão apoderar de nós.
A nós o "pandã" nas roupas, os longos passeios no parque e os serões em que Pai e Mãe aproveitam para jantar à luz das velas enquanto o bebé dorme tranquilamente no nosso quarto. No entanto a essa expectativa corresponde uma realidade que pode ser bem menos glamorosa.
Os bebés, os nossos e os dos outros, não são "representações de anjo" e choram, fazem cocó, não querem dormir, sujam quilos de roupa (o que eu achei de exagerado os amigos que me falaram da necessidade de uma máquina de secar roupa...) e os passeios não são sempre calmos e tranquilos. A isso juntam-se a lida da casa, a burocracia relacionada com o nascimento do bebé, a falta de tempo para nós, o acumular de cansaço e um certo "luto" a fazer das coisas boas que ficaram com a nossa vida de antes.
Mas nada disto é grave e a aprendizagem é uma constante. Acredito que é o equílibrio que ajudará as coisas a entrarem na ordem e que precisamos de tempo para nos conhecermos. E sinceramente, mesmo com estas dificuldades todas, não o trocaria por nada no Mundo!
E por aí, mães e pais, como foi as vossas experiências de mãe e pai de primeira viagem e quais as expectativas que caíram mais depressa a terra?
Para aqueles que não seguem as minhas aventuras também no instagram, onde acabo por ser um bocadinho mais regular nas publicações, a nossa vida sofreu recentemente um "tsunami" com a chegada do nosso filho.
Não há ninguém, nem momento algum, que nos prepare para toda aquilo que sentiremos quando realmente temos aquele bebé nos braços. Nem as experiências dos amigos nem tudo o que possamos ler ou imaginar durante a gravidez.
Os primeiros dias em casa, as primeiras dores e os primeiros momentos de cansaço dão-nos um cheirinho daquilo que os dias, e anos a vir, nos trarão.
Entretanto o tempo passa e este pequeno ser já é tanto parte de nós que é como se tivesse existido sempre. E não há pilha de roupa para lavar que se compare à sensação de o ter aninhado nos braços.
Entretanto a vida tem de continuar e é preciso equilibrar mais um prato na balança. O pai já voltou ao trabalho e eu ainda tenho algum tempo pela frente neste papel exclusivo de mãe, mas já não tardará muito a regressar também.
E aos poucos e poucos, há medida que lhe damos biberons e nos admiramos com a rapidez com que cresce, também a nossa vida tem de voltar ao normal e todos os outros papéis que desempenhamos devem ser retomados.
Hoje relanço o Crônicas, depois de uma ausência quase não sentida já que as férias de Agosto e os posts programados foram os suficientes para o manter ativo mesmo na minha ausência.
Este retomar será gradual, sem pressas nem pressões. Apenas pelo prazer de desabafar, ler, escrever e de partilhar convosco os temas e as reflexões que me percorrem o espírito naquele momento preciso.
Provavelmente não manterei o ritmo semanal e o meu objetivo tem mais a ver com qualidade do que com qualidade. Fazer menos mas aproveitar melhor a disponibilidade drásticamente diminuida.
Também não será um blog virado para a maternidade, apesar de este tema puder surgir já que faz parte da minha vida.
Em resumo o que vos quero dizer é que agora a família é de três e essa é, e sempre será a prioridade. Mas este blog também é parte de mim, faz parte da aventura e ajuda-me a manter a sanidade mental e a sair da rotina do dia a dia.
Um grande beijinho e até ao próximo post porque eu entretanto vou só ali mudar uma fralda!
Mais ou menos a meio da gravidez decidi fazer uma to do list de coisas que queria fazer durante esta fase.
Algumas destas coisas estavam ao meu alcance pela simples razão de que fiquei com mais tempo disponível e também que me senti menos "culpada" por me dedicar a fazê-las. Por outro lado preferi prevenir o cansaço e a falta de tempo dos próximos meses e recarregar baterias.
Hoje partilho, de forma parcial, esta lista convosco e convido-vos a partilhá-la com as futuras mamãs que estão à vossa volta. Porque acho fundamental que nos mimemos e que nos cuidemos pois só assim poderemos tratar dos outros da melhor forma possível, inclusive do futuro bebé. E uma gravidez tranquila (tanto quanto possível) e futuros pais em paz e com energia valem ouro nesta fase (conselho de todas as amigas mamãs e de todos os profissionais de saúde com os quais me cruzei).
Ora aqui fica ela. Preparados?
- Descansar muito:
Apesar de me dizerem para aproveitar para dormir a verdade é que passei uma gravidez pautada por insónias intermináveis. A solução? Fazer sestinhas quando a oportunidade se apresentava ou, pelo menos, descansar um bocadinho em silêncio para recuperar energias.
- Reafirmar os próprios gostos, valores e vontades:
Se foram as hormonas se o tempo que tive para me dedicar a isso não sei mas a verdade é que tive uma enorme necessidade de me reencontrar comigo mesma ao longo destes meses. Reatar paixões antigas e criar moodboards de coisas que gosto, com as cores e o espírito que gosto foi um divertimento e um exercício de auto(re)conhecimento bastante interessante e ficará ali à vista para quando o cansaço se apoderar de mim e precisar de me reapropriar dos meus gostos; Porque numa fase de tantas descobertas, reencontrar-se consigo mesmo e reafirmar-se é um prazer inexplicável.
- Passar projetos de futuro para o papel:
Por volta do fim do 2º trimestre senti uma enorme necessidade de começar a pensar no "depois de bebé estar cá fora". A verdade é que preciso de me sentir envolvida com coisas novas e a sua chegada eminente ajudou a mudar as minhas prioridades e a precisar de me readaptar agora e no futuro.
Por isso aproveitei para organizar, planear, projetar, sonhar e passar tudo isso para o papel. Porque, podem não ser projetos de imediato mas serão úteis no futuro e criá-los agora com tempo livre já é meio caminho andado para quando forem precisos.
- Cuidar de mim:
Fazer desporto, tratar mais do que nunca da minha pele (e portanto vocês sabem como essa é uma das minhas paixões), hidratar-me e comer bem tem sido prioridades absolutas ao longo destes meses. Tive mesmo tempo para uma pequena mudança de visual e um belo tratamento em instituto para ganhar forças renovadas para o que aí vem!
- Dedicar-me à decoração da casa e aos projetas DIY:
O facto de passar mais tempo em casa, assim como a tentativa de criar um ninho mais agradável para acolher o bebé, fizeram com que me dedica-se à decoração.
Nada de bem extravagante mas entre o seu futuro quarto e mudar uma ou outra coisa que precisavam de um ar de mudança foi uma atividade que me deu muito prazer.
Pela mesma ocasião dediquei-me, pela primeira vez, a um verdadeiro projeto de DIY decorativo, nada de muito complicado, mas que me deixou com aquele gostinho do "fui eu que fiz" na boca! :)
- Falar muito com as amigas:
As amigas não estiveram muito presentes nesta fase muito devido às restrições e confinamentos mas as oportunidades para falar ao telefone não faltaram e soube mesmo muito bem. Mesmo assim ainda consegui reencontrar algumas pessoalmente e foi uma alegria!
- Namorar, passear e aproveitar o tempo a dois:
A nossa vida de casal vai mudar e decidimos aproveitar para queimar os últimos cartuxos da vida a dois. Se uns bons dias de férias, as quais tinhamos tanta vontade, não foram possíveis aproveitamos esta fase para passear aqui perto, desfrutar do tempo a dois e namorar muito. Porque acreditamos que o reforçar dos lados e as boas memórias nos ajudaram a reencontrar o nosso futuro equilíbrio a três ainda mais importante tendo em conta que os avós estão a duas horas de voo de distância...
E por aí, quais as coisas que acham que se entrariam bem nesta to do list? Grávidas com quem partilhar estas dicas?
Se os sucessivos confinamentos serviram para alguma coisa foi para aumentar o volume de compras feitas online.
Plataformas como a Amazon cresceram exponencialmente ao longo dos últimos dois anos e, com as mudanças que fomos interiorizando, tenho algumas dificuldades em acreditar que a tendência se altere nos próximos tempos.
Pessoalmente, apesar de ter alguma curiosidade, sempre fui reticente a comprar online. Entre outras coisas porque gosto de ver o produto na mão, aprecio o conselho do funcionário e o facto de saber que a minha compra mantém um posto de trabalho de alguém que eu estou a ver ali há minha frente.
No entanto, tal como muitos de vocês, as compras online entraram definitivavemente na minha vida ao longo deste último ano.
As vantagens que sou obrigada a reconhecer-lhes é que compro melhor (sim, sim... sou daquelas que compra mais facilmente por impulso numa loja e quanto mais cheia, pior já que o meu desejo mais intimo é sair dali), há mais escolha e produtos para todos os gostos e reconheçamos que os preços são, por vezes, mais convidativos.
No entanto, comprar online exige o cumprimento de algumas regrinhas e é sobre elas que vos quero falar hoje. Espero que gostem e que partilhem aquela amiga ou amigo que não pára de fazer disparates online.
- Verificar a confiabilidade do vendedor:
Normalmente os sites mais conhecidos não oferecem grandes riscos no momento da compra mas existem pequenos sites ou mesmo páginas de facebook que podem ser um bocadinho menos "cumpridores".
O que vos aconselho é tentarem informar-se via google sobre a empresa em questão ou terem alguma atenção aos comentários nas redes sociais. Se tudo estiver correto, ótimo mas se vocês não estiverem seguros melhor deixar para lá afinal não vão morrer por falta daquela peça.
- Ter em atenção às políticas de trocas:
Um outro problema relacionado com as compras online é a política de trocas.
Por exemplo, no que diz respeito a roupa as marcas de fast-fashion ou de empresas com muito nome no mercado, existe facilidade na troca mas deve sempre fazer-se atenção às despesas com o reenvio (se é a cargo do vendedor, do comprador e a que preço) e às condições de troca.
Em caso de lojas mais pequenas nada como perguntar diretamente ao vendedor qual o funcionamento com as trocas o que vos permitirá também de verificar a sua reatividade;
- Reenviar o que não serve ou está em mau estado nos devidos prazos:
Ainda relacionado com as trocas, precisamos ter em atenção o tempo de que dispomos para reenviar o que não serve ou reclamar do que está em mau estado.
Se voltar aos correios para reenviar aquilo que não nos interessa pode ser mesmo muito chato, ficar com objetos ou roupas parados em casa e dinheiro empatado é ainda pior!
- Ter em atenção as fotos, as informações e as opiniões sobre os artigos:
Quando escolhemos comprar algo online devemos sempre ter em atenção as fotos apresentadas, as informações que são dadas (composição, conselhos de utilização ou de lavagem...) e as opiniões de quem comprou o artigo.
Estes pequenos passos podem ajudar-vos na hora de escolher algo que realmente vos agrade e não ter de ir ao correio reenviar o já receberam...
- Ter em atenção os prazos de entregas:
Olhar sempre para o prazo de entrega prevista, a disponibilidade e a proveniência dos artigos é fundamental para termos uma ideia de quando ele estará connosco e se vale a pena comprar ou não tendo em conta a nossa própria urgência em recebê-lo.
- Pagamentos Seguros:
A fiabilidade do site é importante na hora de pagar. Por isso tenham alguns cuidados e desconfiem sempre que algo vos parecer estranho. Em caso de dúvidas um cartão virtual pode ser uma solução e um seguro de cartão de crédito pode também não ser uma má ideia;
- Fazer um print-screen do ecrã de "pagamento aceite":
Normalmente quando o nosso pagamento foi realizado com sucesso somos redireccionados para uma página que nos informa dos dados da encomenda. Apesar de recebermos quase sempre um mail com essa mesma informação prefiro sempre fazer um print-screen dessa página como prova de compra caso haja algum problema com o email ou com o pagamento em si;
- Acumular compras:
Esta dica é um bocadinho pessoal e nem sempre funciona mas, sempre que possível, acumulo compras na mesma plataforma. Isso permite-me poupar nos portes de envio e no transporte da minha encomenda;
- Ao mínimo sinal de problema com a entrega ou a encomenda entrar imediatamente em contacto com o apoio a cliente:
E isso deve ser feito imediatamente ao momento da receção, com fotos em apoio e, em momento algum, devemos aceitar quando nos dizem para ligarmos nós para a transportadora sem a intervenção do vendedor.
- Prever as despesas alfandegarias:
A não esquecer que artigos que vem de fora da UE podem estar sujeitos a despesas alfandegárias, algumas delas extra. Por isso, e para evitar dissabores, prevejam essa possibilidade e pensem sempre se aquele artigo daquela proveniencia é assim tão vital ou se podemos passar com outra coisa!
E por aí quais as vossas dicas para realizar boas compras online? São mais team online ou team loja?
Sou a favor das escolhas e acho que cada um deve fazer o que entende da sua vida, por outro lado detesto rótulos e sobretudo que me imponham coisas só porque sim.
E nesta fase onde tanto se fala de "liberdade" estamos cada vez mais cercados por julgamentos de valor que, em nome dessa mesma liberdade querem impor as suas opiniões a toda a gente.
Ora passo a explicar o meu ponto de vista com alguns exemplos: defendemos direitos de um lado mas, se aquilo que fizermos estiver em coerência com aquilo que está "socialmente aceite", tem pouco valor. Mesmo que o façamos de forma esclarecida e por vontade própria.
E quem critica, critica como se a liberdade só se jogasse de um lado do campo. E isso é não só injusto como grave e limite ofensivo. Como se só houvesse branco e preto e nos esquecessemos das milhentas nuances de cinza que existem! E este querer validar as próprias opiniões e escolhas pela crítica as opiniões dos outros, seja de que lado da barricada for, é ridículo e torna quem tem este comportamento igual ou pior a quem critica.
Já defendi várias vezes ao longo do blog que a sociedade só nos impõe o que nós deixamos. Se é difícil ser contracorrente? Muito! Mas não é na responsabilidade de assumir as nossas escolhas pessoais que está o nosso real crescimento?
Mais do que nunca precisamos de ser corajosos e assumir o que queremos para nós, sem ser limitado a conversa de café ou a barafustarmos contra tudo e contra todos sem uma única medida especifica.
Porque não serve de nada recusarmos uma imposição trocando-a por outra e tendo de lidar muitas vezes com comportamentos ainda mais severos e arrogantes.
Por isso, e por muito difícil que seja, façam o que quiserem e sobretudo não permitam que vos julguem seja porque razão for. Porque não há ninguém, seja liberal ou conservador, que calce os nossos sapatos e percorra o nosso caminho.
Dizemos "não ligues" quando queremos que o (aparente) bom ambiente se mantenha e ensinamos as crianças desde pequenas a fazer o mesmo. Talves hoje as coisas tenham mudado mas não necessariamente pelas boas razões.
Eu e uma grande parte da minha geração ouviu esta frase vezes sem conta. Aliás ainda hoje tenho direito a ela, apesar do enorme descontentamento que ela me provoca e que nem me esforço de esconder.
No entanto nem sempre foi assim. Era do género a fingir "não ligar" e foi isso que me fez perceber que, apesar de parecer uma boa ideia, ele só serve para nos deixar mal na nossa pele.
Hoje em dia a minha estratégia é totalmente diferente. Recebo o comentário e, depois de o ter processado, decido se quero responder ou não e como o quero fazer.
Claro que, como não sou nenhuma santa, isto também abriu a possibilidade de nem sempre dar uma resposta tão educada como deveria mas acho que a minha qualidade de vida e amor próprio aumentou muito graças a isso.
O que me fez deixar de ouvir esta mítica frase do "não ligues" foram essencialmente três razões.
Deixo a ressalva de que estas opiniões são pessoais e que se algum de vocês funcionar bem com este tipo de pensamento tiro-vos o chapéu. No meu caso, e em toda a honestidade, esta forma de pensar não funciona e este blogue é também sobre nem sempre fazer o que se espera de nós desde que nos sintamos bem connosco próprios.
- Recuso-me a dar mais tempo de antena ao assunto:
Quando tento "não ligar" a uma provocação apenas a estou a deixar em segundo plano na minha cabeça. Ora de que me serve não dar atenção a um comentário que me faz mal mas passar o resto do dia a ruminar?
Para isso mais vale ou escolher conscientemente ignorar ou, em casos mais prolongados ou graves, colocar um fim imediato e resolver assim o assunto de uma vez por todas.
Há consequências? Como em tudo na vida... mas usando um velho ditado "enquanto o pau vai e vem folgam-se as costas".
- Não quero dar a possibilidade ao outro de ganhar um ascendente sobre mim:
Recentemente a filha de uma colega na escola foi vitima de patifarias por parte de umas coleguinhas. A primeira reação da família foi o famoso: "não ligues".
Mais tarde a mãe, depois de ler sobre o assunto, contou-me que o autor do livro defendia que nunca responder a uma agressão dá a sensação ao agressor de que não tem limites e que pode fazer tudo o que quer. E quanto mais se deixa evoluir a história mais a criança terá dificuldade em se safar dela.
Não sou especialista em comportamento humano mas conheço um número razoável de pessoas firmes e retas para perceber que isto é bem verdade.
E o mais engraçado é que muitas dessas pessoas são bastante agradáveis e bem educadas a impor os seus limites. Lá se vai a teoria dos nossos pais de que quem responde é mal educado, não é?
- Exijo respeito:
Sei que estamos na era das ofensas por pouca coisa e que temos de relativizar um pouco a vida. Mas a verdade é que há coisas que nos fazem realmente mal e são gratuitas e essas nunca devem ser ignoradas.
Por isso, quando recebo um comentário que saí daquilo a que estou disposta a aceitar não finjo que não ouvi. Respondo nem que seja de uma forma jovial para mostrar à outra pessoa que recebi a mensagem mas que esse assunto não é do foro público e não o quero discutir com ela.
Posto isto gostaria de deixar outro pequeno ponto que me parece importante.
Quanto mais dizemos a alguém para não ligar mais corremos o risco de lhe passar a imagem de que os seus sentimentos não interessam. E isso não lhe vai ser útil em nada salvo em prejudicá-la. Sobretudo quando falamos de crianças e adolescentes.
E por aí: adeptos do "nao ligues", do tipo "agressão-reação" ou, tal como eu agora, tentam escolher conscientemente as vossas batalhas e não se deixar envenenar?