Uma das coisas que mais me espantam é a nossa incapacidade para aceitar a possibilidade de escolha, seja a nossa própria escolha ou a recusa de quem nos cerca dessa mesma probabilidade.
Em relação à nossa própria capacidade de escolha temos dificuldades em assumi-la primeiramente porque isso nos faz sair de forma deliberada da nossa zona de conforto, e isso é muito difícil. Em seguida escolhas exige-nos responsabilidades!
Assumo que nem sempre é fácil escolher. Por mim falo já que tenho uma série de escolhas para fazer e ando há demasiado tempo a empurra-las com a barriga. Quando escolhemos temos de lidar com incertezas, inseguranças, sentimento de perda e medo do futuro. Mas, mesmo que nunca sejamos capazes de praticar uma escolha, ao menos que nunca nos esqueçamos que temos uma.
E depois temos a negação da nossa possibilidade de escolha por parte de quem está à nossa volta. Neste caso podem fazê-lo por conforto mas também por desconhecimento.
Existem muitas pessoas que, pura e simplesmente, já esqueceram que têm essa possibilidade e agem como se os outros não a tivessem. E é-lhes impossível compreender isso pelo que, a melhor forma de lidar com elas é sendo firme e recordando que as escolhas são possíveis, por muito pequenas e limitadas que nos pareçam.
As outras apenas desejam proteger-nos ou agir em proveito próprio, por muito que nos amem. Mas, apesar do valor que os outros têm na nossa vida, somos nós os comandantes deste barco.
De qualquer forma, tirando as situações muito extremas, temos sempre alguma forma de comando na nossa vida: seja a nível profissional como pessoal. É preciso ter coragem e franqueza e o resto acontecerá.
Com o final do mês de Agosto chega o regresso ao trabalho e com ele a volta das tão famosas (e com cada vez mais adeptos) marmitas.
Cá por casa somos grandes fãs de marmitas e nem me consigo lembrar da última vez em que comprei uma sanduiche rápida no bar do hospital.
Optar por marmita em vez de "comer fora" é mais económico mas também é mais adaptado àquilo que gostamos e que queremos consumir.
Hoje deixo-vos 5 dicas que colocamos em prática cá em casa e que não implica passar o Domingo na cozinha. Preparados?
- Refeições congeladas: Já vos falei das refeições congeladas no post sobre a cozinha sem desperdício e, mais uma vez aqui estão elas. Aqui em casa temos essencialmente duas formas de congelação: ou o fazemos em doses individuais ou optamos por fazer uma porção que dê para duas refeições. Naquele dia em que não fazemos jantar só temos de pensar em pôr a descongelar de véspera e já está.
- Cozinhar "um bocadinho a mais": Uma outra forma de manter o hábito das marmitas é, naqueles dias em que se cozinha, fazer um "um bocadinho a mais" para sobrar para uma ou duas vezes. Assim rentabilizamos os dias em que temos disponibilidade para cozinhar e ficamos precavidos.
- Preparar a refeição com antecedência:Cá por casa, quando sabemos de antemão que tal dia não poderemos cozinhar preparamos com antecedência a refeição. Por hábito, quando a cozinha é minha, faço o mesmo no Domingo para Segunda-Feira à noite e Terça ao almoço.
- Ter sempre o necessário para uma refeição rápida:Quando o tempo (ou a vontade) é escassa e as opções de refeições são poucas podemos sempre optar por uma refeição rápida. Ter do que fazer uma salada, uma omelete ou um paté é sempre uma boa opção e está pronto em cinco minutos.
- Optar por refeições simples:Simplificar as receitas mas optar por produtos de boa qualidade e de época são sempre apostas seguras para nos mantermos motivados a comer a nossa própria comida. Deixa os pratos pesados e complicados (que normalmente são também os mais difíceis de comer) para os fins de semana e opta por coisas rápidas, ligeiras e saborosas para o dia a dia. Mais tarde agradecerás por isso!
E por aí fãs de marmitas ou nem por isso? Quais são os vossos segredos para se manterem motivados?
Nestes ultimos meses, não sei se será apenas uma impressão ou não, tenho visto mais pessoas a chegar aos blogs.
Novas histórias, novas ideias, novos projetos, novos rostos revelados ou não que fazem parte da nossa vida. E é um prazer descobrir o que têm para contar.
Também têm havido alguns que vão partindo. Na melhor das hipoteses para outras plataformas ou então deixam de escrever ou de partilhar o que lhes vai na alma. Provavelmente alguns voltaram mais tarde com novos blogs e novas histórias como aconteceu comigo. O Crónicas não é nem de perto o meu primeiro blog...
Mas, mesmo que ninguém substitua ninguém, é sempre bom ter "sangue novo" e sobretudo olhares e experiências novas. E quantos mais chegarem mais outros se juntaram à festa e mais partilhas e trocas de experiência haverão.
Quanto mais cresço mais me sinto grata por tudo aquilo que os meus olhos podem alcançar. Todas as memórias vividas e que consigo reproduzir na minha mente de forma tão minha.
Porque é preciso ser grato, focar no essencial, respirar ar puro e construir novas memórias que nos ajudarão a avançar mesmo nos momentos mais difíceis.
Nem sempre as coisas são fáceis. São muitas as vezes em que serrar os dentes e conter as lágrimas são o nosso dia a dia. E é nesses momentos mais complicados que as boas memórias, os abraços e os beijos de quem gostamos e os sorrisos dados entram em cena como se fossem um escudo de proteção. E com ele mantemo-nos em pé, certos de que a sorte acabará por mudar e que chegará de novo o nosso momento de sorrir.
Por isso provoca bons momentos, regista-os e guarda-os debaixo dos teus olhos e no fundo do coração. E sê grato por cada um deles pois são esses os teus principais tesouros!
Uma das grandes vitórias da minha vida foi aprender a dizer não. Foi um trabalho árduo especialmente porque não suporto conflitos nem desiludir pessoas.
Mas, por outro lado, não posso ignorar que o não saber dizer não me prejudicou em muitas ocasiões.
Ao longo desta longa aprendizagem, que está neste momento em fase de consolidação, percebi que o não é o meu escudo protetor e a certeza da minha escolha. E que usá-lo a meu favor era uma enorme vantagem.
Trabalhei essencialmente dois raciocínios para incutir esta aprendizagem na minha vida: o primeiro é a escolha e o segundo o respeito.
A aprendizagem que se relaciona com a escolha diz respeito ao facto de a cada "sim" corresponderem uma série de "nãos" ditos de forma muitas vezes inconsciente.
Por isso qual é a lógica de dizer que sim a algo que me anula, que não está de acordo com os meus valores ou que, simplesmente, não me apetece quando posso dizer não a algo mais importante para mim e que corresponda àquilo que me é essencial.
O meu segundo argumento passa pelo respeito. Durante muito tempo achei que ia ser desrespeitada por dizer "não".
A verdade é que, tal como muitas vezes me espantava do facto de as pessoas menos disponíveis serem as mais respeitadas, quando comecei a dizer não passei a sentir muito mais respeito pela parte de quem estava à minha volta (e que, em alguns casos, estava tão habituado à minha proverbial disponibilidade).
Claro que isto me custou alguns olhares aborrecidos e outros surpreendidos mas, no fim de contas, agora sou vista como alguém que sabe dizer não e a quem ninguém pode impôr aquilo que lhe dá mais jeito.
E depois destas duas premissas bem encaixadas na minha cabeça bastou-me aprender a dizer "não" de forma gentil ou nem por isso e, em caso de dúvida ou de deslize, focar-me naquilo que é essencial. Mas isto deixarei para um outro post...
Até lá não deixem de deixar nos comentários o que se passa convosco em relação aos "nãos". São fáceis ou, pelo contrário, são demasiado difíceis?
Vivemos na época das correrias, dos objetivos a cumprir sem parar e dos horários apertados.
A nossa vida passa a uma velocidade incrível e é impressionante como, nem o facto de termos estado vários meses em confinamento, nos fez sair deste modo de vida acelerado.
Durante muito tempo a única coisa que me fazia sentido era ter uma vida carregada mas apercebi-me rapidamente que correr por todo o lado e fazer tudo perfeitamente me era impossível. Se há uma certeza que tenho sobre mim própria é que pressão e cansaço são inimigos destruidores.
Por isso, e se tal como eu precisas de tempo para ti, para te reencontrares e para te sentires feliz na tua própria vida deixo-te aqui algumas boas razões para "não fazer nada" nem que seja durante 20 minutos por dia.
Caso, pelo contrário, aches que a vida só faz sentido na correria pode ser que estas boas razões te convençam!
- Não fazer nada é bom para a saúde:
Estar constantemente sujeito a stress é bastante prejudicial para a saúde já que pode provocar aumento da pressão arterial, problemas cardiovasculares e dores de cabeça entre outros.
Permitir-se uma pequena pausa para relaxar de vez em quando, de preferência sem pensar em nada será portanto um ótimo investimento na nossa saúde.
- Não fazer nada ajuda a criar novos planos, objetivos...:
São vários os autores que defendem que devemos aborrecer-nos se queremos ser produtivos.
Em período de internet e de estímulos sem pausa permitir-se não fazer ajuda a desenvolver a imaginação e daí a desencantar novas coisas para fazer vai um passo.
- Ajuda a dormir:
Aparentemente fazer pausas durante o dia para se acalmar ou mesmo fazer uma micro-sesta depois do almoço ajudam a diminuir o stress e a melhorar o ciclo de sono. Porque não experimentar?
- Mudar a perspetiva:
Quando estamos num turbilhão de atividades as coisas até correm bem mas assim que há um pequeno problema sentimos que, rapidamente, tudo deixa de fazer sentido e ficamos como que perdidos.
Parar e relaxar em silêncio nem que seja por dez minutos ajuda a dar "dois passos atrás" e a mudar a perspetiva em relação aos problemas.
- Mostrar confiança pelos outros:
Este é um dos pontos mais cruciais do meu ponto de vista mas não é, no entanto, um dos mais abordados neste tipo de post.
Uma das razões pelas quais "não temos tempo para nada" é porque acreditamos que temos de fazer tudo sozinhos para que fique perfeito.
Se, pelo contrário, decidires que precisas de um bocadinho mais de tempo para ti vais precisar de delegar algumas destas tarefas aos outros. E com isto "matas dois coelhos numa cajadada só" pois ganhas tempo para ti e, ao mesmo tempo, mostras confiança e responsabilizas as pessoas que fazem parte da tua vida.
E tu, tens mais alguma boa razão para acrescentar? Não deixes de partilhar connosco a tua relação com o "não fazer nada" nos comentários.
Hoje é o aniversário dele. Já é o quarto desde que estamos juntos.
Todos os anos, sem excepção, o bolo de aniversário é feito por mim. Neste bolo de aniversário ponho toda a criatividade, cuidado, esforço e alegria que acredito que uma relação precisa para dar certo.
Este ano não será diferente. Festejaremos os dois. Num dia que será um misto entre as surpresas que preparei e os desejos que ele expressou.
Será um dia especial espero eu. Daqueles dias mágicos que só podemos partilhar com aqueles a quem chamamos família.
Quem nunca jurou a pés juntos que não ia gostar de qualquer coisa e acabou por morder a língua que se acuse!
Por aqui tenho umas quantas histórias que começaram com um "eu nunca" e que acabaram como preferidos ou pelo menos muito apreciados...
A verdade é que passamos muito tempo dentro da chamada "zona de conforto": comemos sempre o mesmo, vamos sempre aos mesmos sítios e experimentamos sempre as mesmas sensações e a mudança, especialmente tudo aquilo que foge do nosso "normal" nos assusta muito.
Hoje, e para provar que por vezes é necessário experimentar, avançar e descobrir coisas novas trago-vos 3 coisas às quais "disse nunca" e que hoje são particularmente apreciadas por aqui.
- Foie Gras: Quando comecei o processo para viver em França jurei a pés juntos que "foie gras" seria aquela iguaria da cozinha local da qual não iria gostar "nem que a vaca tussa".
Não foi mais tarde que no final do primeiro mês que descobri me apresentaram uma entrada à base de fois gras. E eu que sempre tinha dito que não provei e passei a gostar bastante.
- Ir às compras ao supermercado: Ir ao supermercado sempre foi um bocado "um calvário". Era uma atividade chata, rotineira e que representava a vida adulta e todos os problemas do dia a dia.
Com o crescimento, a experiência de viver sozinha, o perceber que comer bem e tratar da casa é sobretudo tratar de mim própria e daqueles que vivem comigo este passou a ser um momento útil mas prazeroso. E neste caso bastou mudar a prespectiva...
- Caminhadas: Já vos falei várias vezes de que uma das minhas maiores paixões é a caminhada. Esta paixão começou também ela de um convite que tive vergonha de recusar.
Se, inicialmente, achava a atividade aborrecida e boa "para os mais velhos" à medida que a fui experimentando fui ficando cada vez mais fã e não me incomodo nada de passar umas férias com uma mochila às costas e a observar tudo o que há para ver!
- Passar o Fim-de-Semana em casa: Esta descoberta foi bastante recente e muito por causa do confinamento. Sempre fui daquelas pessoas que achava que ficar em casa ao fim de semana era um verdadeiro atentado no entanto, e tal como todos nós, vi-me obrigada a ficar fechadinha em casa durante os fins de semana (para quem acabou de chegar fique eu trabalho num hospital pelo que nunca fiquei nem "confinada" nem em tele-trabalho).
Com estes meses de isolamento esta prática tornou-se não uma pena mas sim um prazer pois redescobri muitos prazeres que tinha esquecido e alguns novos. Por isso ficar em casa ao fim de semana já não é um súplicio mas sim um prazer enorme por ter um teto, saúde e puder aproveitar esse tempo para cuidar de mim.
E por aí qual a vossa preferência atual que começou com um "Eu nunca"?
Temos a obrigação de cuidar de uma amizade como cuidamos de um amor
As relações de amizade são fundamentais na nossa vida. Sejam amigos de infância, amigos que conhecemos durante os anos de faculdade ou amigos de vida adulta, estas pessoas são parte integrante de nós mesmos e vamos necessariamente aprender muito com elas.
Os amigos são, normalmente, companheiros de estrada durante uma parte do nosso percurso.
Temos fases em que somos inseparáveis e outras em que as escolhas pessoais, as responsabilidades ou mesmo a distância nos afastam. E é na forma como os protagonistas desta relação interagem com todos estes fatores que se cria a linha que separa uma amizade para a vida de uma amizade "para uma parte da nossa vida".
Quantas vezes, no fim da adolescência ou no início da vida adulta, acusámos os novos namorados dos nossos amigos de os afastarem de nós ou, mais tarde, nos sentimos cheios de ciúmes dos filhos que chegaram e que nos impedem de aproveitar devidamente aquela companhia a que estávamos tão habituados?
E aquela fase chata em que entramos na faculdade em cidades diferentes e são as novas pessoas e o não estar junto todos os dias os principais responsáveis por esse afastamento e acabamos a morrer de inveja de quem partilha, atualmente, o dia a dia daquele que era até então o nosso único melhor amigo.
No entanto todos nós nos apercebemos, nem que seja anos mais tarde, que o coração dos amigos têm sempre lugar para "mais um" e que esta adaptação das prioridades é uma razão para ficarmos felizes por eles e não o contrário.
As relações de amizade duradouras evoluem e adaptam-se às mudanças e, tal como uma relação amorosa, a amizade desgasta-se e é bilateral pelo que não serve de nada que um dos dois faça esforços impressionantes para manter a "chama acesa" se a resposta não for recíproca.
E a diferença entre as diferentes amizades não advém necessariamente das diferenças entre pessoas mas sim do quanto estamos dispostos a abdicar, a felicitar, a aprovar e a aceitar as escolhas dos outros mesmo quando eles se reorganizam, crescem e se dedicam a um curso, a um emprego, a outros amigos ou a uma família e nos dão a impressão de passar para segundo plano.
Tenho vários amigos que vivem bem longe mas que encontram sempre tempo na sua agenda para estar comigo (nem que eu vá de férias na pior altura para eles). Tenho vários amigos com os quais não falo todos os dias, não sei as novidades "em tempo real" mas com os quais nunca me falta assunto e quando nos vemos podemos falar durante horas.
E são estas as amizades que mais prezo nos dias que correm porque sei que, apesar de viverem as suas vidas e nem sempre terem tempo para mim, estarão lá seja qual for a adversidade.
Percebi a importância destes amigos há medida que a minha própria vida foi evoluindo. Hoje em dia não preciso de trocar milhares de mensagens por dia com um amigo para o sentir como "amigo". Acho que seria capaz de afirmar que são os amigos dos "milhares de mensagens" os que mais me têm desiludido,
Aprendi a dispensar também os amigos cuja preocupação é o "eu" e nunca o "tu" ou aqueles que respondiam com "piedade" às mensagens que enviava porque achava que "a vida deles é tão ocupada tenho de ser eu a fazer o esforço" como se a minha própria vida fosse menos preenchida.
Se há algo que a maturidade me trouxe, e que o ano 2020 pela sua intensidade colocou ainda mais a nu, foi esta certeza de que a amizade é muito mais do que fotos, festas e conversa de treta, que aqueles que são mesmo bons ficarão do nosso lado independentemente de nem sempre serem perfeitos e que ninguém deve aceitar amizades que valham menos do que isso.
Temos a obrigação de cuidar de uma amizade como cuidamos de um amor mas não devemos, em caso algum, aceitar tudo em nome dessa mesma amizade. E às vezes uma rotura e um adeus são mesmo inevitáveis por muito que isso nos custe.
Por isso cultivemos as boas amizades, daquelas que estão lá sempre, mesmo que não nos coloquem num pedestal, pois são essas as que mais valem a pena.
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Estava a fazer scroll pelo facebook (sim, sim... essa rede social dos infernos mas que eu continuo a utilizar volta não volta) e deparei-me com a foto de uma antiga colega.
Conheci-a há uns bons anos atrás quando, muito mais nova do que o meu "bando", foi trazida lá para dentro por um amigo.
Curiosamente o namoro deles acabou e a minha relação com esse amigo também, ou pelo menos fomo-nos afastando e acabámos por perder o contato há muitos muitos anos.
Em contrapartida guardei sempre algum contato com ela. Fosse um "Olá" bem disposto quando nos cruzávamos ou uma mensagem via um qualquer chat pelos respetivos aniversários.
A foto, que não tinha absolutamente nada de especial, mostrava uma cara que eu tão bem conhecia mas com as primeiras rugas de expressão. E isso deixou-me um bocadinho incrédula...
Afinal se assim é com o rosto dela o meu não está muito diferente.
Eu, que apesar de ser uma pessoa adulta, nem sempre me sei comportar como uma. Eu que tantas vezes preferia esconder-me debaixo da cama a enfrentar um problema ou a suportar o rang-rang do dia a dia. Eu que continuo a sonhar com histórias de principes e princesas e com fadas madrinhas. Eu também cresci, não foi só ela!
E essa foto lembrou-me que se ela, uns bons anos mais nova, é uma mulher adulta e independente (e apesar de não sermos grandes amigas tenho uma adorável admiração por essa rapariga, saiba-se lá porquê) eu também o sou.
E se a minha cara já o demonstra bem, a minha alma essa está cheia de marcas de guerra e de objetivos atingidos, alguns com bastantes dificuldades e muita resiliência.
É incrível como, há medida que a vida avança, ela não se torna mais fácil. Apenas se torna mais rica e desafiante.
E tal como o meu rosto, o rosto daquela "miúda" e o rosto de qualquer pessoa na face da Terra as rugas de expressão estão lá para marcar toda essa complexidade.
E ao recusarmos essas rugas estamos a recusar todas as grandes e pequenas etapas que fomos atravessando ao longo da nossa vida.