Aproveitar a nossa própria companhia é, provavelmente, das melhores descobertas que podemos fazer ao longo da vida.
Somos seres sociais e, de uma forma geral, precisamos de nós sentir apreciados por quem está perto de nós. Nada de errado com isso, exceto quando essa necessidade de aprovação se torna imprescindível nas nossas vidas.
Eu sou alguém que precisa de relações saudáveis e estimulantes. É com elas que o meu crescimento pessoal é profissional se faz de forma mais produtiva.
Por natureza lido mal com ambientes hostis, ou pelo menos onde a crítica seja fácil. E isso é muitas vezes causa de desmotivação e muito cansaço. Também por causa disso mesmo tenho tendência a tentar ser apreciada a todo o custo o que sempre deu mau resultado.
Uma das grandes conquistas destes últimos meses (aka um ano) tem sido exatamente aprender a apreciar a minha companhia. Mesmo quando tenho à minha volta um mar de gente que me deixa pouco segura.
Não é a minha praia, não gosto de conflitos mas sinto-me mais tranquila e mais segura de mim quando tenho de assumir as minhas diferenças e saber que mesmo estando sozinha terei sempre o meu apoio e a minha companhia. A verdade é que ser capaz de se bastar a si próprio, de se sentir bem na sua própria companhia não têm preço.
Não digo com isto que tenhamos de ser antissociais, simplesmente que a máxima "mais vale só do que mal acompanhado" é verdadeira. E que muitas vezes mais vale 10 minutos de paz consigo próprio que 30 acompanhado por quem não vale a pena.
E vocês preferem a companhia de quem pouco vos acrescenta ou são mais do género solitário?
Neste blog, apesar de assumir a minha profissão, nunca falei sobre ela e muito menos falei sobre o meu trabalho em hospital.
Meio que a pedido do Triptofano!, que me me fez a sugestão de escrever sobre a minha experiência em tempos de COVID 19, achei que talvez fosse pertinente partilhá-la convosco.
Quero deixar claro que esta é a minha opinião pessoal e a minha experiência e que poderão ouvir tantos relatos diferentes como o número de pessoas que trabalham em hospitais em todo o Mundo. Ainda para mais a minha realidade é a francesa, cujos números foram muito mais elevados do que os de Portugal e num enorme centro urbano.
Em primeiro lugar lamento se desiludo alguns mas não vou romantizar as coisas dizendo que sofri como nunca no trabalho. É verdade que houve "tensão", que se assistiram a situações gravíssimas e muito particulares e que o risco de contágio nos meteu medo mas trabalhar num hospital é isso mesmo.
Já vi coisas verdadeiramente atrozes dentro daquele hospital, já estive em contacto com patologias bastantes graves e onde a proteção necessária é a mesma e já me passaram muitos pacientes pelas mãos que acabaram por morrer. Já massajei e vi massajar gente em paragem cárdio-respiratória, já assisti à colocação de assistências cardiacas em catástrofe e no quarto e colocar doentes de barriga para baixo não é propriamente uma prática "nova".
Já chorei muitas vezes depois de sair de um quarto ou precipitei o fim da sessão porque as lágrimas me estavam a chegar aos olhos.
Usar máscara é algo que faço todos os dias desde sempre e praticamente o dia inteiro. A única diferença é que agora a tiro 5 minutos para comer, não bebo água o dia inteiro e uso as famosas FFP2 por mais de 10 horas (coisa que acharia impensável aqui à uns dias). Ainda para mais, por razões de stock, tivemos restrições ao uso de material e não podemos trocar tantas vezes como as recomendadas o que me faz tentar preservar a sua segurança o mais possível não a manipulando nem quando a língua parece cortiça de tanta sede...
Trabalhar num hospital em tempos de COVID-19 teve como diferença o facto de termos de ser capazes de lidar com as mudanças e as "trocas e baldrocas" necessárias, com a criação dos chamados "serviços de crise" (alguns nem nunca chegaram a abrir), a redução significativa de doentes programados...
Significa discordar das opiniões das hierarquias, assumir um papel de liderança e educação em relação a colegas, pacientes e outros profissionais de saúde e juntar-se aqueles que, tal como nós, procuram melhorar práticas e proteger-se a si e aos seus pacientes o melhor possível.
Trabalhar em hospital significa que temos de assumir que TODOS os doentes podem ser "portadores sãos" do vírus e não apenas aqueles que têm testes positivos, que temos de ser vigilantes às regras de higiene que conhecemos de côr, porque sempre as usámos. É saber perfeitamente que o ventilador não "cura" ninguém e que o "utilitarismo" na atribuição dos mesmos é uma realidade de antes, durante e depois do COVID.
Que nem todos os que entram são testados à entrada porque uma urgência vital continua a ser uma urgência vital e que uma intervenção cirúrgica "de vida ou morte" não pode esperar por um resultado laboratorial.
Significa que lidamos com doentes infetados por inadvertência porque não eram "positivos", com doentes positivos em consciência (e rezando para que os EPIs façam o seu trabalhinho porque, deixemo-nos de tretas, aquilo falha, pode ter defeito e é preciso ter muito cuidado com a sua manipulação porque contaminações por inadvertência acontecem) e sem direito a crises de pânico nem a coisa que o valha. Trabalho é trabalho e têm de ser feito!
É ter muito medo por ver "o comum dos mortais" a usar uma máscara, muitas vezes mal posta e manipulada sem cuidado, ou ver pessoas com luvas de nitrilo a esfregarem os olhos e o nariz porque se sentem protegidas quando só estão a fazer asneiras e não há nada que substitua uma boa lavagem das mãos. Nem vamos falar da utilização da solução hidro-alcoolíca...
É ouvir vozes indignadas porque "não ouviste a explicação sobre as máscaras que eles deram na televisão?" e o ainda mais irritante "mas a sério que ainda vais trabalhar?!" como se tivessemos escolha.
Trabalhar num hospital nesta altura é conhecer "montes" de gente infetada, é desconhecer o conceito de "quarentena" (senão já não havia ninguém por lá...), é ter medo de infetar a família mas ao mesmo tempo apreciar o tempo passado em casa mais do que nunca e ter dias de maldizer, em voz baixa, as pessoas que se queixam de estar em teletrabalho e que têm ataques de pânico por ter de ir ao supermercado...
É estudar e estudar para se saber como intervir da melhor forma possível minimizando os riscos da intervenção (em fisioterapia respiratória uma boa parte da nossa intervenção é passível de gerar os tão temidos aerossóis seja pela manipulação de oxigénio, pelos mecanismos de ventilação ou pelo simples facto de fazer um doente soprar).
É contar anedotas parvas sobre o assunto, tirar um doutoramento em piadas de gosto duvidoso e achar "falta de chá" quem se indigna com este tipo de graçolas através das redes sociais e no conforto do sofá da sala...
É ter o coração apertadinho por ouvir histórias de solidão de quem está internado há muitos dias, de quem acabou de fazer uma operação muito pesada e que precisa do apoio da família mais do que nunca e que têm de se conformar com um quarto de hospital e com os profissionais que estão em condições de o ouvir, a ele e a todos os outros.
É compreender que a solidão mata mais do que o vírus e achar que devia ser dado à "pessoa de risco" o direito de escolher se quer correr riscos ou não.
É cruzar a única pessoa que pode vir despedir-se do seu familiar que está a dar o último suspiro numa cama de cuidados intensivos (se ele não for positivo no teste, claro).
Ser profissional de saúde é ter de "levar" com o medo de ficar infetado dos seus amigos, especialmente aqueles que acham que correm perigo de vida só de vir à janela. É já não poder ouvir falar dos dados da DGS, dos vizinhos que estão na rua ou da Tia Maria que não respeita o confinamento.
É sentir que todos acham que estamos em segurança porque temos material de proteção e sabemos exatamente ao que vamos, o que garanto-vos, nem sempre é verdade. É ter medo de perceber que aqueles de quem gostamos são os que têm mais medo da nossa presença.
É ver as pessoas a fazerem "passeios higiénicos" e sentir-se um criminoso por ter vontade de fazer o mesmo porque nós, no decorrer das nossas obrigações profissionais e porque não podemos ficar em casa, estivemos em contacto com pessoas infetadas.
É ouvir as "palmas" às oito da noite mas também histórias de gente que foi ameaçada para sair de casa pelos vizinhos que têm medo de ficar infetados por tocar a mesma maçaneta de porta ou obrigada a deixar a casa onde vive com os pais por exigência dos irmãos e ver-se na rua sem ter um teto para onde ir mas com uma profissão de enfermeiro para enfrentar.
É também ouvir histórias agradáveis de gente solidária (porque as há) e receber mais miminhos do que nunca.
É medir a temperatura três vezes ao dia só porque sim, já ter tido todos os sintomas e mais alguns da doença e depois perceber que são apenas fruto da nossa imaginação...
É perceber que, apesar de tudo a vida têm de continuar e as pessoas continuam a morrer de outras coisas e é colocar-se as perguntas do género "mas se normalmente temos os serviços cheios de outras coisas igualmente graves e até mais vitais onde estão essas pessoas agora?" e é ver uma unidade COVID fechar e, em menos de 24 horas, essas mesma unidade encher-se novamente de enfartes do miocárdio, paragens cardio-respiratórias ou síndromas respiratórios agudos (não relacionados com a COVID 19) e é colocar-se ainda mais questões...
É ter medo pelo desconfinamento mas também dos problemas de saúde mental que já começam a surgir, pelas pessoas que recusam operações com graus de urgência elevados porque têm medo de "apanhar o bicho" e desconfiar que há muita gente que não procura assistência por receio e acaba por piorar uma situação que, se tivesse sido diagnosticada a tempo, poderia não ter sido tão grave ou mesmo fatal.
É prometer a si mesmo que, se um dia um filho nos diz que quer ser médico, fisioterapeuta ou enfermeiro, os iremos proibir de seguir essa via, chegando ao ponto de os trancar num quarto se for preciso.
É saber que, tal como todas outras doenças mortais mas das quais pouco se fala, esta continuará a fazer parte da nossa realidade mesmo quando deixar de fazer parte da realidade de todos os outros... E mesmo assim seguir em frente porque, com vírus ou sem ele, a vida deve continuar!
(ou para casais que trabalham juntos... como foi o nosso caso)
Com a "quarentena" foram muitos os casais que se viram obrigados a conviver 24 sobre 24 horas juntos. O que pode nem sempre ser fácil especialmente quando estamos sujeitos ao stress do teletrabalho, ao medo do desconhecido e à ansiedade de ver os planos e objetivos parados.
Por aqui não foi excepção e, apesar de não estarmos em teletrabalho, temos alguma experiência do que é trabalhar juntos, o que nos permite saber o que é conviver com o outro o dia inteiro e lidar com todos os fatores negativos e positivos que daí advém.
Apesar do fim do estado de emergência e de podermos pouco a pouco retomar as atividades profissionais, ainda vamos ser "convidados" a ficar em casa por bastante tempo achei pertinente partilhar convosco algumas estratégias que fomos melhorando ao longo dos anos e que nos permitem manter uma relação equilibrada e saudável.
- Ser Paciente:
Ser paciente é a primeira regra de qualquer relação e torna-se particularmente importante quando passamos por momentos de tensão. O segredo é não tomar como pessoal uma resposta um bocadinho mais seca ou uns momentos de silêncio e dar espaço ao outro para se acalmar sozinho.
Nem sempre é fácil mas é muito eficaz.
- Escutar:
Cá por casa eu sou daquelas que nunca me calo mas tenho uma certa tendência para não escutar ou interromper. Apesar disso nunca ter sido uma real fonte de conflito foram várias as vezes em que acabei com uma conversa exatamente assim...
Não ouvir o que nos dizem é chato e pode mesmo demonstrar falta de interesse. Por isso, se gostam tanto de falar como eu, prestem atenção a este ponto.
- Atividades em conjunto:
Fazer algumas atividades juntos é extremamente enriquecedor para qualquer casal.
No entanto é importante que essas atividades correspondam aos dois e, se não for o caso, que se encontre um compromisso do género hoje vemos o filme que tu queres, amanhã vemos a peça de teatro que eu quero. A ideia é ser ganhador-ganhador e nunca um a minimizar os seus desejos aos do outro.
- Espaço pessoal:
Aqui está um dos pontos que me parecem mais dificeis de gerir para um casal, especialmente quando não têm o hábito de passar tanto tempo juntos.
Como trabalhávamos juntos, desde cedo percebemos que cada um precisava do seu tempo e das suas atividades sozinho e que isso não faz mal nenhum, antes pelo contrário. Por isso aqui em casa não é inabitual estar cada um envolvido na sua atividade durante algum tempo e isso dá-nos a possibilidade de pensar e aliviar as tensões do dia a dia e aproveitar realmente o tempo em conjunto sem "nuvens negras".
- Interesses diferentes:
Um bocadinho no seguimento do que foi dito anteriormente é importante que cada um cultive os seus próprios interesses.
Dando o nosso exemplo pessoal por aqui enquanto ele é mais matemáticas, lógicas, geopolítica e engenharias os meus interesses são mais nas áreas da psicologia, sociologia, ética, decoração e coisas de miúdas (roupas, perfumes, etc...). E isso, ao contrário de nos criar problemas, permite-nos diálogos sobre temas e descobertas bastantes interessantes.
E por aí, quais as estratégias para manter a dinâmica de casal a funcionar mesmo em tempos de "proximidade excessiva"?
Este desafio foi-me lançado pela Rute, à qual agradeço desde já, e eu vou desafiar a Zé para o cumprir! Proponho-lhe escrever um texto utilizando a letra I e respeitando a alinea c).
AS REGRAS 1. a história só poderá ter, no máximo, até 200 palavras.
2. o blog que desafia terá de escolher uma das três seguintes restrições:
a. qual o lipograma (texto que se constrói prescindindo de alguma letra do abecedário) para tornar a escrita mais criativa. exemplos? não pode ser utilizada a letra "L". isto pode ser aplicado no texto todo, numa só frase, ou num parágrafo, consoante o grau de dificuldade que procurarmos. da mesma forma, omitir vogais é mais difícil do que omitir consoantes.
b. escolher uma palavra específica que se queira ver incluída no texto, qualquer que seja o tema escolhido posteriomente pelo blog desafiado. o objetivo é que, apesar disto, a história não perca o nexo. também aqui, quanto mais incomum for a utilização da palavra, mais difícil será. exemplo? "esferovite".
c. o texto não poderá incluir a palavra relativa ao tema. exemplo? se o blog que ficar responsável pela letra "c" quiser escolher o tema corona, mas se o blog que o desafiou tiver escolhido esta terceira restrição, então ao longo do texto não pode ser usada essa mesma palavra.
Quem escrever sobre um tema de letra "A" fica responsável por dar seguimento e desafiar outro blog diferente, deixando claro qual a restrição que quer. o blog que for então desafiado a escrever sobre um tema que comece pela letra seguinte (neste caso, "B") terá liberdade para escolher a palavra que servirá de base ao tema, tendo em atenção a restrição que foi sugerida pelo blog anterior. daqui seguir-se-á para as seguintes letras até terminarmos o desafio na letra "Z".)
O Dia da Mãe está a chegar e, em primeiro lugar, quero felicitar-vos a todas pelas mamãs maravilhosas que são!
Apesar de não ter filhos acompanho de perto muitas amigas, mães de primeira ou segunda viagem, que se culpabilizam por não serem perfeitas e acabam por se esquecer delas próprias na ânsia de não poupar atenções aos filhos.
E esse tempo para elas mesmas faz-lhes falta porque lhes permitiria alguma estabilidade emocional e bem estar. No entanto o tempo parece escassear e o dia não chega para nada...
Se é também este o vosso caso deixo-vos aqui 5 atividades que não te ocuparam muito tempo ou que podes realizar ao mesmo tempo que preparas o jantar ou tratas da roupa e que te permitiram ter uns minutinhos para ti. Porque se investires uns minutinhos por dia em ti ganharás como mulher, como mãe e como esposa.
Prontas?
- Cria uma Playlist dedicada a ti: Todos nós temos aquelas músicas que nos fazem bem, que nos permitem alguns instantes de evasão. O que te proponho é que coloques todas essas músicas que adoras e que te fazem bem numa mesma playlist que podes ouvir sempre que precisares de um boost de energia positiva.
- Ouve um podcast: Os podcasts são, tal como a música, passiveis de ser ouvidos até quando estamos a fazer outra coisa. Ainda por cima têm a vantagem de ser gratuitos e podes escolher aqueles cujos temas te interessam realmente e que te fazem bem.
- Tempo do banho "sagrado": Uma das queixas mais comuns das mamãs é o facto de "nem na casa de banho terem tempo para elas". Parece-me a mim, no entanto, que aqueles 10 minutos em que tomamos um duche quente e tratamos um bocadinho de nós podem ser vitais para aumentar o nosso bem estar e estarmos assim mais disponíveis para a vida familiar.
- Escreve as três melhores coisas do teu dia: Escrever pode ser libertador e, quando nos focamos no positivo, esta atividade ganha ainda mais força. Ainda por cima é algo que pode ser feito em apenas alguns minutos.
- Sonhar acordada: Tirar 5 minutos para fechar os olhos e imaginar-se num local que gostemos pode ser uma verdadeira fonte de prazer e de calma. Os resultados são garantidos e a família agradece!
E por aí qual o segredo das mamãs para terem algum tempo para si próprias.